quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Partidos desapontados na reunião com a troika. "Austeridade" continua a ser a receita

 

Cláudia Reis – Jornal i
 
Os deputados dos principais partidos políticos reuniram-se esta quinta-feira com os elementos da troika. Adolfo Mesquita Nunes, do CDS-PP, alertou para a necessidade de o governo e a troika encontrarem mecanismos de redução estrutural do défice e da despesa do Estado garantindo que vai expor esta posição por escrito pra "evitar equívocos".
 
"Estas preocupações de redução estrutural do défice e da despesa, e de não nos limitarmos apenas a uma redução nominal, vão ser expressas, ao contrário do que o que sucedeu nas anteriores reuniões, pelo CDS por escrito à troika, evitando assim equívocos como aqueles que sucederam na anterior avaliação", disse Mesquita Nunes.
 
“É preciso consenso sobre a forma de atingir os objectivos a que o governo se propõe, sobretudo no que respeita à redução estrutural do défice e da despesa”, afirmou.
 
O deputado defendeu ainda que a negociação "técnica e política" deve envolver todos os partidos "do arco da governabilidade, nomeadamente o Partido Socialista" apelando para que exista "o maior consenso possível".
 
Ana Drago, do Bloco de Esquerda, disse que o partido está “muitíssimo preocupado” com o rumo que o programa de austeridade está a tomar, acrescentando que “este programa está a sufocar a economia e a contribuir para o decréscimo do rendimento das famílias”.
 
“Chegámos ao consenso de que é preciso pôr fim a esta política de austeridade”, sublinhou.
 
A deputada do Bloco de Esquerda destacou ainda o facto de esta política de austeridade prever “mais criação de desemprego”.
 
No final, Ana Drago disse notar “uma estranheza na forma como estas reuniões decorrem”, destacando que os elementos da troika fazem “chantagem com o povo português entre o cumprimento e o financiamento”.
 
Já o PCP, questionou a troika sobre o corte de quatro mil milhões de euros criticando-a pelo facto de ter tido o descaramento "de dizer que se os portugueses quisessem viver com o nível de vida dos europeus têm de aceitar agora viver pior".
 
Miguel Tiago, o deputado do PCP escolhido para participar na reunião com a troika, disse ainda que os técnicos do FMI, BCE e Comissão Europeia avisaram os deputados de que "Portugal não tem de escolher, tem de cumprir".
 
"Uma vez mais a troika foi muito clara quanto ao cumprimento do pacto de agressão", sublinhou Miguel Tiago.
 
O PS, na voz de Basílio Horta, também saiu desapontado da reunião, dizendo que continua a valer a "austeridade sobre austeridade" e que "não há nenhuma alteração" na receita da troika.
 
"Existe uma convicção de que este é o caminho. Que nos digam então onde está a esperança, perante o abismo onde estamos a cair", terminou.
 
Basílio Horta aproveitou o momento para deixar um recado ao governo: "Sabemos que é necessário ter uma dívida com a qual possamos conviver mas sabemos que o caminho para atingir os objectivos não é somar austeridade à austeridade".
 
Distanciando-se do discurso de austeridade apontado pela maior parte dos partidos, o PSD, através de Miguel Frasquilo, afirmou que a troika demonstrou uma "grande abertura" para considerar medidas de apoio como a descida do IRC para 10% para novos investimentos.
 
Mais do que falar em austeridade, Frasquilho preferiu falar em ajustamento garantindo "o total comprometimento da parte do governo de seguir o caminho de ajustamento".
 
"Recebemos da parte das instituições uma abertura grande para nesta parte dedicada ao funcionamento da economia e ao apoio ao investimento, ao crescimento e criação de emprego, uma grande abertura para que possam ser consideradas medidas que o próprio governo tem vindo a manifestar, e recordo por exemplo como o próprio governo tem vindo a exemplificar a possibilidade da taxa de IRC poder ser reduzida para novos investimentos", disse o deputado social-democrata.
 

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