Verdade (mz) -
editorial
Temos de dizer não
para que o nosso futuro não seja prejudicado pelas más decisões do presente. Um
resposta negativa não passa necessariamente pelas urnas, mas pela compreensão
plena de que o país não é da Frelimo, da Renamo ou do MDM. Este país é de 22
milhões de habitantes. É de políticos, militantes e apartidários. É de todos e
por todos dever ser feito.
Ninguém tem o
direito de espezinhar impunemente o povo por aquilo que afirma ter feito no
passado. Os homens que lutaram pela liberdade não fizeram mais do que a sua
obrigação. O único pagamento que merecem pela luta é o respeito e gratidão
profunda das gerações do presente e do futuro. Apenas isso.
Aliás, se tivessem
cruzado os braços naquele momento que exigia sacrifício, hoje, seriam dignos do
nosso mais profundo desprezo. Foram escolhidos pelo contexto e pela história
para libertar a terra e os homens. Não é algo que mereça ser pago. Vocês é que
deviam prestar tributo por terem tido a honra de participar nesse momento da
construção do país que somos.
No entanto, esse
mero desígnio histórico-temporal não investe ninguém do dom da infalibilidade
ou liberta das garras da corrupção. Exactamente pela fraqueza da espécie
humana, nos dias que correm, encontrar actos de sabotagem aos recursos do povo,
que vós chamais maravilhoso, é mais fácil do que encontrar chineses em
Moçambique.
É preciso dizer não
aos históricos da Frelimo que julgam que o país nada mais é do que seu quintal.
Não devemos, de forma alguma, ter medo de gritar com todas as forças “NÃO”.
Temos de dizer não ao secretismo na negociação dos megaprojectos. Temos de
dizer não à acumulação de riqueza dos empresários emergentes, cujo único
certificado de competência é um cartão vermelho e o mais pútrido laço
consanguíneo com o poder.
Os pequenos
movimentos de protesto e manifestação, embora dispersos, significam alguma
coisa. Temos os madgermanes e os desmobilizados de guerra. Tivemos a greve dos
médicos que deixou o poder de joelhos. Estes movimentos parecem poucos, mas
revelam o caminho que devemos seguir. Do sucesso da greve dos médicos resulta a
ideia de que não estamos sozinhos, seja lá qual for a trincheira em que
lutamos: há sempre alguém pronto a lutar do nosso e ao nosso lado.
Temos de ter em
mente que não podemos fazer nada para mudar o país enquanto o sistema vigente
não ruir. E ele deve cair porque já provou que está obsoleto e não serve os interesses
da maioria.
Um sistema no qual
o rosto visível do poder acumula riqueza de forma desmedida não merece a nossa
aprovação. Uma presidência que se limitou a alterar o saldo das contas
bancárias de uns poucos tem de ser radicalmente combatida. Temos de definir uma
estratégia e fazer a diferença agora. Mas temos de dizer não, mas um não
estrondoso e capaz de colocar o poder de joelhos.
A mudança começa em
nós. A hora é agora...
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