Jornal i - Lusa
A Amnistia
Internacional Portugal condenou hoje o "uso excessivo e desproporcional de
força" da polícia na carga policial para dispersar os manifestantes que
protestavam "pacificamente" em frente ao parlamento na quarta-feira e
pediu um inquérito ao Governo.
Em comunicado
enviado à agência Lusa, a Amnistia Internacional Portugal refere que os
manifestantes "exerciam o seu legítimo direito de protesto", depois
da greve geral convocada pela CGTP, à qual aderiram movimentos sociais, contra
as políticas de austeridade.
"Com base em
testemunhos recolhidos pela Amnistia Internacional Portugal e informação obtida
junto de meios de Comunicação Social e através das redes sociais, a AI
considera que elementos do corpo de intervenção da PSP actuaram de forma
desproporcional".
A Aministia
Internacional Portugal acusa as forças de segurança de recorrerem
"indiscriminadamente ao bastão, não só para dispersar, mas, também, para
perseguir manifestantes que protestavam pacificamente, tendo atingido várias
pessoas com violência, sobretudo na cabeça, no pescoço e nas costas",
salienta-se no documento.
"A Amnistia
Internacional Portugal não deixa, porém, de assinalar a ocorrência, reprovável,
de comportamentos violentos por parte de um pequeno grupo de manifestantes,
como o arremesso de pedras e de petardos contra elementos das forças
policiais", acrescenta-se, requerendo-se ao Ministro da Administração
Interna que ordene a abertura de um inquérito às circunstâncias em que decorreu
a actuação policial.
A AI Portugal
pretende ainda que sejam apurados "os termos em que foram efectuadas
detenções, nomeadamente se foram observados todos os direitos
constitucionalmente garantidos dos detidos, como o esclarecimento sobre os
motivos da detenção e o acesso imediato a um representante legal".
Às 18:20, a polícia
carregou sobre os manifestantes que se encontravam no largo em frente à
Assembleia da República desde as 17:00, a arremessarem pedras da calçada contra
as forças policiais.
A multidão
dispersou pelas ruas limítrofes e, na avenida D. Carlos I, a polícia realizou
meia dúzia de disparos, para dispersar os manifestantes que se tinham
concentrado naquela artéria, depois de terem sido afastados do largo junto ao
parlamento.
Nas ruas adjacentes
à avenida D. Carlos I registaram-se pequenas escaramuças entre manifestantes e
polícias, continuando o arremesso de pedras contra os agentes da PSP.
Numa fuga
desordenada e perseguidos pelas forças de segurança, os manifestantes saíram da
avenida D. Carlos I em direção à avenida 24 de julho correndo entre os carros
que circulavam nas faixas de rodagem.
Os manifestantes
acabaram por encontrar refúgio nas estações de comboios e do Metro no Cais do
Sodré e 15 foram detidos, jovens dos sexos masculino e feminino.
Dos confrontos
resultaram nove detidos, que vão hoje a tribunal, 21 pessoas identificadas e 48
feridos entre polícias e manifestantes.
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