terça-feira, 9 de abril de 2013

Guiné-Bissau: RAMOS-HORTA E ONU, UE E MULHERES, NA TCHUTO, PAÍS PARADO




Estado corre risco de desaparecer, avisa Ramos-Horta

08 de Abril de 2013, 13:22

Bissau, 08 abr (Lusa) - A Guiné-Bissau "enfrenta como Nação uma ameaça existencial, enquanto Estado" e as elites políticas e militares deviam aproveitar o aniversário de mais um golpe para fazerem um exame de consciência, defendeu hoje o representante da ONU.

Num depoimento a propósito do primeiro aniversário sobre o golpe de Estado que a 12 de abril derrubou os governantes eleitos, o representante do secretário-geral da ONU em Bissau, Ramos-Horta, avisou também que a comunidade internacional está cansada e que há um "perigo real" de abandonar o país.

Independentemente das razões que levaram ao golpe, disse o responsável, "a verdade é que se aprofunda a crise social e económica e o isolamento internacional da Guiné-Bissau".

União Europeia apoia participação das mulheres da Guiné-Bissau na construção da paz

08 de Abril de 2013, 13:54

Bissau, 08 abr (Lusa) - A União Europeia vai apoiar a participação das mulheres na construção da paz na Guiné-Bissau com um projeto de 450 mil euros e que envolve meia centena de organizações não-governamentais e estruturas femininas de base comunitária.

Segundo a delegação da União Europeia em Bissau, o projeto, "Mindjeris I Força di Paz", é financiado em 80 por cento pela União Europeia e em 20 por cento pela organização holandesa de desenvolvimento SNV.

Destina-se a "estimular a participação das mulheres na prevenção e gestão de conflitos nas regiões de Bafatá, Cacheu e Setor Autónomo de Bissau, em benefício de todos os habitantes dessas regiões, particularmente das mulheres", diz um comunicado da delegação.

Com a duração de dois anos, o projeto prevê a formação de nove organizações não-governamentais guineenses nas áreas dos direitos humanos, da prevenção da violência baseada no género e da liderança feminina.

Será também reforçada a capacidade de 40 estruturas femininas de base comunitária das regiões de Bafatá (leste) e Cacheu (norte) e feitas 120 ações para dar eficácia à integração das mulheres nos poderes locais e na gestão de conflitos.

O projeto será coordenado pela SNV, em parceria com a organização não-governamental guineense RENLUV - Rede nacional de luta contra a violência baseada no género e criança da Guiné-Bissau.

A cerimónia de arranque do projeto está marcada para terça-feira, em Bissau.

FP // VM

Liga dos Direitos Humanos da Guiné-Bissau compreende detenção de Bubo Na Tchuto

08 de Abril de 2013, 15:32

Bissau, 08 abr (Lusa) - A Liga Guineense dos Direitos Humanos afirmou hoje compreender a detenção do ex-chefe da Armada pela justiça norte-americana mas lamentou que o oficial não tivesse sido julgado no país pelas suspeitas de tráfico de droga.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Liga, Luís Vaz Martins, afirmou que as autoridades da Guiné-Bissau deviam ter criado as condições para que o julgamento de todos os cidadãos acusados de quaisquer crimes tivesse lugar no próprio país.

Para a organização de defesa dos Direitos Humanos, hoje em dia é normal deter qualquer cidadão de um país envolvido em crimes transnacionais.

Luís Vaz Martins notou que "há muito" que o governo americano vinha alertando as autoridades guineenses sobre o envolvimento de alguns dos seus cidadãos no tráfico internacional de droga, pelo que a detenção de Bubo Na Tchuto não deve causar estranheza.

"É um facto que consideramos normal, porque hoje em dia, no combate de crimes transnacionais, é normal que se façam essas detenções por parte de Estados interessados em capturar cidadãos de outros países estrangeiros envolvidos em práticas criminosas", defendeu o presidente da Liga.

"Lamentamos, porque a Guiné-Bissau devia ter uma atitude mais responsável, o que infelizmente não aconteceu e permitiu que seja um país estrangeiro a fazer isso. Vê-se a olho nu a ostentação de riqueza proveniente de fonte duvidosa. A Liga vem chamando a atenção sobre esse facto de algum tempo a esta parte", acrescentou Vaz Martins.

Para o presidente da Liga, tarde ou cedo alguns guineenses iriam ser apanhadas nas malhas do negócio da droga.

"Não nos surpreende que determinadas pessoas estivessem envolvidas na prática de tráfico de droga. Lamentamos que um cidadão nacional tenha que ser julgado por um outro país. Era bom que fosse como se vê por exemplo em Cabo Verde e nos outros países que querem dar uma boa imagem ao mundo, que fazem um esforço, mesmo sendo Estados frágeis, para responsabilizar os seus cidadãos pelos seus atos", sublinhou Vaz Martins.

Por seu turno, Mamadu Quetá, vice-presidente e porta-voz do Movimento da Sociedade Civil (plataforma que junta mais de 100 organizações) afirmou que não constituiu surpresa para a sua organização a detenção de Bubo Na Tchuto.

"Para nós não constitui surpresa nenhuma. Já há algum tempo que esse oficial das nossas Forças Armadas, de acordo com as informações, estava indiciado pelo governo americano, ele e mais outros cidadãos guineenses, por tráfico de droga", afirmou Queta.

"Mas, naturalmente, enquanto cidadão guineense, nós exortamos que seja tratado à luz dos padrões do direito internacional, respeitando, os direitos humanos e que seja assistido pelas nossas autoridades", reforçou o porta-voz do Movimento.

"O Movimento da Sociedade Civil ainda não tem elementos sobre as circunstâncias reais da sua captura. Assim que tivermos informações vamos agir em conformidade. Esperamos que a justiça seja feita e que se esclareça rapidamente tudo o que possa pender contra a pessoa do contra-almirante Bubo Na Tchuto", exortou Mamadu Queta, que diz concordar com a posição do governo de Bissau quando promete dar assistência a Bubo Na Tchuto.

"É um posicionamento que nos encoraja bastante. Enquanto cidadão, independentemente do que possa pender contra ele, merece um acompanhamento em termos de defesa", disse Quetá.

MB // APN

País parou no último ano - associações civis

09 de Abril de 2013, 05:00

Bissau, 09 abr (Lusa) - A Guiné-Bissau parou ou regrediu no último ano, em consequência do golpe de Estado, defendem a Liga dos Direitos Humanos e o Movimento da Sociedade Civil, que querem eleições gerais o mais rápido possível.

Por ocasião do primeiro aniversário do golpe de Estado que a 12 de abril do ano passado afastou os dirigentes eleitos, a agência Lusa falou com responsáveis dos dois movimentos, que fizeram um balanço muito negativo dos últimos 12 meses.

Mamadu Queta, vice-presidente e porta-voz do Movimento da Sociedade Civil (plataforma que junta mais de 100 organizações), fala mesmo em "penúria" do país e pediu para que, a bem do povo guineense, políticos, militares e sociedade civil em geral "pugnem pelo diálogo" e que seja feita uma remodelação governamental rapidamente.

"O país está parado, não há grande movimento em termos de dinâmica económica, há dificuldades em termos de vida social, penúria. A situação resultante do golpe de Estado penalizou bastante o país", diz Mamadu Queta, para quem é o "cidadão comum" a sofrer com a situação.
Para o responsável, "porque de facto a situação está pior", o período de transição deve de terminar "rapidamente", para que sejam levantadas as sanções contra a Guiné-Bissau e que fizeram com que os principais doadores tivessem deixado de ajudar o país.

Luís Vaz Martins, presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, lembra que o orçamento do Estado da Guiné-Bissau depende em grande percentagem do apoio internacional, e que se o país está mal, "e a tendência é para piorar", não pode "andar de costas viradas para a comunidade internacional".

"Isto piorou, regredimos cinco anos, e dificilmente iremos ganhar terreno se, rapidamente, não se fizerem eleições, que nós acreditamos que devem de ser realizadas ainda este ano", diz o responsável.

Para Luís Vaz Martins, a situação social e económica "deteriora-se dia após dia", há reivindicações "notórias" dos sindicatos, há atrasos no pagamento de salários, falta luz elétrica e água potável, e tem havido "um problema muito sério ao nível da assunção por parte do Estado das suas responsabilidades, de criação de condições de bem-estar, mas também de condições de segurança".

O responsável fala de ainda de perseguições a jornalistas e proibição de direitos fundamentais, como o de manifestação, reunião ou mesmo de expressão, e conclui que há "sinais evidentes" de que se a situação do país não melhorar, e "se persistir da parte dos que assaltaram o poder a ideia de se querem perpetuar no poder", a Guiné-Bissau irá entrar "em mais um ciclo de violência".

É que, diz Luís Vaz Martins, "como a droga não cura, nem resolve problemas financeiros de um país, assim também um golpe de Estado não resolve os problemas de um país que já vinha padecendo de determinadas fragilidades".

FP/MB // VM

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