Tiago Mesquita –
Expresso, opinião, em Blogues
É irónico assistir
à atribuição do prémio Nobel da Paz e, ainda que institucionalmente se
justificasse, vê-lo passar pelas mãos de Durão Barroso. É estranho e difícil de
entranhar. Não consigo esquecer-me do outro lado de Durão. Um lado menos
continental, mais salgado e atlântico. O lado açoriano de Barroso.
Quando Thorbørn
Jagland, presidente do Comité Nobel da Noruega, afirmou durante a entrega do
prémio que "a União Europeia ajudou a construir a fraternidade entre
nações e a promoção da paz que Alfred Nobel deixou como legado", não
falava certamente do contributo do presidente da Comissão Europeia. Não estaria
a referir-se ao apoio que este, em nome próprio e não dos portugueses, deu para
que a Guerra do Iraque tivesse vindo a ser uma triste realidade, com os
resultados que sabemos. Uma coligação de países cuja atuação foi sustentada e
desencadeada em mentiras dignas do argumento de um filme de Hollywood, como
veio a confirmar-se, e que envergonha todos os envolvidos.
Os fins, na altura,
justificaram todos os meios. Os protagonistas, os Bush e Blair desta vida, bem
como os que se puseram em bicos dos pés para terem visibilidade na fotografia
circunstancial de família, foram cúmplices de uma das maiores farsas da
política internacional. Em janeiro de 2012, contabilizavam-se cerca de 162 mil
vítimas, 80 por cento delas civis, desde o início da invasão em 2003, de acordo
com a ONG britânica Iraq Body Count (IBC). Que Paz é esta?
"O antigo
porta-voz de Tony Blair considerou "longo e pomposo" o discurso de Durão
Barroso na cimeira dos Açores, em 2003, realizada, no arquipélago, tanto quanto
se "recorda", por "ideia" do então primeiro-ministro
português, disse hoje à Lusa Alastair Campbell. "Presumo que a ideia foi
sua", afirmou, referindo-se ao antigo primeiro-ministro Durão Barroso
sobre a escolha do arquipélago português para a realização do encontro que
reuniu o Presidente dos Estados Unidos, George Bush, e os chefes de governo do
Reino Unido, Tony Blair, e de Espanha, Jose Maria Aznar." (Expresso, Maio
de 2009)
O 'mordomo' da
cimeira 'de guerra' dos Açores 2003 ostentou um prémio Nobel da Paz em 2012. O
mundo é uma anedota.
1 comentário:
O Yasser Arafat que recebeu o Prémio Nobel em 1994, também é o mesmo que promovia atentados terroristas em solo israelita nos anos seguintes!...
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