PJ cabo-verdiana
revela "filme" da maior apreensão de droga no arquipélago
09 de Abril de
2013, 09:50
Cidade da Praia, 09
abr (Lusa) - O diretor adjunto da Polícia Judiciária (PJ) de Cabo Verde traçou,
no julgamento do processo "Lancha Voadora", o "filme das
operações" que conduziram à apreensão de 1,5 toneladas de cocaína em 2011.
Segundo noticia
hoje a Inforpress, no interrogatório de mais de quatro horas, integrado no
julgamento iniciado a 21 de março último, Paulo Rocha indicou que a PJ já
estava informada de que a "Lancha Voadora" tinha chegado à Cidade da
Praia, "importada" pelos arguidos Veríssimo Pinto, Paulo Ivone
Pereira e Carlos Gil Gomes.
Assegurou que a
aquisição da embarcação foi feita pessoalmente pelos arguidos Veríssimo Pinto,
ex-presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC), e Paulo Ivone, tendo
sido paga pela empresa ImoPraia, tendo, posteriormente, sido assinado um
contrato de compra e venda com Carlos Gil Gomes.
Paulo Rocha disse
que a PJ não tem dúvidas de que a embarcação incendiada e abandonada no
alto-mar, que entretanto viria a afundar-se ao tentar-se rebocá-la para a
Cidade da Praia, tratava-se da própria "Lancha Voadora".
A embarcação,
disse, saiu do porto da Cidade da Praia a 05 de outubro de 2011 para ir ao
encontro da droga e que os alegados ocupantes, entre eles três dos atuais
arguidos, seguiram para a ilha vizinha do Maio, enquanto o resto do pessoal
ficou em terra a coordenar as operações durante a noite.
Segundo Paulo
Rocha, o barco desapareceu à vista da PJ, que pediu auxilio à PJ portuguesa. De
imediato, as autoridades judiciárias de Lisboa fizeram descolar um jato a
partir do Senegal, que localizou a embarcação a 76 milhas de Santiago.
Paulo Rocha
descreveu todos os meandros desta operação - as movimentações dos arguidos nas
suas residências e nas praias de São Francisco e São Tomé e das respetivas
viaturas em diversos pontos da cidade, o transbordo da droga até o seu
esconderijo na cave de um prédio na Achada de Santo António -, assegurando que
tinha cinco equipas de vigilantes no terreno.
A PJ, acrescentou,
estava certa que tinha apertado o cerco e que estava para breve o transbordo da
cocaína, o que acabou por efetivar-se numa das praias de São Tomé, arredores da
Cidade da Praia, em sacos dissimulados com inscrições de açúcar refinado e
ração para animais.
A pedido do
Tribunal, enumerou os alegados cidadãos estrangeiros ligados ao mundo da droga
com ligações ao grupo, citou os dias em que estes estiveram na Cidade da Praia,
como embarcaram e desembarcaram e o modo e por quem foram recebidos.
Na audiência, Paulo
Rocha confirmou os dados avançados na sexta-feira pela coordenadora da
"Operação Lancha Voadora", implicando o envolvimento dos arguidos em
associação criminosa e tráfico de estupefacientes, e tornou público o
transbordo de outros dois carregamentos antes da apreensão maior, registada a
08 de outubro de 2011.
A operação
"Lancha Voadora" foi desencadeada 08 de outubro de 2011 e resultou na
maior apreensão de droga em Cabo Verde, além da tonelada e meia de cocaína em
estado de elevada pureza, entretanto incinerada, foram confiscados milhares de
euros e outras moedas, milhões de escudos cabo-verdianos em notas, cinco
viaturas topo de gama, três jipes, duas "pick-up", uma
"moto-quatro" e várias armas e munições.
JSD // MLL
PJ de Cabo Verde
desmente extradição de ex-inspetor acusado de roubo de droga
09 de Abril de
2013, 12:35
Cidade da Praia, 09
abr (Lusa) - A Polícia Judiciária (PJ) cabo-verdiana desmentiu hoje que o seu
ex-agente Alino Vieira, condenado a 20 anos de prisão por roubo de 189
quilogramas de cocaína, tenha sido extraditado de França para Cabo Verde.
Num comunicado de
dois parágrafos, enviado também à agência Lusa, a PJ cabo-verdiana afirma ter
tomado conhecimento da notícia avançada hoje pela Rádio de Cabo Verde (RCV),
dando conta da extradição de Alino Vieira e da sua chegada ao país, e que
"tal informação não corresponde à verdade".
"Tendo tomado
conhecimento, hoje, através da RCV, da notícia da extradição do ex-agente da
PJ, Alino Vieira, e da sua chegada a Cabo Verde num dos voos da TACV, escoltado
por agentes da polícia francesa, a Direção da Policia Judiciária esclarece a
opinião pública que tal informação não corresponde a verdade", lê-se na
nota.
"Mais,
esclarece que o processo de extradição deste senhor se encontra em fase
avançada e esforços estão sendo feitos para que o mesmo ocorra o mais
rapidamente possível, sendo certo que a representação diplomática francesa
neste país tem mantido as autoridades nacionais informadas de todo o
processo", conclui a PJ.
Hoje de manhã, a
RCV noticiou que Alino Vieira, que se encontrava sob custódia da justiça
francesa, teria sido extraditado na segunda-feira para Cabo Verde, para cumprir
uma pena de 20 anos de prisão.
Capturado pela
Interpol, em Paris, a 20 de setembro de 2012, Alino Vieira é acusado pelas
autoridades judiciais cabo-verdianas de ter roubado, em março de 2008, 189
quilogramas de cocaína dos cofres da PJ local, crime pelo qual esteve detido, a
pedido do Ministério Público, juntamente com outros dois agentes da PJ e um
taxista.
No julgamento,
realizado em novembro de 2010, Alino Vieira foi o único dos agentes em causa
condenado pelo Tribunal da Comarca da Cidade da Praia a 20 anos de prisão
efetiva, tendo os dois restantes, Emanuel Marques e Nelson Tavares, sido
absolvidos por insuficiência de provas.
O Supremo Tribunal
de Justiça (STJ) cabo-verdiano julgou o recurso interposto por Alino Vieira e
por outros envolvidos no processo, tendo confirmado a pena de 20 anos de prisão
aplicada ao primeiro pelo tribunal da primeira instância.
Em janeiro de 2011,
Alino Vieira, que se encontrava em liberdade provisória a aguardar pelo
desfecho do processo, fugiu do país, tendo embarcado no aeroporto da cidade da
Praia num voo da companhia aérea cabo-verdiana para Dacar (Senegal).
A detenção de Alino
Vieira na capital francesa foi consumada no quadro da cooperação com a Polícia Judiciária
(PJ) portuguesa que, desde 2011, vinha seguindo o ex-inspetor desde a fuga para
Dacar.
JSD // MLL
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