Rádio Moçambique
O governo e a
Renamo, maior partido da oposição, voltarão a reunir-se segunda-feira da
próxima semana para encontrar um denominador comum à volta das cinco questões
que estiveram na agenda do encontro havido hoje, em Maputo, mas que não
produziu resultados apreciáveis.
O próximo encontro
foi anunciado pelas partes no final da audiência que o governo concedeu a
Renamo, em resposta a um pedido formulado pelo partido da oposição no dia 22 do
passado mês de Outubro, manifestando seu desiderato nesse sentido.
Manuel Bissopo,
Secretário-geral da Renamo que também encabeça a delegação desta força política
ao encontro, disse que o seu partido apresentou fundamentalmente cinco questões
de relevo, nomeadamente a matéria da defesa e segurança, os processos eleitorais,
a exclusão no benefício dos ganhos da economia, a despartidarização do Estado e
o acesso a função pública.
“Estes pontos foram
apresentados ao governo e nós esperamos que dentro de um prazo de sete dias, a
partir de hoje, se pronuncie para o prosseguimento do processo ora iniciado”,
disse Bissopo, apontando que a Renamo quer que o próximo encontro tenha lugar
em qualquer província da região centro do país, a escolha do governo.
O secretário-geral
da Renamo lamenta, no entanto, o facto de o governo não reconhecer em nenhum
momento a legitimidade das questões levadas, no encontro, pelo seu partido, mas
está optimista que nos próximos encontros a reacção seja diferente e positiva.
José Pacheco, que
encabeça a delegação do governo, disse, por seu turno, não haver nenhuma falta
de vontade do governo em reconhecer a legitimidade das questões, tanto mais que
todas e quaisquer decisões do executivo são todas em estrita observância da
constituição vigente na República de Moçambique.
Pacheco apontou, a
título de exemplo, a inquietação da Renamo em relação a implementação do Acordo
Geral de Paz (AGP), assinado em 1992, em Roma, Itália, não tem qualquer
fundamentação, dado que todas as matérias sobre o mesmo foram inseridas na
Constituição da República.
Desta feita, a
Renamo, segundo a fonte, deverá tornar mais explicitas as questões inseridas na
sua pauta reivindicativa, isto é, saírem do geral ao particular para uma melhor
análise sobre se elas são de alçada do governo ou então de jurisdição de outros
órgãos competentes.
Em relação a
questão das eleições que, segundo a Renamo, têm sido marcadas por viciações,
Pacheco disse que os escrutínios no país sempre foram livres, justos e
transparentes tanto mais que são reconhecidos pela comunidade internacional.
“Havendo matérias
específicas, eles devem ser mais precisos para que os órgãos competentes
possam, no futuro, tomar deliberações a volta de coisas concretas que preocupam
a Renamo”, explicou Pacheco.
No capítulo
referente ao que a Renamo chama partidarização do Estado, o executivo pede
exemplos mais específicos, sustentados por provas concretas de onde é que tal
coisa está a acontecer.
O acesso a função
pública, segundo a fonte, passa por um concurso público cujo resultado é que
dita a selecção ou afastamento do candidato, independentemente das cores
partidárias que ele escolheu. Alias, o mesmo acontece em relação ao acesso à
Polícia, as forças armadas entre outras públicas.
Desta feita, as
duas partes voltarão a reunir-se segunda-feira e, contrariamente a vontade
expressa pela Renamo, de o mesmo acontecer em qualquer província da região
centro do país, Pacheco afirmou que o mesmo terá lugar em Maputo.
Pacheco disse que
ainda que a capital do país é a cidade de Maputo, a Assembleia da República
(AR), o parlamento moçambicano, o mais alto órgão legislativo, está na capital
e a sede da Renamo está também aqui não fazendo sentido que esse encontro se
realize em um outro lugar.
(RM/AIM)
Sem comentários:
Enviar um comentário