Deutsche Welle
Durante dias, a
dentista indiana Savita Halappanavar implorou pela interrupção cirúrgica de sua
gravidez. Médicos, apoiados na legislação do "país católico",
deixaram que ela morresse. População exige mudança.
Segundo estimativas
policiais, entre 10 mil e 12 mil pessoas foram às ruas da capital irlandesa,
Dublin, neste sábado (17/11), numa passeata pró-aborto. Elas portavam cartazes
com dizeres como "nunca mais" e "chega de tragédias", assim
como a foto da indiana Savita Halappanavar.
"País católico"
A dentista de 31
anos faleceu no final de outubro, em consequência de uma septicemia, depois que
o hospital universitário da cidade de Galway se recusou a submetê-la a um
aborto. Grávida de 17 semanas, Halappanavar procurara a instituição com fortes
dores nas costas, acompanhada pelo marido.
Segundo este, os
profissionais revelaram que ela estava prestes a ter um aborto espontâneo, mas
se recusaram a realizar uma intervenção, reportando-se à legislação nacional. Enquanto
Savita Halappanavar implorou por um aborto durante vários dias, os médicos
argumentavam que a Irlanda é "um país católico".
Ainda segundo o
marido, a interrupção da gravidez só foi executada quando o coração do embrião
parou de bater. Mas aí já era tarde demais para salvar a vida da dentista. As
autoridades irlandesas estão investigando a ocorrência.
Lei implacável
Em Dublin, foi
feita uma homenagem em memória de Halappanavar com um minuto de silêncio,
diante da sede do governo da primeira-ministra Enda Kenny.
Centenas de
moradores de Galway, no oeste irlandês, também se reuniram na noite do sábado
(17/11) para uma vigília à luz de velas, apesar do frio extremo. Uma das
participantes da manifestação, Margaret Geraghty, lembrou que 50 anos atrás uma
mãe morreu sob circunstâncias semelhantes. "Mal posso acreditar que uma
coisa assim possa acontecer hoje em dia", comentou.
No país
predominantemente católico, a interrupção da gravidez continua sendo tabu. Um
veredicto do Supremo Tribunal, de 1992, determinou que o aborto seria, de fato,
lícito quando a vida da mãe se encontre em perigo eminente. Porém, até hoje a
legislação não foi ajustada à jurisprudência. Há algum tempo, os ginecologistas
da Irlanda já vêm reivindicando o preenchimento dessa lacuna na lei.
AV/afp,dapd,kna - Revisão:
Soraia Vilela
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