João Manuel Rocha – Público, com
foto Miguel Madeira
Adriano Parreira
terá sido retido por ter pedido à Procuradoria portuguesa que investigue
destacadas figuras do regime de Luanda.
As autoridades
angolanas impediram Adriano Parreira, um antigo diplomata que apresentou em
Portugal queixa contra destacadas figuras do regime, de viajar para Lisboa,
noticiou o site informativo Club K.
Adriano Parreira
preparava-se para deixar Luanda a caminho de Portugal, quando, segunda-feira à
noite, os serviços de migração lhe retiveram os passaportes. Tem dupla
nacionalidade, angolana e portuguesa.
O auto de apreensão
inclui indicação para se apresentar no gabinete do Procurador Geral Adjunto da
República junto da Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal angolana.
A retenção do
ex-líder de uma já extinta pequena força política, o Partido Angolano
Independente, também professor universitário de História, estará, segundo o site
Club K, relacionada com um pedido feito à Procuradoria-Geral da República
portuguesa para investigar informações publicadas na imprensa que associam
figuras do círculo presidencial de Angola a casos de corrupção.
O actual
vice-Presidente da República, Manuel Vicente; o ministro de Estado e chefe da
Casa Militar, Hélder Vieira Dias, conhecido por Kopelipa; Leopoldino do
Nascimento, consultor de Kopelipa; e as filhas do chefe de Estado, José Eduardo
dos Santos, estariam entre as figuras sob investigação.
A denúncia inicial
terá sido de Adriano Parreira, antigo embaixador em Berna, considerado próximo
da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), principal força
política da oposição ao poder do MPLA (Movimento Popular de Libertação de
Angola). Foi há anos condenado a dois anos de prisão, por alegado desvio de
fundos.
Em meados de
Novembro, o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP)
português confirmou que estava a decorrer em Portugal uma investigação a
figuras do regime angolano, mas negou que estivessem “constituídos quaisquer
arguidos”.
A investigação
desagradou às autoridades angolanas. Num editorial, o Jornal de Angola escreveu
que o inquérito “prejudica as relações entre os dois países”.
O PÚBLICO tentou
falar com Adriano Parreira sem sucesso.
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