José Pacheco,
Manuel Bissopo
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Comissões
do Governo e da Renamo em divergências profundas
O País (mz), com
foto
2ª ronda das
negociações
A Renamo sugere uma
solução para o impasse entre as três bancadas do Parlamento na revisão da lei
eleitoral: quer eleger 7 membros para a CNE e exige que a Frelimo e o MDM se
coliguem e, ambos, elejam também sete membros para aquele órgão eleitoral. A proposta
é contestada pelo Governo.
Renamo: Se o
Governo ignorar nossas inquietações... a Renamo não vai participar nas eleições
Não tivemos
consensos porque o Governo mantém-se o mesmo. Diz que as questões sobre a
composição da Comissão Nacional de Eleições e do STAE devem ser remetidos à
Assembleia da República, uma situação que não se compadece com a posição da
Renamo, já que, como todo o mundo sabe, este Parlamento resultou dum processo
fraudulento, sem transparência e não é legítimo para garantir que as diferenças
entre a CNE e o STAE sejam ultrapassadas pela ditadura de voto na AR.
Não houve nenhum
avanço e lamentamos porque pensávamos que o Governo apresentar-nos-ia uma
proposta, tendo em conta a legitimidade das inquietações.
Assim, a Renamo
mantém a sua posição: volta ao “Quartel General” para reformular as regras de
modo a que haja uma solução favorável à Renamo e ao povo moçambicano.
Se o Governo da
Frelimo não aceitar o que a Renamo apresenta como inquietações, mais de 80% do
povo moçambicano e a Renamo vão usar todos os recursos naturais para que não
haja eleições no país. A Renamo não vai participar nas eleições e nem vai
admitir que outros partidos o façam.
Governo: O
Executivo está comprometido com a causa da democracia e, neste sentido, vai tudo
fazer para cumpri-la
A Renamo avançou
ideias, segundo as quais, para que haja democracia no país, a Comissão Nacional
de Eleições deve ter sete membros da Renamo, sete membros da coligação
Frelimo-Movimento Democrático de Moçambique e três membros da Sociedade Civil.
Como se pode ver, a
Renamo está numa situação de maioria. Quer a Renamo, quer a Frelimo como o MDM
são soberanos para decidir por uma coligação ou não. A Renamo diz que a CNE,
com base na representatividade na Assembleia da República, não é justa nem
transparente. A Renamo diz ainda que, havendo problemas, então devíamos começar
tudo de estaca zero, só que a Renamo se esquece que este país não é só a
Frelimo, a Renamo e o MDM. Tem outros partidos que também são deste país e que
também querem estar na CNE.
Mas se a Renamo
acha que isso é legítimo, pode socorrer-se da sua bancada na Assembleia da
República.
Para a execução da
democracia no país, o Executivo está comprometido com a causa da democracia e,
neste sentido, vai tudo fazer para cumprir as matérias da sua responsabilidade
e observar tudo que for deliberado pela Assembleia da República nas matérias atinentes
à consolidação da democracia.
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impressa do «Jornal O País»
Parlamento
moçambicano aprova nova CNE com os votos contra do maior partido da oposição
12 de Dezembro de
2012, 08:34
Maputo, 11 dez
(Lusa) - O parlamento moçambicano aprovou terça-feira na generalidade a nova
composição da Comissão Nacional de Eleições (CNE), com os votos contra do
principal partido da oposição, Renamo, que ameaçou impedir a realização das
próximas eleições autárquicas e gerais.
O novo figurino da
CNE foi viabilizado pelos votos da Frente de Libertação de Moçambique
(Frelimo), bancada maioritária, com 191 dos 250 assentos, e pelo Movimento
Democrático (MDM), terceira bancada, com apenas oito deputados.
Na nova CNE, com 13
membros, a Frelimo será representada por cinco membros, Renamo (Resistência
Nacional de Moçambique) dois, MDM um, três de organizações da sociedade civil,
um magistrado judicial e um magistrado do Ministério Público.
Mas o principal
partido da oposição rejeita o novo formato da CNE e ameaça boicotar as eleições
autárquicas de 2013 e gerais (presidenciais e legislativas) de 2014 e impedir a
população de participar nos escrutínios.
A Renamo defende
órgãos eleitorais sem a presença de membros da sociedade civil, a quem acusa de
serem instrumentos do partido no poder, advogando ainda a participação de
representantes de partidos extraparlamentares.
Com a aprovação da
nova CNE sem o apoio da Renamo, Moçambique terá pela primeira vez um pacote eleitoral
aprovado sem consenso pelos dois principais partidos, uma vez que as anteriores
leis eleitorais foram sempre viabilizadas com o voto favorável da Frelimo e da
Renamo.
PMA // PMC
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