Jornal i - Lusa
O advogado de dois
jovens detidos na quarta-feira durante os protestos em frente ao parlamento, em
Lisboa, acusou hoje as autoridades de comportamento "inaceitável" ao
mantê-los incomunicáveis durante horas para depois os libertar sem qualquer acusação.
Em declarações à
agência Lusa, José Preto afirmou que "os rapazes foram detidos
materialmente, apesar de a polícia afirmar que não os deteve, só os
identificou, e ficaram pouco menos de seis horas numa cela coletiva em Monsanto
para serem depois libertados com uma mera 'pseudo-identificação', uma vez que
estavam identificados desde o início".
O advogado afirmou
que demorou várias horas a descobrir onde os jovens estavam detidos e que estes
foram impedidos de contactar as famílias enquanto estiveram em Monsanto.
José Preto
considerou que se tratou de um comportamento "absolutamente
inaceitável" de "uma violação das regras da decência, que parece ter
um objetivo claro: incomodar as pessoas que se manifestam para que estas não
voltem a manifestar-se".
Segundo o
causídico, um dos jovens foi detido perto da Assembleia da República, onde
decorreu a manifestação que acabou com uma carga policial depois de um grupo de
manifestantes ter apedrejado os agentes do Corpo de Intervenção durante cerca
de uma hora.
Este jovem,
indicou, estava "magoado e esteve sem assistência" durante o tempo em
que esteve detido. O outro, relatou, "foi detido numa esplanada do Cais do
Sodré", longe do local da manifestação.
"Andei à
procura deles, da Cintura do Porto de Lisboa para o Calvário e depois desisti.
Só depois alguém me informou que estariam em Monsanto, e isto porque o ouviram
de um jornalista", contou.
Questionado sobre a
possibilidade de agir contra a PSP pela sua atuação e pela "violação
completa de regras", José Preto afirmou que devia ser "o Ministério
Público a reagir".
"Acho que as
pessoas deviam começar a parvoíce própria dos agentes responsáveis e
processá-los diretamente no plano cível", acrescentou.
Segundo um balanço
da PSP, nove pessoas foram detidas e outras 21 identificadas na sequência dos
confrontos ocorridos na quarta-feira junto à Assembleia da Republica.
Em conferência de
imprensa, o intendente Luís Elias, segundo comandante do comando metropolitano
de Lisboa (COMETLIS), disse que "a intervenção policial, face aos
comportamentos violentos de alguns manifestantes foi a necessária, adequada,
proporcional e devidamente concretizada”.
O oficial adiantou
que “foi inevitável e indispensável” a intervenção da polícia devido “à
intensidade e duração” dos atos violentos de alguns manifestantes.
“Tentámos gerir
todo o policiamento no sentido de garantir alguma seletividade nas detenções e,
quando se tornou de todo insustentável, face à repetição dos atos violentos, a
PSP teve que utilizar uma metodologia de vaga de dispersão e tentar efetuar
detenções seletivas por parte de alguns dos suspeitos que estavam já
referenciados”, sublinhou.
A carga policial
após o constante arremesso de pedras contra os elementos do Corpo de
Intervenção, provocou 48 feridos, dos quais 21 são elementos da PSP e 27
manifestantes.
Dos confrontos
resultaram ainda danos nos escudos de proteção da polícia, fardamento, outro
equipamento de proteção e viaturas policiais, além de se terem registado ainda
incêndios e danos em mobiliário urbano, pavimentação, contentores e sinais de
trânsito, segundo a PSP.
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