Guiné-Bissau tem de
se entender e a CPLP vai apoiar o país - secretário executivo
28 de Março de
2013, 18:28
Bissau, 28 mar
(Lusa) - Os guineenses "terão de se entender" e a Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai apoiar a Guiné-Bissau e eventualmente
"tentar corrigir alguns passos", disse hoje em Bissau o secretário
executivo da organização.
"O nosso papel
é apoiar e tentar corrigir alguns passos, eles aliás estão à espera que façamos
isso. Mas em nenhum momento nos vamos substituir aos guineenses na procura de
soluções para os seus problemas", disse Murade Murargy em conferência de
imprensa, no final de uma visita de uma semana ao país.
Depois de encontros
com políticos, militares, comunidade internacional e sociedade civil, o
responsável fez um "balanço produtivo" da visita e considerou como
"complicada e difícil" a situação na Guiné-Bissau, a viver um período
de transição na sequência de um golpe de Estado, em abril de 2012.
Murade Murargy
disse que a comunidade internacional está disposta a apoiar a Guiné-Bissau,
desde que o país aprove uma agenda e um roteiro de transição e tenha um governo
inclusivo que prepare as eleições "o mais depressa possível", ainda
este ano ou nos primeiros meses do próximo ano, e que as mesmas sejam justas,
transparentes e democráticas.
Depois de um
período de costas voltadas, em que o governo de transição considerou a CPLP
como "parte do problema e não parte da solução" para a Guiné-Bissau,
e que ameaçou até sair da organização, as relações CPLP-Bissau terão voltado ao
normal, o que se depreende das palavras do secretário executivo.
"Posso dizer
que fui muito bem acolhido, houve uma grande satisfação pela presença da CPLP
através da minha pessoa, isso é muito bom sinal", disse Murade Murargy,
admitindo que no passado houve "mal entendidos".
"Não vejo que
as relações com a CPLP estejam deterioradas", houve "talvez mal entendidos
de percurso mas espero que com a minha passagem por aqui essa perceção tenha
sido dissipada", disse o responsável, acrescentando que as autoridades de
transição querem a participação da CPLP e que os países da comunidade não estão
interessados em ter más relações com a Guiné-Bissau, "um país irmão".
Também a Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) "quer que a CPLP
participe em todo o processo", disse Murargy, acrescentando que antigas
divergências com a CEDEAO são questões ultrapassadas e que é preciso ver agora
se a comunidade lusófona está preparada para entrar no processo de reforma das
Forças Armadas do país.
Nos próximos dias,
o secretário executivo da CPLP vai também colocar aos Estados membros a questão
da abertura de uma representação permanente em Bissau, algo que Murargy
defende.
"Eu
pessoalmente considero que era importante a nossa presença aqui, porque vai
permitir que, com outros parceiros, possamos acompanhar o processo. Farei
questão de termos aqui uma representação o mais rapidamente possível ",
disse acrescentando que quer a ONU, quer a CEDEAO, quer a União Africana e a
União Europeia, também fazem questão na presença da CPLP.
FP // PJA
Projeto ambiental
no sul da Guiné-Bissau financiado pela UE apoia 40 mil pessoas
28 de Março de
2013, 19:09
Bissau, 28 mar
(Lusa) - Mais de 40 mil pessoas da região de Cantanhez, parque natural no sul
da Guiné-Bissau, vão beneficiar de um projeto financiado pela União Europeia na
área do ambiente e melhoria de condições de vida.
Segundo a delegação
da União Europeia na Guiné-Bissau, que apoia o projeto com 90 por cento dos 550
mil euros que lhe foram atribuídos, na sexta-feira é inaugurado o museu
"Ambiente e Cultura", que pretende promover "uma melhor
compreensão dos desafios ambientais" e aprofundar conhecimentos sobre
diversidade ecológica e cultural.
O Museu, segundo um
comunicado da União Europeia, faz parte do Centro Direcional para Estudos e
Turismo, criado através de um projeto chamado Eco-Cantanhez e que tem a duração
de três anos. Além da União Europeia é financiado pela organização não governamental
guineense Ação para o Desenvolvimento.
O Eco-Cantanhez
abrange dois setores da região de Tombali (onde se insere Cantanhez), Bedanda e
Cacine, num total de 43 mil pessoas. Vai, segundo a União Europeia, contribuir
para conservar e proteger o equilíbrio de ecossistemas, aumentar a oferta
turística do parque de Cantanhez e melhorar os níveis de segurança alimentar.
Pretende-se
envolver as populações na criação de condições para que os turistas possam
permanecer na região e tenham acesso a guias locais.
"A produção e
transformação local de produtos típicos, como farinha de mandioca e óleo de
palma, serão estimuladas permitindo que o valor acrescentado permaneça nas
tabancas (aldeias), fomentando assim a criação de emprego", diz o
comunicado.
FP // PJA
Símbolos da
República em Bissau são marca da cooperação chinesa no país
29 de Março de
2013, 07:13
Fernando Peixeiro,
da agência Lusa
Bissau, 29 mar
(Lusa) - A cooperação chinesa ofereceu à Guiné-Bissau um Parlamento e um
Palácio do Governo e está a reconstruir a Presidência, tendo gasto, só em obras
nos primeiros dois, 24 milhões de euros.
Além da oferta da
construção de dois dos três edifícios símbolo da República, a cooperação
chinesa ofereceu todo o recheio, de secretárias a cadeiras, de computadores a
impressoras, de sofás a geradores e ares condicionados.
No Palácio do
Governo, inaugurado em 2010, continua ainda hoje a ser a China quem dá
manutenção aos equipamentos e ao edifício, como explicou à Lusa o conservador
do Palácio, Diamantino Queiroz.
"Os chineses
fizeram a construção e inclusivamente mobilaram os gabinetes", disse o
responsável, acrescentando que o edifício ainda não foi totalmente entregue ao
Estado guineense porque são os chineses quem dá apoio técnico "em
reparações dos aparelhos de ar condicionado e tudo o que é relacionado com
outras reparações".
"Já tivemos
problemas com máquinas de fotocópias e impressoras e eles continuam a dar apoio
técnico", disse Diamantino Queiroz, acrescentando que recentemente todos
os gabinetes foram equipados com computadores, oferta também da China.
No Palácio do
Governo, perto do aeroporto de Bissau, estão sedeados sete Ministérios e quatro
secretarias de Estado. Foi construído em 18 meses e tem três grandes edifícios,
de primeiro andar, com um total de 256 gabinetes, sem contar com as salas de
reuniões, uma delas com capacidade para mais de 100 pessoas.
No centro da cidade
fica o Palácio Colinas de Boé, em homenagem à localidade onde foi proclamada a
independência da Guiné-Bissau a 24 de setembro de 1973. É, desde 2005
(inauguração), a Assembleia Nacional Popular (ANP), com um bloco central e dois
pavilhões anexos, 84 gabinetes e a sala de sessões com 209 lugares (os
deputados são 100).
Segundo Tonecas
Vieira, chefe da Divisão do Património da ANP, a obra custou à China 4,61
milhões de euros e oferecia aos parlamentares sistema de votação eletrónica,
que não funciona, microfone para cada deputado e câmaras de vigilância em todo
o edifício.
De acordo com o
responsável, além do bloco central onde funciona o plenário, o segundo bloco
(ala sul, ou bloco político) alberga os gabinetes dos líderes parlamentares e
assessores e as comissões. Na ala norte, ou bloco administrativo, ficam os
gabinetes dos funcionários administrativos, 115 entre efetivos, contratados e
em comissão de serviço.
Ao contrário do
Palácio do Governo, a conservação do parlamento (que até tem consultório médico
e restaurante) está a cargo dos guineenses. Os chineses ofereceram também dois
potentes geradores que regra geral não funcionam por falta de verbas da ANP
para comprar gasóleo.
Em vias de
conclusão, também pelos chineses, está o terceiro edifício emblemático de
Bissau, o Palácio da Presidência da República, bombardeado no último dia da
guerra civil de 1998/99.
Pelo caminho
ofereceu ainda um hospital militar com 200 camas e que custou cerca de nove
milhões de euros e reabilitou o Estádio Nacional (assaltado uma semana depois
de ter sido entregue).
Na Guiné-Bissau,
como noutros países africanos de expressão portuguesa, a China gosta de
oferecer edifícios símbolo (em Cabo Verde construiu também a Assembleia e o
Palácio do Governo e em Moçambique o Estádio Nacional, por exemplo), grandes e
bem visíveis.
Ainda que com
caixas de alarme escritas em carateres chineses, e murais com paisagens típicas
onde as pirogas são lorchas e juncos e onde as palhotas são pavilhões e
pagodes.
FP/MB // MLL
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