terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Ex-embaixador que denunciou corrupção em Angola impedido de viajar para Portugal

 


João Manuel RochaPúblico, com foto Miguel Madeira
 
Adriano Parreira terá sido retido por ter pedido à Procuradoria portuguesa que investigue destacadas figuras do regime de Luanda.
 
As autoridades angolanas impediram Adriano Parreira, um antigo diplomata que apresentou em Portugal queixa contra destacadas figuras do regime, de viajar para Lisboa, noticiou o site informativo Club K.
 
Adriano Parreira preparava-se para deixar Luanda a caminho de Portugal, quando, segunda-feira à noite, os serviços de migração lhe retiveram os passaportes. Tem dupla nacionalidade, angolana e portuguesa.
 
O auto de apreensão inclui indicação para se apresentar no gabinete do Procurador Geral Adjunto da República junto da Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal angolana.
 
A retenção do ex-líder de uma já extinta pequena força política, o Partido Angolano Independente, também professor universitário de História, estará, segundo o site Club K, relacionada com um pedido feito à Procuradoria-Geral da República portuguesa para investigar informações publicadas na imprensa que associam figuras do círculo presidencial de Angola a casos de corrupção.
 
O actual vice-Presidente da República, Manuel Vicente; o ministro de Estado e chefe da Casa Militar, Hélder Vieira Dias, conhecido por Kopelipa; Leopoldino do Nascimento, consultor de Kopelipa; e as filhas do chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, estariam entre as figuras sob investigação.
 
A denúncia inicial terá sido de Adriano Parreira, antigo embaixador em Berna, considerado próximo da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), principal força política da oposição ao poder do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola). Foi há anos condenado a dois anos de prisão, por alegado desvio de fundos.
 
Em meados de Novembro, o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) português confirmou que estava a decorrer em Portugal uma investigação a figuras do regime angolano, mas negou que estivessem “constituídos quaisquer arguidos”.
 
A investigação desagradou às autoridades angolanas. Num editorial, o Jornal de Angola escreveu que o inquérito “prejudica as relações entre os dois países”.
 
O PÚBLICO tentou falar com Adriano Parreira sem sucesso.
 

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