Organizações que
realizam uma jornada da juventude brasileira por mudanças estruturais na
sociedade brasileira tiveram uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff, na
quinta-feira (4). Representante do MST cobrou projeto com o marco regulatório
dos meios de comunicação e denunciou ameaças a jornalistas independentes.
Da Comunicação do
MST – Carta Maior
As organizações que
realizam uma jornada da juventude brasileira por mudanças estruturais na
sociedade brasileira tiveram uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff, na
tarde de quinta-feira (4/4), no Palácio do Planalto.
Na audiência, o coordenador do Coletivo de Juventude do MST, Raul Amorim,
cobrou a apresentação do projeto com o marco regulatório dos meios de
comunicação e denunciou as ameaças a jornalistas independentes, citando o
exemplo do jornalista Luiz Carlos Azenha condenado a pagamento de multa em
processo movido pelo diretor das Organizações Globo, Ali Kamel.
“Está em curso um processo de criminalização de jornalistas independentes a
partir de ações da grande mídia no Poder Judiciário, como é o caso do Luiz Carlos
Azenha”, disse Amorim à presidenta.
O coordenador da juventude do MST pediu que o governo encaminhe as deliberações
aprovadas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em
2009, para que seja respeitado o direito à manifestação do pensamento, à
expressão e à informação, como garante a Constituição.
Amorim defendeu a implementação de políticas públicas voltadas para a mídia
alternativa, de forma a garantir um sistema de comunicação que represente a
pluralidade da sociedade.
A presidenta Dilma não respondeu as propostas e preocupações, mas disse que a
internet é um espaço democratizador, que deve chegar a todos os brasileiros por
meio da implementação do Plano Nacional de Banda Larga.
Os jovens defenderam também a prorrogação das investigações por mais dois anos,
maior transparência na divulgação dos relatórios e criação de um processo de
participação popular mais amplo por meio de audiências públicas.
“Nenhum dos relatórios realizados até agora foram apresentados para a
sociedade. Não há transparência alguma. Não dá para se ter justiça sem que haja
o envolvimento da sociedade civil nesse processo”, disse Carla Bueno, do
Levante Popular da Juventude.
A presidenta Dilma prometeu levar à Comissão Nacional da Verdade (CNV) e aos
ministérios envolvidos na discussão a proposta de prorrogação das investigações.
Jornada
Os jovens dirigentes das organizações brasileiras que promovem a Jornada
Nacional da Juventude Brasileira também apresentaram a plataforma das
manifestações à presidenta Dilma.
A jornada organizada por mais de 40 entidades defende mudanças estruturais na
sociedade brasileira, como o financiamento público da educação para
universalização da educação em todos os níveis,o fim do extermínio da juventude
nas grandes cidades, sobretudo negra, a democratização dos meios de
comunicação, garantia de trabalho decente, reforma política democrática e a
reforma agrária.
A jornada, que começou em 25 de março, somará protestos em 16 capitais. Já
foram realizadas manifestações em São Paulo, Brasília, Minas Gerais, Paraná,
Porto Alegre, Sergipe, Ceará, Manaus, Piauí e Goiás.
A jornada é um marco histórico na luta da juventude brasileira. “Isso demonstra
a importância da mobilização de rua, que as mudanças estruturais nesse país só
se dão com o povo na rua”, disse Raul Amorim.
“A reunião acontece no contexto das nossas mobilizações. O principal fruto
dessa processo foi levar às ruas milhares de jovens e mostrar o protagonismo da
juventude tanto nas pautas mais amplas da sociedade quanto as que dizem
respeito à juventude”, disse Carla Bueno.
Paulo Vinicius, secretário de juventude da Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil (CTB), “os temas da juventude são estratégicos para o
desenvolvimento do país, dentro de um contexto em que há 60 milhões de jovens
que enfrentam variadas dificuldades”.
Para ele, a jornada demonstra a distinção entre o papel do governo e o papel da
sociedade, que tem o dever de pressionar para avançar as mudanças. “Ficou
evidente a necessidade do povo brasileiro ir às ruas para mudar a realidade
deste país. Temos que fazer nossas lutas. A lutas da juventude tendem a
crescer. Essa é a nossa tarefa”, acredita.
Educação
De acordo com Manuela Braga, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
(Ubes), a educação tem um papel fundamental para o desenvolvimento do país e
para a superação da desigualdade.
Os estudantes cobraram de Dilma a destinação de 10% do PIB, 50% do fundo social
do pré-sal e 100% dos royalties do petróleo exclusivamente para educação.
Segundo Braga, a presidenta declarou apoio à demanda, mas ponderou a
necessidade de aprovação no Congresso Nacional da Medida Provisória 592/12, que
destina a receita dos royalties do petróleo e recursos do Fundo Social do
Pré-Sal para a educação.
“Para que o país tenha soberania e independência, é preciso uma reformulação da
educação. Essa é uma luta do trabalhador e do estudante do campo e da cidade.
Isso possibilitará mudar em profundidade o Brasil ”, disse Amorim, do MST.
Os jovens defenderam as cotas raciais nas universidades públicas, mas colocaram
à presidenta a preocupação em relação às universidades estaduais, uma vez que
parte delas ainda não incorporou esse sistema.
“Muitas das universidades estaduais trabalham numa lógica de exclusão, e não de
inclusão. Levamos essa questão à presidenta e esperamos que se faça algo para
mudar esse fato”, disse Braga.
Reforma Agrária
Amorim cobrou da presidenta o assentamento imediato das 150 mil famílias
acampadas e a ampliação do programa de agroindústrias do governo federal. Ele
denunciou também que, nos últimos 10 anos, 1 milhão de jovens saíram do campo
brasileiro e migraram para a cidade.
Para o dirigente do MST, o êxodo rural dos jovens é consequência da paralisação
da reforma agrária e da lentidão para a generalização de políticas de
desenvolvimento da pequena agricultura. “As políticas públicas para os jovens
do campo são insuficientes”, disse.
A presidenta Dilma não respondeu as colocações relacionadas ao meio rural.
Reforma política
Os jovens defenderam que o governo federal trabalhe para fazer a reforma
política, que garanta financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais
e a regulamentação do artigo 14 da Constituição que trata da realização de
referendos e plebiscitos de iniciativa popular.
“Sem a reforma política, a juventude, que é 40% do eleitorado, fica fora do
debate político. Mulheres e negros também são sub-representados”, disse Amorim.
Para ele, as eleições no Brasil são um “processo desleal”, já que quem tem mais
dinheiro é beneficiado.
A presidenta disse que a reforma política depende da mobilização da sociedade,
para pressionar o Congresso Nacional a aprovar a proposta de mudança.
Fotos: Roberto
Stuckert Filho/PR
1 comentário:
Quem é o MST para protestar? É UMA ORGANIZAÇÃO TERRORISTA !!!!
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