sexta-feira, 29 de março de 2013

GUINÉ-BISSAU E CPLP, UE FINANCIA AMBIENTE NO SUL, CHINA CONSTRÓI




Guiné-Bissau tem de se entender e a CPLP vai apoiar o país - secretário executivo

28 de Março de 2013, 18:28

Bissau, 28 mar (Lusa) - Os guineenses "terão de se entender" e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai apoiar a Guiné-Bissau e eventualmente "tentar corrigir alguns passos", disse hoje em Bissau o secretário executivo da organização.

"O nosso papel é apoiar e tentar corrigir alguns passos, eles aliás estão à espera que façamos isso. Mas em nenhum momento nos vamos substituir aos guineenses na procura de soluções para os seus problemas", disse Murade Murargy em conferência de imprensa, no final de uma visita de uma semana ao país.

Depois de encontros com políticos, militares, comunidade internacional e sociedade civil, o responsável fez um "balanço produtivo" da visita e considerou como "complicada e difícil" a situação na Guiné-Bissau, a viver um período de transição na sequência de um golpe de Estado, em abril de 2012.

Murade Murargy disse que a comunidade internacional está disposta a apoiar a Guiné-Bissau, desde que o país aprove uma agenda e um roteiro de transição e tenha um governo inclusivo que prepare as eleições "o mais depressa possível", ainda este ano ou nos primeiros meses do próximo ano, e que as mesmas sejam justas, transparentes e democráticas.

Depois de um período de costas voltadas, em que o governo de transição considerou a CPLP como "parte do problema e não parte da solução" para a Guiné-Bissau, e que ameaçou até sair da organização, as relações CPLP-Bissau terão voltado ao normal, o que se depreende das palavras do secretário executivo.

"Posso dizer que fui muito bem acolhido, houve uma grande satisfação pela presença da CPLP através da minha pessoa, isso é muito bom sinal", disse Murade Murargy, admitindo que no passado houve "mal entendidos".

"Não vejo que as relações com a CPLP estejam deterioradas", houve "talvez mal entendidos de percurso mas espero que com a minha passagem por aqui essa perceção tenha sido dissipada", disse o responsável, acrescentando que as autoridades de transição querem a participação da CPLP e que os países da comunidade não estão interessados em ter más relações com a Guiné-Bissau, "um país irmão".

Também a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) "quer que a CPLP participe em todo o processo", disse Murargy, acrescentando que antigas divergências com a CEDEAO são questões ultrapassadas e que é preciso ver agora se a comunidade lusófona está preparada para entrar no processo de reforma das Forças Armadas do país.

Nos próximos dias, o secretário executivo da CPLP vai também colocar aos Estados membros a questão da abertura de uma representação permanente em Bissau, algo que Murargy defende.

"Eu pessoalmente considero que era importante a nossa presença aqui, porque vai permitir que, com outros parceiros, possamos acompanhar o processo. Farei questão de termos aqui uma representação o mais rapidamente possível ", disse acrescentando que quer a ONU, quer a CEDEAO, quer a União Africana e a União Europeia, também fazem questão na presença da CPLP.

FP // PJA

Projeto ambiental no sul da Guiné-Bissau financiado pela UE apoia 40 mil pessoas

28 de Março de 2013, 19:09

Bissau, 28 mar (Lusa) - Mais de 40 mil pessoas da região de Cantanhez, parque natural no sul da Guiné-Bissau, vão beneficiar de um projeto financiado pela União Europeia na área do ambiente e melhoria de condições de vida.

Segundo a delegação da União Europeia na Guiné-Bissau, que apoia o projeto com 90 por cento dos 550 mil euros que lhe foram atribuídos, na sexta-feira é inaugurado o museu "Ambiente e Cultura", que pretende promover "uma melhor compreensão dos desafios ambientais" e aprofundar conhecimentos sobre diversidade ecológica e cultural.

O Museu, segundo um comunicado da União Europeia, faz parte do Centro Direcional para Estudos e Turismo, criado através de um projeto chamado Eco-Cantanhez e que tem a duração de três anos. Além da União Europeia é financiado pela organização não governamental guineense Ação para o Desenvolvimento.

O Eco-Cantanhez abrange dois setores da região de Tombali (onde se insere Cantanhez), Bedanda e Cacine, num total de 43 mil pessoas. Vai, segundo a União Europeia, contribuir para conservar e proteger o equilíbrio de ecossistemas, aumentar a oferta turística do parque de Cantanhez e melhorar os níveis de segurança alimentar.

Pretende-se envolver as populações na criação de condições para que os turistas possam permanecer na região e tenham acesso a guias locais.

"A produção e transformação local de produtos típicos, como farinha de mandioca e óleo de palma, serão estimuladas permitindo que o valor acrescentado permaneça nas tabancas (aldeias), fomentando assim a criação de emprego", diz o comunicado.

FP // PJA

Símbolos da República em Bissau são marca da cooperação chinesa no país

29 de Março de 2013, 07:13

Fernando Peixeiro, da agência Lusa

Bissau, 29 mar (Lusa) - A cooperação chinesa ofereceu à Guiné-Bissau um Parlamento e um Palácio do Governo e está a reconstruir a Presidência, tendo gasto, só em obras nos primeiros dois, 24 milhões de euros.

Além da oferta da construção de dois dos três edifícios símbolo da República, a cooperação chinesa ofereceu todo o recheio, de secretárias a cadeiras, de computadores a impressoras, de sofás a geradores e ares condicionados.

No Palácio do Governo, inaugurado em 2010, continua ainda hoje a ser a China quem dá manutenção aos equipamentos e ao edifício, como explicou à Lusa o conservador do Palácio, Diamantino Queiroz.

"Os chineses fizeram a construção e inclusivamente mobilaram os gabinetes", disse o responsável, acrescentando que o edifício ainda não foi totalmente entregue ao Estado guineense porque são os chineses quem dá apoio técnico "em reparações dos aparelhos de ar condicionado e tudo o que é relacionado com outras reparações".

"Já tivemos problemas com máquinas de fotocópias e impressoras e eles continuam a dar apoio técnico", disse Diamantino Queiroz, acrescentando que recentemente todos os gabinetes foram equipados com computadores, oferta também da China.

No Palácio do Governo, perto do aeroporto de Bissau, estão sedeados sete Ministérios e quatro secretarias de Estado. Foi construído em 18 meses e tem três grandes edifícios, de primeiro andar, com um total de 256 gabinetes, sem contar com as salas de reuniões, uma delas com capacidade para mais de 100 pessoas.

No centro da cidade fica o Palácio Colinas de Boé, em homenagem à localidade onde foi proclamada a independência da Guiné-Bissau a 24 de setembro de 1973. É, desde 2005 (inauguração), a Assembleia Nacional Popular (ANP), com um bloco central e dois pavilhões anexos, 84 gabinetes e a sala de sessões com 209 lugares (os deputados são 100).

Segundo Tonecas Vieira, chefe da Divisão do Património da ANP, a obra custou à China 4,61 milhões de euros e oferecia aos parlamentares sistema de votação eletrónica, que não funciona, microfone para cada deputado e câmaras de vigilância em todo o edifício.

De acordo com o responsável, além do bloco central onde funciona o plenário, o segundo bloco (ala sul, ou bloco político) alberga os gabinetes dos líderes parlamentares e assessores e as comissões. Na ala norte, ou bloco administrativo, ficam os gabinetes dos funcionários administrativos, 115 entre efetivos, contratados e em comissão de serviço.

Ao contrário do Palácio do Governo, a conservação do parlamento (que até tem consultório médico e restaurante) está a cargo dos guineenses. Os chineses ofereceram também dois potentes geradores que regra geral não funcionam por falta de verbas da ANP para comprar gasóleo.

Em vias de conclusão, também pelos chineses, está o terceiro edifício emblemático de Bissau, o Palácio da Presidência da República, bombardeado no último dia da guerra civil de 1998/99.

Pelo caminho ofereceu ainda um hospital militar com 200 camas e que custou cerca de nove milhões de euros e reabilitou o Estádio Nacional (assaltado uma semana depois de ter sido entregue).

Na Guiné-Bissau, como noutros países africanos de expressão portuguesa, a China gosta de oferecer edifícios símbolo (em Cabo Verde construiu também a Assembleia e o Palácio do Governo e em Moçambique o Estádio Nacional, por exemplo), grandes e bem visíveis.

Ainda que com caixas de alarme escritas em carateres chineses, e murais com paisagens típicas onde as pirogas são lorchas e juncos e onde as palhotas são pavilhões e pagodes.

FP/MB // MLL

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