terça-feira, 2 de abril de 2013

Cabo Verde: RTC EM SITUAÇÃO DE FALÊNCIA




A Nação (cv)

Com uma dívida de mais 700 mil contos, a Empresa Pública de Rádio e Televisão (RTC) está falida. Quem o garante é o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da empresa onde trabalham mais de 300 pessoas, entre jornalistas, técnicos, administrativos, comerciais e assessores.

As dívidas da RTC para com a Cabo Verde Telecom já ultrapassam os 300 mil contos, como reconhece Emanuel Moreira, o presidente da maior empresa de comunicação social do país. “Além disso, há os empréstimos a pagar à banca que ronda centenas de milhares de contos. Só para com a Caixa Económica de Cabo Verde a dívida da RTC está à volta dos 160 mil contos”, informa Moreia.

A situação chegou ao ponto em que a RTC, cuja folha salarial ultrapassa os 20 mil contos por mês, já deve às Finanças cerca de 100 mil contos por causa da não transferência do Imposto Único sobre Rendimentos (IUR).

O problema mostra-se, como o A NAÇÃO escreveu há duas semanas, complexo na medida em que o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) chegou também a cortar assistência medico-medicamentosa aos trabalhadores da RTC devido a uma dívida de mais de 145 mil contos.

Somando tudo isto, o “rombo” na empresa pública de comunicação social ultrapassa os 700 mil contos. Mas há quem admita que o montante seja muito superior, tendo em conta a “gestão frouxa que se tem feito há muitos anos na RTC, onde se contrata gente sem a preocupação com a saúde financeira da empresa e produtividade”, como vinca um dos mais antigos trabalhadores, ouvido pelo jornal mas que prefere o anonimato.

HORA DE ESTANCAR

Entretanto, o PCA da RTC garante que desde o passado mês de Fevereiro a RTC retomou o envio dos descontos ao INPS e está a negociar com o instituto de modo a que os trabalhadores não fiquem sem assistência médica nem sejam prejudicados no que à reforma diz respeito. Por outro lado, Emanuel Moreira realça que neste momento a maior preocupação do Conselho que preside passa por “estancar as dívidas e começar a pagá-las”. “Temos negociado com o Governo a maneira de resolvermos este problema, mas não vou esconder que se trata de uma empresa em situação de falência”, sublinha.

O certo é que o actual Conselho de Administração, que tomou posse em finais do ano passado após a greve dos trabalhadores da RTC por causa dos atrasos no pagamento dos salários, está proibido de fazer novas contrações. Segundo as nossas fontes, a indicação nesse sentido foi dada pelo próprio primeiro-ministro, José Maria Neves, que se mostrou preocupado com a situação financeira da empresa aquando da mudança de “comando”.

Da parte do CA da RTC, há um compromisso selado com os trabalhadores que é o de zelar para que não haja atrasos no pagamento dos salários, como aquele que aconteceu em Outubro do ano passado. E Emanuel Moreira promete fazer tudo para que os vencimentos dos trabalhadores sejam depositados todos os meses nas datas acordadas.

Sem comentários:

Mais lidas da semana