quarta-feira, 10 de abril de 2013

Cabo Verde: POLÍCIA JUDICIÁRIA ÀS VOLTAS COM TRÁFICO DE DROGA




PJ cabo-verdiana revela "filme" da maior apreensão de droga no arquipélago

09 de Abril de 2013, 09:50

Cidade da Praia, 09 abr (Lusa) - O diretor adjunto da Polícia Judiciária (PJ) de Cabo Verde traçou, no julgamento do processo "Lancha Voadora", o "filme das operações" que conduziram à apreensão de 1,5 toneladas de cocaína em 2011.

Segundo noticia hoje a Inforpress, no interrogatório de mais de quatro horas, integrado no julgamento iniciado a 21 de março último, Paulo Rocha indicou que a PJ já estava informada de que a "Lancha Voadora" tinha chegado à Cidade da Praia, "importada" pelos arguidos Veríssimo Pinto, Paulo Ivone Pereira e Carlos Gil Gomes.

Assegurou que a aquisição da embarcação foi feita pessoalmente pelos arguidos Veríssimo Pinto, ex-presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC), e Paulo Ivone, tendo sido paga pela empresa ImoPraia, tendo, posteriormente, sido assinado um contrato de compra e venda com Carlos Gil Gomes.

Paulo Rocha disse que a PJ não tem dúvidas de que a embarcação incendiada e abandonada no alto-mar, que entretanto viria a afundar-se ao tentar-se rebocá-la para a Cidade da Praia, tratava-se da própria "Lancha Voadora".

A embarcação, disse, saiu do porto da Cidade da Praia a 05 de outubro de 2011 para ir ao encontro da droga e que os alegados ocupantes, entre eles três dos atuais arguidos, seguiram para a ilha vizinha do Maio, enquanto o resto do pessoal ficou em terra a coordenar as operações durante a noite.

Segundo Paulo Rocha, o barco desapareceu à vista da PJ, que pediu auxilio à PJ portuguesa. De imediato, as autoridades judiciárias de Lisboa fizeram descolar um jato a partir do Senegal, que localizou a embarcação a 76 milhas de Santiago.

Paulo Rocha descreveu todos os meandros desta operação - as movimentações dos arguidos nas suas residências e nas praias de São Francisco e São Tomé e das respetivas viaturas em diversos pontos da cidade, o transbordo da droga até o seu esconderijo na cave de um prédio na Achada de Santo António -, assegurando que tinha cinco equipas de vigilantes no terreno.

A PJ, acrescentou, estava certa que tinha apertado o cerco e que estava para breve o transbordo da cocaína, o que acabou por efetivar-se numa das praias de São Tomé, arredores da Cidade da Praia, em sacos dissimulados com inscrições de açúcar refinado e ração para animais.

A pedido do Tribunal, enumerou os alegados cidadãos estrangeiros ligados ao mundo da droga com ligações ao grupo, citou os dias em que estes estiveram na Cidade da Praia, como embarcaram e desembarcaram e o modo e por quem foram recebidos.

Na audiência, Paulo Rocha confirmou os dados avançados na sexta-feira pela coordenadora da "Operação Lancha Voadora", implicando o envolvimento dos arguidos em associação criminosa e tráfico de estupefacientes, e tornou público o transbordo de outros dois carregamentos antes da apreensão maior, registada a 08 de outubro de 2011.

A operação "Lancha Voadora" foi desencadeada 08 de outubro de 2011 e resultou na maior apreensão de droga em Cabo Verde, além da tonelada e meia de cocaína em estado de elevada pureza, entretanto incinerada, foram confiscados milhares de euros e outras moedas, milhões de escudos cabo-verdianos em notas, cinco viaturas topo de gama, três jipes, duas "pick-up", uma "moto-quatro" e várias armas e munições.

JSD // MLL

PJ de Cabo Verde desmente extradição de ex-inspetor acusado de roubo de droga

09 de Abril de 2013, 12:35

Cidade da Praia, 09 abr (Lusa) - A Polícia Judiciária (PJ) cabo-verdiana desmentiu hoje que o seu ex-agente Alino Vieira, condenado a 20 anos de prisão por roubo de 189 quilogramas de cocaína, tenha sido extraditado de França para Cabo Verde.

Num comunicado de dois parágrafos, enviado também à agência Lusa, a PJ cabo-verdiana afirma ter tomado conhecimento da notícia avançada hoje pela Rádio de Cabo Verde (RCV), dando conta da extradição de Alino Vieira e da sua chegada ao país, e que "tal informação não corresponde à verdade".

"Tendo tomado conhecimento, hoje, através da RCV, da notícia da extradição do ex-agente da PJ, Alino Vieira, e da sua chegada a Cabo Verde num dos voos da TACV, escoltado por agentes da polícia francesa, a Direção da Policia Judiciária esclarece a opinião pública que tal informação não corresponde a verdade", lê-se na nota.

"Mais, esclarece que o processo de extradição deste senhor se encontra em fase avançada e esforços estão sendo feitos para que o mesmo ocorra o mais rapidamente possível, sendo certo que a representação diplomática francesa neste país tem mantido as autoridades nacionais informadas de todo o processo", conclui a PJ.

Hoje de manhã, a RCV noticiou que Alino Vieira, que se encontrava sob custódia da justiça francesa, teria sido extraditado na segunda-feira para Cabo Verde, para cumprir uma pena de 20 anos de prisão.

Capturado pela Interpol, em Paris, a 20 de setembro de 2012, Alino Vieira é acusado pelas autoridades judiciais cabo-verdianas de ter roubado, em março de 2008, 189 quilogramas de cocaína dos cofres da PJ local, crime pelo qual esteve detido, a pedido do Ministério Público, juntamente com outros dois agentes da PJ e um taxista.

No julgamento, realizado em novembro de 2010, Alino Vieira foi o único dos agentes em causa condenado pelo Tribunal da Comarca da Cidade da Praia a 20 anos de prisão efetiva, tendo os dois restantes, Emanuel Marques e Nelson Tavares, sido absolvidos por insuficiência de provas.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) cabo-verdiano julgou o recurso interposto por Alino Vieira e por outros envolvidos no processo, tendo confirmado a pena de 20 anos de prisão aplicada ao primeiro pelo tribunal da primeira instância.

Em janeiro de 2011, Alino Vieira, que se encontrava em liberdade provisória a aguardar pelo desfecho do processo, fugiu do país, tendo embarcado no aeroporto da cidade da Praia num voo da companhia aérea cabo-verdiana para Dacar (Senegal).

A detenção de Alino Vieira na capital francesa foi consumada no quadro da cooperação com a Polícia Judiciária (PJ) portuguesa que, desde 2011, vinha seguindo o ex-inspetor desde a fuga para Dacar.

JSD // MLL

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