Margarida Bon de Sousa - Jornal i
Mota Soares corta
apoios de 14,5 milhões de euros a pensionistas dependentes. Mas Aguiar-Branco
continua a subsidiar viagens de militares e forças militarizadas na CP
Será que é desta
que a UGT abandona a Concertação Social, deitando por terra a imagem
transmitida pelo governo para o exterior de que as reformas têm tido um amplo
consenso nacional?
A redução das indemnizações
na rescisão dos contratos por mútuo acordo para 12 dias de compensação por cada
ano de trabalho está prestes a ser a gota de água num acordo cada vez mais
periclitante desta central com o executivo de Passos Coelho. Hoje o
secretariado nacional da UGT vai analisar a situação e no final João Proença
irá anunciar a sua posição sobre mais um pacote de cortes e reduções que vão
afectar trabalhadores e pensionistas. Entretanto, o PS, através do deputado
Nuno Sá, já veio dizer que a nova medida vai criar uma fractura na concertação
e um novo conflito social.
Menos apoios
Terça-feira, ao final da tarde, o ministro da Solidariedade Social anunciou uma
nova contracção da despesa na área que tutela, de pelo menos 14,5 milhões de
euros. Desta vez atinge os reformados totalmente dependentes com pensões acima
dos 600 euros, bem como o complemento por cônjuges a cargo, além do rendimento
social de inserção e outras prestações que o ministro ainda não especificou.
No mesmo dia, e na
mesma reunião, o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, viu aprovado o
pagamento à CP das reduções tarifárias no transporte ferroviário de passageiros
militares e das forças militarizadas, em vigor desde 1973.
Idosos As
alterações levadas pelo ministro da Solidariedade Social a Conselho de
Ministros têm como objectivo simplificar “a carga burocrática no âmbito da
atribuição destas prestações sociais”, disse Pedro Mota Soares.
Nas prestações por
morte, e no que respeita à protecção do domínio da dependência, “o complemento
por dependência de 1.o grau, que está indexado à pensão social e sofreu um
aumento de 4,2% no biénio 2012-2013, será salvaguardado apenas para os
pensionistas de menores recursos, bem como o complemento por cônjuge a cargo”,
lê-se em
comunicado. Também em 2013 haverá um corte adicional de 2,25%
no valor do complemento solidário para idoso, passando o limite dos rendimentos
para aceder a esta prestação para os 4909 euros por ano.
Uma mão às empresas
Em contrapartida, vai ser mais fácil às empresas reestruturarem-se, como
admitiu João Vieira Lopes, presidente da CCP, ao i. Isto porque vão ser
alargadas as quotas de acesso ao subsídio de desemprego em rescisões de quadros
por mútuo acordo, desde que as empresas mantenham o emprego líquido.
A medida vai servir
sobretudo para substituir trabalhadores mais qualificados a ganhar vencimentos
mais altos por outros, igualmente qualificados, mas por salários inferiores.
Isto acaba sempre por levar à saída dos colaboradores com mais anos de empresa.
12 dias
O
primeiro-ministro confirmou ontem, à entrada para uma reunião da concertação
sobre o Concelho Europeu de hoje, que o executivo vai mesmo avançar com uma
nova redução dos dias de indemnização por rescisão amigável dos contratos de
trabalho. Desta vez de 20 para 12, o tecto mais alto do intervalo da média
europeia.
Passos Coelho disse
que o projecto será discutido com os parceiros e dependerá da regulamentação do
fundo destinado ao pagamento destas compensações, financiado pelas empresas e
acordado no início deste ano em sede tripartida.
Ou seja, já em 2013
haverá três tipos de situações: a dos trabalhadores mais antigos, que
continuarão a receber 30 dias por cada ano de trabalho até 2012, os contratados
a partir daí, que já só receberão 20, e os que chegarem ao mercado de trabalho
no próximo ano ou mudem de emprego, os quais já só receberão 12. A medida
ameaça acabar com a paz podre que a UGT ainda vai mantendo na Concertação.
Nota Página Global: Já perdemos a conta a quantas vezes o secretário-geral da UGT, João Proença, declara a ameaça de romper o pacto social com o governo para depois acabar por se entender com o governo sem que daí advenham melhores condições para os trabalhadores, antes pelo contrário - os ataques do governo a quem trabalha, socialmente, são permanentes e continuam em crescendo. Assim irão continuar. Desta vez a UGT volta a fazer a ameaça... que vai dar em nada. Evidente "fogo de artificio". Uma vez mais ficamos na expetativa, apesar de prevermos o que vai voltar a acontecer. Mais do mesmo. (Redação PG)
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