EL – MLL – Lusa,
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Luanda, 27 fev
(Lusa) - O editorial da edição de hoje do diário estatal Jornal de Angola
defende o fim dos investimentos angolanos em Portugal, considerando que ao
contrário de outros, o investidor angolano não é bem-vindo.
Sob o título
"Alvos seletivos", o editorial do único diário que se publica em
Angola defende ainda que Portugal "não é de confiança".
"Todos os
investidores estrangeiros são bons para Portugal, menos os angolanos. Não há
qualquer desconfiança dos que compram aeroportos, portos, companhias de
aviação, de eletricidade, posições maioritárias em bancos", alega o
editorial.
"Mas se algum
angolano anunciar que vai investir num determinado setor, uma matilha ruidosa
de comentadores avençados lança logo calúnias sobre o comprador e envenena os
possíveis negócios com intrigas e desconfianças inaceitáveis", acrescenta.
Partindo do
princípio de que as "elites portuguesas corruptas decididamente não querem
nada com os investidores angolanos", o Jornal de Angola defende a
retaliação.
"Vai sendo
tempo de responderemos na mesma moeda. E quem já investiu, que leia os jornais,
oiça as rádios e televisões (...) Um país que valoriza lixo humano como se
fosse oiro de lei não tem condições para receber um euro sequer de
investimento. Quem promove bandidos a heróis não é de confiança", acentua.
O "lixo
humano" a que se refere o Jornal de Angola são o que o diário angolano
cita como "heróis dos portugueses" que seguem "os caminhos da
insídia e da traição em Angola".
"Qualquer
pobre diabo que soletre umas palavras contra o Executivo de Angola ganha em
Lisboa o estatuto de ativista dos direitos humanos e tem todo o espaço nos
órgãos de comunicação social. Angolano que em Lisboa insulte os titulares dos
órgãos de soberania de Angola é um herói para os portugueses. É assim desde o
25 de Abril e tem-se agravado desde que os angolanos começaram a investir em
Portugal", argumenta.
O editorial de hoje
segue-se ao que foi publicado no passado domingo, assinado por José Ribeiro,
diretor do diário angolano, e replicam a notícia avançada na última edição do
semanário Expresso, segundo a qual o Procurador-Geral da República de Angola,
João Maria de Sousa, está a ser investigado em Portugal pelo Ministério Público
por "suspeita de fraude e branqueamento de capitais".
No texto de
domingo, José Ribeiro "desconfia" da boa-fé de Portugal nas relações
com Angola, referindo haver "perseguições" aos interesses angolanos.
Na sequência deste
texto, João Maria de Sousa reagiu, num comunicado enviado segunda-feira à
agência Lusa em Luanda, em que classifica como "despudorada" e
"desavergonhada" a forma como o segredo de justiça é
"sistematicamente violado" em Portugal em casos relativos a
"honrados" cidadãos angolanos.
No texto da edição
de hoje do estatal Jornal de Angola, considera-se que a notícia do semanário
Expresso, apresentado como "jornal oficial do PSD", partido que
lidera a coligação governamental em Portugal, constituiu um "assassínio de
caráter".
"Este episódio
que envolve magistrados do Ministério Público e o jornal oficial do PSD não é o
primeiro. Mas os legítimos representantes do Povo Angolano têm de fazer tudo
para que seja o último. Afinal estamos todos a ser ofendidos por aqueles que
sempre tratamos com respeito e consideração", conclui o editorial de hoje.
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