Desmobilizados de
Guerra de Moçambique ameaçam convocar "greve geral mais contundente"
28 de Março de
2013, 09:40
Maputo, 28 mar
(Lusa) - A Comissão dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique, que diz
representar 150 mil ex-militares dos 16 anos de guerra civil moçambicana,
ameaçou hoje convocar uma "greve geral com intervenção mais
contundente" se o Governo rejeitar "um diálogo construtivo".
Em declarações hoje
à Lusa em Maputo, o relator da Comissão dos Desmobilizados de Guerra de
Moçambique, Agostinho Múrias, disse que a hipótese de "uma greve geral à
escala nacional" resulta da recusa do Ministério dos Combatentes em
aceitar que o grupo se reúna com a Comissão Interministerial criada pelo
executivo para tratar das preocupações dos desmobilizados, visando a discussão
de uma proposta de aumento de pensão.
"Há
necessidade imperiosa de nós continuarmos com um diálogo construtivo com o
Ministério dos Combatentes, com Governo e com a sociedade civil, em geral,
porque esse mesmo estatuto do combatente é contestado", afirmou o relator
da Comissão dos Desmobilizados.
Segundo Agostinho
Múrias, os ex-militares propuseram uma pensão mínima equivalente a dois
salários mínimos (cerca de 132 euros), mas o Governo determinou o pagamento de
uma pensão mínima de 600 meticais (16 euros).
"Estamos a
falar de um senhor, uma senhora viúva, que necessita de alimentar a sua família
e resolver outras necessidades. Seiscentos meticais não é uma pensão adequada
para aquele que sacrificou a sua vida por este país", sublinhou Agostinho
Múrias, ex-analista dos Serviços de Informação do Ministério da Defesa de
Moçambique.
Comparando os
efeitos da "greve geral à escala nacional", que a Comissão dos
Desmobilizados de Moçambique poderá realizar, com os constantes confrontos entre
o Fórum dos Desmobilizados de Guerra, um dos grupos filiados na comissão, e os
serviços de defesa e segurança, Agostinho Múrias previu "uma intervenção
mais contundente".
"Aquilo (que o
Fórum dos Desmobilizados de Guerra faz) é uma atividade mínima, que não está na
escala dos militares, porque os militares têm ações mais contundentes. A
opinião geral é de haver uma intervenção mais contundente, porque ir ali e
cantar não tem nenhuma viabilidade", frisou Agostinho Múrias.
O relator da
Comissão dos Desmobilizados referia-se aos motins promovidos semanalmente pelo
Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique nas imediações do gabinete do
primeiro-ministro e que já foram alvo de cargas policiais.
PMA // MLL
Caçadores furtivos
abateram cinco mil elefantes em reserva do norte de Mocambique
28 de Março de
2013, 12:54
Lichinga,
Moçambique, 28 mar (Lusa) - A caça furtiva de elefantes, para o tráfico de
marfim, sobretudo no interior da Reserva do Niassa, no norte de Moçambique,
provocou a morte de cinco mil animais nos últimos anos, disse hoje à Lusa fonte
governamental.
Os dentes de
elefantes têm sido alvos de "pilhagem" nos últimos três anos por
cidadãos estrangeiros, na sua maioria oriundos da Tanzânia e dos Grandes Lagos,
que posteriormente colocam o marfim no mercado negro.
"Há dois anos,
houve uma avalanche de entrada de cidadãos dos Grandes Lagos para prática da
caça furtiva na Reserva do Niassa, o que contribuiu no índice de abate de
elefantes, pois descobriram um mercado negro, sobretudo na Ásia, para a
colocação dos 'troféus'", disse à Lusa João Muchanga, diretor provincial
de Turismo de Niassa.
O último censo da
fauna, de 2011 (divulgado em 2012), disse Muchanga, indica que naquela reserva
o efetivo de elefantes baixou de de 20 para 15 mil, relativamente ao anterior
cadastro, cujo levantamento é feito a cada dois anos.
Ainda segundo a
fonte, perante a situação, o governo local intensificou o envolvimento da
população, polícia, militares, guarda-fronteira e alfândegas no controlo da
Reserva, para "travar o saque" de marfim por caçadores furtivos na
região, o que, diz, tem dado resultados.
"A estratégia
está a ir ao encontro da solução. Estamos a sensibilizar as comunidades para
não acolherem os estrangeiros, que geralmente aparecem com volumes de dinheiro
e aliciam a população, pagando o alojamento nas suas residências",
explicou João Muchanga, que garante uma redução de casos.
Atualmente a
Reserva do Niassa foi reforçada com duas avionetas e três viaturas para
fiscalização, além de um efetivo de 44 guarda-florestais (totalizando 120
homens), mas os meios continuam exíguos perante a dimensão da zona.
"É necessário
potenciar com recursos humanos e meios para a fiscalização da Reserva do
Niassa", sublinhou João Muchanga, acrescentando que, nos últimos tempos,
foram apreendidos tendas, armas de fogo, combustível e outro material de caça
em mata fechada.
Além do saque dos
troféus, disse, a caça furtiva, tem vindo a agravar os casos de conflito
homem-animal, uma vez que os paquidermes fogem dos seus habitats para invadirem
residências e destruirem machambas (hortas) e celeiros.
AYAC // PJA
Condenado no
homicídio de jornalista moçambicano foi libertado - advogado
29 de Março de
2013, 10:14
Maputo, 29 mar
(Lusa) -- Vicente Ramaya, detido segunda-feira após sair em liberdade
condicional por ter cumprido 11 anos de cadeia pela morte do jornalista
moçambicano Carlos Cardoso, foi libertado na quinta-feira, disse hoje à Lusa o
advogado do detido.
Segundo o advogado
Abdul Gani, Vicente Ramaya foi libertado pelo juiz de instrução criminal do
Tribunal Judicial da Cidade de Maputo por insuficiência de provas da sua
participação num crime de negócios ilícitos em imóveis, que supostamente
cometeu quando ainda cumpria a pena relacionada com o homicídio do jornalista
Carlos Cardoso.
"Só posso
enquadrar a sua nova detenção, um mês após sair em liberdade condicional, como
uma ação persecutória da Procuradoria-Geral da República, pois é acusado de um
crime que não podia cometer estando em situação de incomunicabilidade e
isolamento na cadeia", afirmou o advogado.
A saída em
liberdade condicional, em fevereiro, de Vicente Ramaya e de outros três
condenados na morte de Carlos Cardoso irritou o Procurador-Geral da República,
Augusto Paulino, por discordar do fundamento de "bom comportamento"
usado pelo tribunal para decretar a medida.
Augusto Paulino foi
o juiz responsável pelo caso do assassinato do jornalista, antes de ser nomeado
Procurador-Geral da República.
PMA // PMC
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