Crioulo é
identidade presente em todos os continentes - ministro da Cultura de Cabo Verde
08 de Abril de
2013, 16:24
Cidade da Praia, 08
abr (Lusa) - O ministro da Cultura cabo-verdiano considerou hoje que o crioulo
é uma identidade presente em todos os continentes, fruto de um fenómeno de
crioulização que começou há muitos séculos.
Mário Lúcio Sousa
falava na abertura da mesa redonda "Mercados e Circuitos Na Europa",
integrada no contexto do Atlantic Music Expo Cabo Verde, um conjunto de
iniciativas que reúne em Cabo Verde especialistas da World Music.
"A crioulidade
de que muito se fala é apenas um momento transitório. A crioulização é um
fenómeno que já começou há alguns séculos, havendo, porém, países que se
encontram no início, como são os casos dos Estados Unidos, Brasil e alguns
países das Caraíbas", disse, citado pela Inforpress.
"Para se ser
crioulo não é necessário nascer num país que fale a língua crioula. Ser
crioulo, hoje em dia, é uma mentalidade da relação, é uma cultura de inclusão e
de relação, em que todo mundo pode ser crioulo se deixar de reivindicar o
território como o espaço para a identidade e começar a situar a identidade como
espaço mental e de relação com o outro", frisou.
Para Mário Lúcio,
ele próprio compositor, músico, escritor e poeta, é nesse sentido que se deve
perceber que a música cabo-verdiana é uma das mais apreciadas em todo mundo, e
que, há vários anos, tem vindo a conquistar o mercado mundial.
"Hoje em dia,
a música de Cabo Verde circula por todos os festivais do mundo, nomeadamente
Ásia, América África e Europa", frisou, acrescentando que o Ministério da
Cultura está a trabalhar com privados para a criação de uma política pública de
exportação e de incentivos fiscais, aduaneiros e subsídios de deslocação.
Por seu lado, o
ministro do Ensino Superior Ciência e Inovação cabo-verdiano, António Correia e
Silva, adiantou que a realização da primeira edição do AME-CV "honra a
história de Cabo Verde".
"Esta
experiência que acontece no país compromete-se a produzir o essencial da
cultura atlântica. Por isso, este evento é uma justa homenagem pela posição
ocupada por Cabo Verde", concluiu.
A primeira edição
do AME-CV terá um total de 16 curtas atuações de diversos artistas, nove
conferências, quatro workshops e vários concertos para profissionais, com
bandas nacionais e internacionais, entre outras propostas.
O evento recebe
cerca de 100 participantes de Cabo Verde, entre eles sete dezenas de músicos,
agentes, managers, produtores, editores, instituições e municípios, além de
profissionais de mais de 30 países.
JSD //APN
Agência Fitch baixa
"rating" de Cabo Verde de estável para negativo (de B+ para BB-)
08 de Abril de
2013, 16:51
Cidade da Praia, 08
abr (Lusa) - A agência Fitch baixou o "rating" de Cabo Verde de B+
para BB- ao rever a notação do arquipélago, noticia hoje a edição
"online" do semanário cabo-verdiano Expresso das Ilhas, citando o
"Outlook" da instituição.
O
"Outlook" (perspetiva) negativo foi anunciado sexta-feira passada,
trazendo mais um obstáculo no acesso ao crédito internacional e menor
atratividade para os investidores, uma vez que Cabo Verde termina este ano as
"regalias" ligadas ao processo de transição para País de Rendimento
Médio (PRM), alcançado em 2008.
A Fitch Ratings
reviu a notação do arquipélago e avaliou negativamente o IDR (Issuer Default
Rating - Rating de Probabilidade de Inadimplência do Emissor) de longo prazo em
moeda estrangeira.
Trata-se de um
"aviso" feito pela Fitch às autoridades cabo-verdianas, que já tinham
sido alertadas há um ano de que a cotação, então de B+, poderia ser diminuída.
Na ocasião, a
agência de notação financeira justificou o alerta com as elevadas dívidas
pública e externa bruta face a uma eventual divergência do caminho esperado do
orçamento e à necessidade de redução do défice em conta corrente.
O IDR de Curto Prazo
em moeda estrangeira foi confirmado em B e o Country Ceiling (teto) baixou
também de B para BB-.
A diminuição da
notação de risco deve-se sobretudo ao facto de o crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB) ser "significativamente mais fraco" do que as previsões.
Depois de revistos
os dados, a estimativa corrigida da Fitch para o crescimento médio do PIB real
de 2012 é agora de 2,6%, em vez do valor anterior de 5,1%.
"A revisão dos
dados relativos ao PIB mostra que o crescimento real da riqueza do país é
significativamente mais fraco que as previsões. A estimativa corrigida da Fitch
para o crescimento médio do PIB real de 2012 é agora de 2,6%, em vez do valor
anterior de 5,1%", lê-se no relatório da agência de notação, citado também
na edição online do semanário cabo-verdiano A Nação.
Além disso, segundo
o Expresso das Ilhas, a falta de dados referentes a determinados anos dificulta
a avaliação das atuais taxas de crescimento, ao mesmo tempo que impossibilita
uma avaliação sólida sobre o potencial do país em temos de crescimento a médio
prazo.
Tal acontece porque
está ainda pendente a revisão macroeconómica completa por parte do Governo -
que é esperada para meados de 2013.
Essa razão,
acrescenta o jornal, levou a Fitch a rever em baixa o crescimento do PIB de
2011 e 2012, para 3%, tendo também em conta o "aumento contínuo da
elevada" dívida pública e outros fatores, como o do défice orçamental (de
9,5% em 2012, para 12,3% em 2013).
"A dívida
pública de Cabo Verde é elevada e continua a aumentar. Problemas diversos
quanto à correção das informações disponíveis tornam difícil estimar a dívida
pública e os rácios do défice do orçamento com precisão. Com base nas
estimativas de crescimento mais baixas, a Fitch admite que a dívida pública
atingirá um pico materialmente mais elevado do que o esperado", refere-se
no documento.
Em 2013, a dívida
pública deverá atingir 96,6% do PIB, muito acima dos 85% anteriormente
previstos, pelo que a inversão deste cenário depende da plena implementação do
programa de investimento do Governo em 2013.
O relatório da
Fitch faz ainda referência à expansão da base tributária do país, com a
introdução, por exemplo, de vários impostos em 2013, ganhos, porém,
neutralizados pelos aumentos nos gastos correntes em salários públicos, bens e
serviços.
A agência Lusa
aguarda comentários por parte do Governo cabo-verdiano.
JSD // APN
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