Cláudia Reis – Jornal i
Os deputados dos
principais partidos políticos reuniram-se esta quinta-feira com os elementos da
troika. Adolfo Mesquita Nunes, do CDS-PP, alertou para a necessidade de o
governo e a troika encontrarem mecanismos de redução estrutural do défice e da
despesa do Estado garantindo que vai expor esta posição por escrito pra
"evitar equívocos".
"Estas
preocupações de redução estrutural do défice e da despesa, e de não nos
limitarmos apenas a uma redução nominal, vão ser expressas, ao contrário do que
o que sucedeu nas anteriores reuniões, pelo CDS por escrito à troika, evitando
assim equívocos como aqueles que sucederam na anterior avaliação", disse
Mesquita Nunes.
“É preciso consenso
sobre a forma de atingir os objectivos a que o governo se propõe, sobretudo no que
respeita à redução estrutural do défice e da despesa”, afirmou.
O deputado defendeu
ainda que a negociação "técnica e política" deve envolver todos os
partidos "do arco da governabilidade, nomeadamente o Partido
Socialista" apelando para que exista "o maior consenso
possível".
Ana Drago, do Bloco
de Esquerda, disse que o partido está “muitíssimo preocupado” com o rumo que o
programa de austeridade está a tomar, acrescentando que “este programa está a
sufocar a economia e a contribuir para o decréscimo do rendimento das
famílias”.
“Chegámos ao
consenso de que é preciso pôr fim a esta política de austeridade”, sublinhou.
A deputada do Bloco
de Esquerda destacou ainda o facto de esta política de austeridade prever “mais
criação de desemprego”.
No final, Ana Drago
disse notar “uma estranheza na forma como estas reuniões decorrem”, destacando
que os elementos da troika fazem “chantagem com o povo português entre o
cumprimento e o financiamento”.
Já o PCP,
questionou a troika sobre o corte de quatro mil milhões de euros criticando-a
pelo facto de ter tido o descaramento "de dizer que se os portugueses
quisessem viver com o nível de vida dos europeus têm de aceitar agora viver
pior".
Miguel Tiago, o
deputado do PCP escolhido para participar na reunião com a troika, disse ainda
que os técnicos do FMI, BCE e Comissão Europeia avisaram os deputados de que
"Portugal não tem de escolher, tem de cumprir".
"Uma vez mais
a troika foi muito clara quanto ao cumprimento do pacto de agressão",
sublinhou Miguel Tiago.
O PS, na voz de
Basílio Horta, também saiu desapontado da reunião, dizendo que continua a valer
a "austeridade sobre austeridade" e que "não há nenhuma
alteração" na receita da troika.
"Existe uma
convicção de que este é o caminho. Que nos digam então onde está a esperança,
perante o abismo onde estamos a cair", terminou.
Basílio Horta
aproveitou o momento para deixar um recado ao governo: "Sabemos que é
necessário ter uma dívida com a qual possamos conviver mas sabemos que o
caminho para atingir os objectivos não é somar austeridade à austeridade".
Distanciando-se do
discurso de austeridade apontado pela maior parte dos partidos, o PSD, através
de Miguel Frasquilo, afirmou que a troika demonstrou uma "grande
abertura" para considerar medidas de apoio como a descida do IRC para 10%
para novos investimentos.
Mais do que falar
em austeridade, Frasquilho preferiu falar em ajustamento garantindo "o
total comprometimento da parte do governo de seguir o caminho de
ajustamento".
"Recebemos da
parte das instituições uma abertura grande para nesta parte dedicada ao
funcionamento da economia e ao apoio ao investimento, ao crescimento e criação
de emprego, uma grande abertura para que possam ser consideradas medidas que o
próprio governo tem vindo a manifestar, e recordo por exemplo como o próprio
governo tem vindo a exemplificar a possibilidade da taxa de IRC poder ser
reduzida para novos investimentos", disse o deputado social-democrata.
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