Manuel José – Voz da América
Angola "corre
o risco de ser a lixeira de Portugal" - Celso Malavoloneke
Uma “invasão” de
jornalistas portugueses nas redacções dos media angolanos está a provocar
ansiedade e descontentamento entre profissionais angolanos da informação.
Com efeito
assiste-se de momento a um fenómeno de substituição de jornalistas angolanos
por profissionais provenientes do estrangeiro, sobretudo portugueses.
Este êxodo está a preocupar os profissionais nacionais.
Celso Malavoloneke jornalista e professor universitário afirma que Angola “corre o risco de ser a lixeira de Portugal".
"Com a crise em Portugal, os que estão a trabalhar são os bons, os que são
menos bons, para não dizer maus, são os que perdem emprego e rumam para lugares
como Angola," disse.
Segundo o docente universitário este "fenómeno teve o seu início na
televisão publica passando-se agora para os jornais privados”.
"Primeiro começou pela TPA, canal 2, pelas mãos de dois filhos de sua
excelência o presidente da república, agora estendeu-se aos semanários privados
Novo Jornal e Jornal Agora,” disse o professor de Comunicação Social para quem
existe em Angola um complexo de inferioridade, para com os que vem de fora.
"Nós aqui temos complexo de colonizado que por ser português, por ser branco
é necessariamente ou automaticamente melhor que o angolano," disse.
"Eu tenho duvidas que estes luso-angolanos que estão a vir para aqui vão
conseguir fazer um jornalismo como deve ser," disse o professor e
jornalista.
Eco dessas dúvidas fez outro jornalista Félix Miranda.
"Muitos dos que estão a ser importados talvez tenham menos capacidade,
experiencia e menos conhecimento da realidade sócio cultural, política e
económica da nossa Angola," disse o jornalista do Folha 8 que acredita que
isso poderá ter consequências graves
"Os nossos colegas angolanos estão a ir para desemprego, estão a ser
humilhados e exonerados caindo para o desemprego, criando problemas sociais
enormes," acrescentou-.
Miranda acha que o fenómeno prejudica também a economia angolana.
"Cada técnico português ganha duas ou três vezes mais que o angolano e o
dinheiro que se dá ao português nunca será investido em Angola mas sim em
Portugal," disse.
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