segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Cabo Verde/Portugal: PASSOS DÁ "BENÇÃO" E SENTE-SE EM "CASA"... MAS REGRESSA

 


Passos Coelho "abençoou" barragem da Faveta
 
03 de Dezembro de 2012, 17:46
 
José Sousa Dias (texto) e António Cotrim (fotos), da agência Lusa
 
Faveta, Cabo Verde, 03 dez (Lusa) - A barragem da Faveta não tem a dimensão da do Alqueva, em Portugal, mas vai permitir a irrigação de grande parte do interior da ilha de Santiago, em água potável e para a agricultura, devendo estar terminada dentro de um ano.
 
As obras foram visitadas hoje pelo primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, que, acompanhado pelo homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, que pôde assistir à edificação de uma infraestrutura que, com verbas da cooperação portuguesa, poderá permitir criar 16.000 postos de trabalho diretos e indiretos, além dos ganhos energéticos e agrícolas.
 
A infraestrutura está situada próximo da localidade homónima, no concelho de São Salvador do Mundo, interior de Santiago, e é uma das quatro que o Governo de Cabo Verde está a construir na ilha, em que as obras de três delas estão a cargo da sucursal cabo-verdiana da empresa portuguesa Monte Adriano e a quarta da Conduril, também portuguesa.
 
A linha de crédito para infraestruturas em prol do desenvolvimento em Cabo Verde, no valor de 200 milhões de euros, foi disponibilizada em 2009 por Portugal, e está a permitir que, só na ilha de Santiago, estejam a ser construídas mais duas - Tabugal (Santa Catarina) e Salineiro (Ribeira Grande).
 
Segundo o Governo cabo-verdiano, as três barragens, que se juntarão à do Poilão (construída em 2006 pela China), irão mudar Cabo Verde, país que não dispõe de grandes quantidades de água no subsolo, fruto da pequena época das chuvas no arquipélago - entre julho e outubro.
 
No entanto, e curiosamente, hoje, em pleno novembro, a chuva apareceu durante a visita dos dois chefes de governo, o que motivou gracejos dos poucos populares e de alguns trabalhadores da obra, que disseram que Passos Coelho "abençoou" a barragem.
 
As cinco barragens de Santiago vão juntar-se, até 2017, a outras 12, ou já em curso ou em fase de projeto, espalhadas pelas restantes oito ilhas habitadas e que vão permitir "mudar de cor" ao arquipélago.
 
O objetivo, paralelamente, é desenvolver a agricultura, pecuária, indústria agroalimentar, turismo e transportes em regiões carenciadas, o que permitirá melhorar as condições de habitabilidade, o acesso ao ensino, a saúde e aumentar o rendimento das famílias.
 
O projeto prevê ainda a construção de dezenas de diques e de cinco sistemas de bombagem de água, visando que se evite a perda de mais de 700 mil milhões de metros cúbicos de água por ano, com a retenção da proveniente das chuvas.
 
A construção das barragens transformará Cabo Verde de país em constante stress hídrico em um dos mais ricos em termos de água por habitante, alterando setores como a agricultura, abastecimento de água às populações e até travar o êxodo rural, criando condições para o desenvolvimento de várias áreas económicas no interior.
 
JSD. // SMA
 
Passos Coelho faz balanço "francamente positivo" da visita e diz-se "em casa"
 
03 de Dezembro de 2012, 19:42
 
Cidade da Praia, 03 dez (Lusa) - O primeiro-ministro português considerou hoje na Cidade da Praia que os três dias da visita efetuada a Cabo Verde foram "francamente positivos", indicando ter-se sentido "em casa" face à proximidade e intimidade entre os dois povos.
 
"O balanço é francamente positivo, não apenas pela cimeira bilateral (de domingo), que teve muito conteúdo político e económico", afirmou Pedro Passos Coelho aos jornalistas, no final de uma visita de cortesia ao chefe de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.
 
Segundo Passos Coelho, à margem da II Cimeira Portugal/Cabo Verde - foram assinados sete protocolos e dois acordos de cooperação no encontro realizado domingo no Mindelo, ilha cabo-verdiana de São Vicente -, houve a possibilidade de conhecer alguns projetos de desenvolvimento do arquipélago ligados à cooperação portuguesa.
 
"Foi também possível acompanhar de perto um conjunto de empreendimentos que têm um marcado sentido de desenvolvimento e de progresso em Cabo Verde, a que se associam empresas e esforços portugueses, o que é bastante gratificante", afirmou.
 
O chefe do executivo português salientou que tem havido "um bom aproveitamento das condições" postas à disposição de Cabo Verde pela cooperação portuguesa.
 
"Isso é um motivo de orgulho para os cabo-verdianos. (...) É também um motivo de satisfação, para quem é primeiro-ministro de Portugal, verificar que esse esforço tem também uma marca de profissionais, cidadãos e empresas portuguesas. Isso constitui um motivo para aproximar ainda mais os dois países e povos", acrescentou.
 
Questionado se ficou surpreendido com o calor humano que recebeu dos cabo-verdianos nos três dias de visita, Passos Coelho disse ter "todas as razões" para se sentir "em casa", aludindo ao facto de a sua mulher ter ascendência cabo-verdiana.
 
"Tenho todas as razões para me sentir em casa e não me senti uma única vez deslocado dessa realidade. A resposta é positiva, sim, há um calor humano muito grande, uma proximidade e uma certa intimidade entre as nossas sociedades e cidadãos", concluiu.
 
Passos Coelho, que antes do encontro com Jorge Carlos Fonseca, tinha efetuado uma visita, também de cortesia, ao presidente do Parlamento cabo-verdiano, Basílio Mosso Ramos, visitou, depois, o Centro Comum de Vistos da União Europeia (UE) na Cidade da Praia, inaugurado em maio de 2010.
 
O centro é um espaço dedicado ao tratamento de pedidos de visto Schengen, criado para quem pretende visitar os seis países que a ele aderiram - Portugal, Bélgica, Luxemburgo, Áustria, Eslovénia e República Checa -, projeto de 2,5 milhões de euros, financiado em 80 por cento pela UE.
 
O chefe do executivo português janta hoje em privado com o seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, regressando depois a Portugal, via ilha do Sal.
 
JSD. // SMA
 

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