Angola Press
Cidade da Praia - O
primeiro-ministro de Cabo Verde considerou hoje (terça-feira) que a baixa do
"rating" de Cabo Verde decidida pela agência de notação Fitch não é
uma boa notícia, mas desdramatizou-a, garantindo que está tudo sob
controlo.
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José Maria Neves, falando aos jornalistas no final de um encontro com o
ministro do Turismo senegalês, Youssou N'Dour, sublinhou que os pressupostos da
descida passam pela "escassez de dados referentes à agricultura e
pescas" e lembrou que a dívida cabo-verdiana não é igual à de alguns países da Europa.
No último "Outlook" (perspectiva), a Fitch baixou de B+ para BB- a
notação de Cabo Verde devido a um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)
"significativamente mais fraco" do que as previsões, lembrando que a
estimativa para o crescimento médio do PIB real de 2012 desceu quase para
metade, passando dos 5,1% previstos para os 2,6%.
Nesse sentido, a Fitch reviu em baixa o crescimento do PIB de 2011 e
2012, descendo do intervalo 4,5%-5% para 3%, tendo também em conta o
"aumento contínuo da elevada" dívida pública.
O défice orçamental previsto de 9,5% em 2012 vai subir para 12,3% em
2013.
Hoje, José Maria Neves lembrou que a escassez de dados no domínio da
agricultura e das pescas afecta os dados reais do PIB, prometendo melhorar as
estatísticas para que se possa dar a dimensão real dos indicadores
macroeconómicos.
"Não é uma boa notícia, mas não há que dramatizar",
frisou.
"A dívida é sustentada e foi aprovada pelo FMI (Fundo Monetário
Internacional) e pelo BM (Banco Mundial). A nossa dívida (projectada pela Fitch
em 96,6% do PIB, contra as previsões de 85% do Governo) não é igual à de alguns
países europeus, pois é quase exclusivamente concepcional e de longo prazo", argumentou.
"Não há razão para preocupação excessiva e o importante é que a economia
cresça, mesmo que seja a 3%", desvalorizou José Maria Neves, para quem os
dados projectados pela Fitch são "meras previsões" e que o Governo
cabo-verdiano "fará tudo" para que não se concretizem.
Segundo o primeiro-ministro cabo-verdiano, a "profunda crise
internacional" tem agravado situação, mas está "longe" de
provocar quaisquer alarmes ou stress na economia cabo-verdiana.
Sobre o agravamento do défice externo, José Maria Neves realçou que é
"consentido" e que está "dentro dos limites de
sustentabilidade" da economia cabo-verdiana, lembrando que todos os anos,
os orçamento do Estado são analisados e viabilizados pelo FMI e pelo
BM.
"Estamos a proceder a reformas e a aproveitar todas as possibilidades
concessionais" antes de terminar o período de transição de País de
Rendimento Baixo para País de Rendimento Médio, que termina no final do ano em
curso, explicou.
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