domingo, 10 de março de 2013

Portugal: SE O GOVERNO NÃO CAI A BEM É PORQUE SÓ CAIRÁ A MAL?




Tiago Mota Saraiva – Jornal i, opinião

E se, no passado sábado, depois de ter sido lida a moção de censura popular aos governos da troika, tivesse havido um apelo para que o povo tomasse o Palácio de Belém? Se tenho para mim que uma parte das pessoas teria regressado a casa, acho que a esmagadora maioria seguiria para Belém. Mais, seria possível que muitos, pelo país fora, decidissem acorrer a Lisboa nos dias subsequentes. Muito provavelmente os dias subsequentes seriam de enorme tensão, a que não faltariam actos de pessoas desesperadas, de quem nada tem a perder.

Mas se o apelo não aconteceu, também me parece que no plano das manifestações pacíficas pouco mais há a fazer. Os rios que Pacheco Pereira caracterizou já se juntaram e as suas margens estão largas como nunca.

O facto de, nem o governo nem o Presidente da República, retirarem as consequências políticas da onda de manifestações que varreu o país no dia 2 de Março, transforma Portugal num barril de pólvora. Cavaco Silva não pode tomar-nos por parvos ao dizer que as manifestações devem ser escutadas quando o que se exige é uma matéria da sua exclusiva competência: a demissão deste governo. Para o evitar, a única resposta política que o governo podia ter dado era convocar uma manifestação em defesa da sua política, na tentativa de mostrar algum apoio popular, de que todos os governos em regimes democráticos dependem. Não o tendo feito, à beira de anunciar novos e violentos cortes e com um Presidente da República a insistir em tomar-nos por parvos, temo o pior.

Escreve ao sábado  

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