É óbvio que não
deveria ser assim, é claro que existem pessoas honestas e da melhor qualidade
moral, civilizadas, em Brasília, a Capital Federal. Mas, é igualmente evidente
que Brasília é a cidade brasileira com maior diversificação e quantidade de
corruptos. Os corruptores moram em outras praças, só vão à capital para exercer
o lobby ou grupos de pressão.
O que estou dizendo
não é uma calúnia, é uma avaliação óbvia, lógica, considerando-se que o Brasil
é um país absurdamente corrupto e Brasília, como capital do poder político,
deve atrair as principais fontes corruptoras da nação. A Capital Federal já nos
deu artistas e personalidades igualmente do melhor nível. Porém, como foi dito,
as maiores ironias também vem de Brasília, como as que envolvem o crime organizado
(além daquele inerente ao Estado Paralelo que está no entorno dos poderes
constituídos):
Levantamento da
área da Polícia Federal que combate o narcotráfico revela um dado alarmante: o
chamado “entorno” do Distrito Federal logo será controlado pelo crime
organizado, num fenômeno semelhante aos do Rio de Janeiro e da Baixada
Fluminense. Se nada for feito, e com urgência, as polícias Militar, Civil e
Federal serão impedidas de entrar nessas áreas, como ocorreu por décadas nas
favelas cariocas (veja aqui).
Brasília tem excelentes
instituições, a exemplo da melhor polícia do Brasil, em que não há policial que
não tenha – no mínimo – o nível superior. Por isso, ao menos nesse aspecto, não
haveria maior ironia para aqueles que não querem ver no México, o Brasil de
amanhã. O “Brasil” de amanhã é um México dominado pela corrupção, necrosado
pelos cartéis do tráfico internacional e moribundo, ferido de morte pela
miséria e profundo decréscimo na qualidade do espírito público. O Brasil de
amanhã foi achacado como o Brasil de hoje, até que restasse um México
minúsculo, bem pequeno, quando comparado à história do seu povo, desde a
Revolução Popular de Zapata (1920-30) e dos zapatistas, agora nos anos 1990. É
famosa nossa cultura do mimetismo, mas será que mais uma vez vamos copiar apenas
o que não presta?
Texto publicado no
jornal eletrônico Gente de
Opinião
*Vinício Carrilho
Martinez é professor Adjunto II da Universidade Federal de Rondônia –
Departamento de Ciências Jurídicas. Doutor pela Universidade de São Paulo.
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