Deutsche Welle
Durante o 7º Fórum
Teuto-Africano de Energia em Hamburgo e Hannover, empresas alemãs confirmam
interesse na compra de gás angolano. Alemães também querem fatia do mercado
moçambicano e vender tecnologia a africanos.
Angola é a grande
aposta do sétimo Fórum Teuto-Africano de Energia, que este ano reuniu número
recorde de 500 participantes na Câmara de Comércio de Hamburgo, no norte da
Alemanha. Os empresários alemães que atuam na área das energias descobriram
finalmente as potencialidades daquele país de língua portuguesa e os
organizadores tudo fizeram para que Angola estivesse representada ao nível mais
alto possível.
Angola respondeu:
José Maria Botelho de Vasconcelos, ministro angolano do Petróleo, foi o homem
mais procurado no Fórum. Depois de uma conferência sobre a produção,
transformação e distribuição de petróleo e gás, Botelho de Vasconcelos
confirmou o interesse dos alemães em fazer negócios nesse setor, em entrevista
exclusiva à DW África.
Segundo o ministro
angolano, vários empresários alemães "estão interessados na compra de gás.
Portanto, é de fato uma das áreas onde poderemos cooperar no futuro. As
oportunidades existem. É preciso encontrar as melhores vias para tornar
realidade essa cooperação", afirmou.
A DW África
perguntou ainda ao ministro angolano se, com o avanco dos negócios com a China,
ainda há espaco para negócios com a Europa e com a Alemanha. "Há de fato
um mercado chinês que ocupa, neste momento, um espaço de cerca de 28%",
confirmou Botelho de Vasconcelos. Porém, "em 100%, 28% não representa
tanto. E os três quartos seguintes – o petróleo é vendido no mercado internacional",
acrescentou.
Benefícios para a
população?
Sobre a questão
recorrente da transmissão dos lucros obtidos com a exploração de recursos
naturais em Angola para a população do país – críticas recorrentes apontam para
uma minoria que enriquece com esses lucros, em detrimento de uma maioria que
continua pobre e a viver com menos de dois dólares diários – o ministro José
Maria Botelho de Vasconcelos disse que "os recursos naturais têm
beneficiado a população de Angola. Quem conheceu Angola há cerca de dez anos e
quem vai para lá hoje fica de fato deslumbrado pelas várias realizações",
constatou.
O ministro angolano
ainda lembrou que, durante a guerra civil angolana, entre 1975 e 2002,
"foram destruídas as várias infraestruturas, como caminhos de ferro,
pontes e sistemas d'água. Isto está tudo a ser recuperado. Hoje, em Angola,
temos de fato, e constatamos, a olho nu, que os recursos petrolíferos têm vindo
a ser bem utilizados e têm contribuído para que, efetivamente, a geração atual
beneficie destes recursos. Também estamos a criar condições para que a futura
geração – já que o petróleo é um recurso finito – possa beneficiar [dos
lucros], porque também foi criado o chamado Fundo Soberano [do Petróleo]",
segundo o ministro "mais que uma poupança" que será utilizada em
benefício das futuras gerações.
Alemães querem
vender equipamento e tecnologia à África
O fórum das
energias é organizado pela "Afrika Verein", a associação das empresas
alemãs com negócios no continente africano, e conta com o apoio do governo
alemão, a cidade-estado de Hamburgo e várias instituições nas áreas
empresariais, de ciência e de tecnologia, entre elas a Associação Africana de
Produtores de Petróleo (APPA, na sigla em inglês), a Associação Africana de
Centrais de Energia (APUA), e a União Árabe de Eletricidade (AUE).
Os empresários
alemães estão interessados em vender equipamentos e soluções tecnológicas a
empresas africanas que atuam nas áreas da produção de gás, combustíveis e
energia elétrica. Segundo Christoph Kannengießer, presidente da Afrika-Verein,
os parceiros ideais para as empresas alemãs poderiam ser, por exemplo, agências
de programas estatais para o fornecimento de energia elétrica a regiões rurais.
Foco em recursos
naturais
Mas existem outras
áreas na mira dos empresários alemães, segundo o presidente da associação
empresarial que, em entrevista à DW África, salientou que os países lusófonos
mais que nunca atraem as atenções dos investidores alemães.
"Os
empresários alemães mostram cada vez mais interesse em investir em países como
Angola ou Moçambique. Isso tem a ver com a riqueza desses países em recursos
naturais", explicou Kannengießer.
O presidente da
associação teuto-africana de negócios disse que, no país europeu, o
entendimento sobre "como funcionam esses países" está aumentando, já
que na Alemanha tem-se contado com parceiros "mais experientes aqui na
Europa, por exemplo com bancos e outros empresários portugueses. Estou portanto
muito otimista que possamos satisfazer cada vez melhor as necessidades dos
mercados de Angola e Mocambique", afirmou Kannengießer.
Todos os países
africanos foram convidados a estarem presentes neste fórum que comecou na
Câmara de Comércio de Hamburgo, mas terminará na quarta-feira (10.04), na feira
industrial de Hannover, também no norte do país. Para além de Angola, fizeram-se
representar a nível ministerial os países de maior peso no setor das energias,
como a Nigéria, a Argélia, a Guiné Equatorial e também Moçambique.
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