A Nação (cv)
Com uma dívida de
mais 700 mil contos, a Empresa Pública de Rádio e Televisão (RTC) está falida.
Quem o garante é o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da empresa
onde trabalham mais de 300 pessoas, entre jornalistas, técnicos,
administrativos, comerciais e assessores.
As dívidas da RTC
para com a Cabo Verde Telecom já ultrapassam os 300 mil contos, como reconhece
Emanuel Moreira, o presidente da maior empresa de comunicação social do país.
“Além disso, há os empréstimos a pagar à banca que ronda centenas de milhares
de contos. Só para com a Caixa Económica de Cabo Verde a dívida da RTC está à
volta dos 160 mil contos”, informa Moreia.
A situação chegou
ao ponto em que a RTC, cuja folha salarial ultrapassa os 20 mil contos por mês,
já deve às Finanças cerca de 100 mil contos por causa da não transferência do
Imposto Único sobre Rendimentos (IUR).
O problema
mostra-se, como o A NAÇÃO escreveu há duas semanas, complexo na medida em que o
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) chegou também a cortar
assistência medico-medicamentosa aos trabalhadores da RTC devido a uma dívida
de mais de 145 mil contos.
Somando tudo isto,
o “rombo” na empresa pública de comunicação social ultrapassa os 700 mil
contos. Mas há quem admita que o montante seja muito superior, tendo em conta a
“gestão frouxa que se tem feito há muitos anos na RTC, onde se contrata gente
sem a preocupação com a saúde financeira da empresa e produtividade”, como
vinca um dos mais antigos trabalhadores, ouvido pelo jornal mas que prefere o
anonimato.
HORA DE ESTANCAR
Entretanto, o PCA
da RTC garante que desde o passado mês de Fevereiro a RTC retomou o envio dos
descontos ao INPS e está a negociar com o instituto de modo a que os
trabalhadores não fiquem sem assistência médica nem sejam prejudicados no que à
reforma diz respeito. Por outro lado, Emanuel Moreira realça que neste momento
a maior preocupação do Conselho que preside passa por “estancar as dívidas e
começar a pagá-las”. “Temos negociado com o Governo a maneira de resolvermos este
problema, mas não vou esconder que se trata de uma empresa em situação de
falência”, sublinha.
O certo é que o
actual Conselho de Administração, que tomou posse em finais do ano passado após
a greve dos trabalhadores da RTC por causa dos atrasos no pagamento dos
salários, está proibido de fazer novas contrações. Segundo as nossas fontes, a
indicação nesse sentido foi dada pelo próprio primeiro-ministro, José Maria
Neves, que se mostrou preocupado com a situação financeira da empresa aquando
da mudança de “comando”.
Da parte do CA da
RTC, há um compromisso selado com os trabalhadores que é o de zelar para que
não haja atrasos no pagamento dos salários, como aquele que aconteceu em
Outubro do ano passado. E Emanuel Moreira promete fazer tudo para que os vencimentos
dos trabalhadores sejam depositados todos os meses nas datas acordadas.
Sem comentários:
Enviar um comentário