segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Portugal: O REFORÇO DE SEGURO E A FRAGILIZAÇÃO DE COSTA




Ana Sá Lopes – Jornal i, opinião

A imagem de Costa nas últimas semanas fragilizou a sua candidatura a Lisboa

Sem saber bem como, António José Seguro saiu reforçado de um debate interno que não desencadeou e para o qual – disse o próprio meia dúzia de vezes num momento de maior tensão – não “tinha pressa nenhuma”. Ora, essa questão – a da pressa e de quem era a pressa – é um dos grandes mistérios das últimas semanas do PS. É um facto que até ao dia de ontem, nem todos os passos dos protagonistas principais são decifráveis – pelo menos no que à lógica diz respeito. É absolutamente estranho que, sendo militante do PS desde os 14 anos, António Costa entre numa reunião da Comissão Política candidato com estrutura montada, passe rapidamente à condição de “candidato se Seguro não souber unir o partido”, mantém um suspense em que já ninguém acredita até ao dia da Comissão Nacional e sai de lá muito contente porque apareceu um documento que, de resto, o próprio Seguro rejeita assumir como um “acordo” com António Costa. Nestas últimas semanas, a vida de Costa foi regida pela famosa “Lei de Murphy”, aquela que determina que quando as coisas têm tudo para correr mal, correm seguramente pior. Sem ter interesse nenhum nisso, acabou por reforçar a liderança de António José Seguro, ao esvaziar a possibilidade de avanço de uma candidatura com peso político ao próximo Congresso. Em simultâneo, a imagem de indecisão, incoerência e quase infantilidade – como quando na entrevista à TVI continuava a recusar declarar que, definitivamente, já não era candidato a nada depois do país todo já o ter percebido – fragiliza a sua candidatura à Câmara de Lisboa que, até aqui, parecia um passeio alegre.

É claro que, na política e na vida, as coisas mudam. Ninguém imaginava que Durão Barroso seria um dia presidente da Comissão Europeia deixando o governo entregue a Santana Lopes. Mas o que fica agora nos autos é que esta é a terceira recusa de António Costa em se candidatar a secretário-geral do PS. A primeira vez aconteceu na sucessão de Ferro Rodrigues – fez um acordo com José Sócrates; a segunda, na sucessão de Sócrates, recusou em nome dos compromissos com a Câmara de Lisboa e da impossibilidade de acumular os dois cargos; e, agora, recusa em nome da capacidade de António José Seguro em “unir o partido”. Vitorino deve ter dito que não menos vezes.

Seguro fez ontem questão de lembrar que o secretário-geral a eleger em Abril será o candidato a primeiro-ministro nas próximas legislativas. A seguir, virá aí uma nova geração.

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