Deutsche Welle
Em conferência de
imprensa na Gorongosa, o líder da RENAMO deixou claro, no entanto, que não está
satisfeito com a situação prevalecente no país e que é preciso que os problemas
pendentes sejam resolvidos rapidamente.
O líder da
Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), Afonso Dhlakama, afirmou esta
quarta-feira (10.04) que nunca mais haverá guerra no país. O líder do maior
partido da oposicionista moçambicana falava a jornalistas na Gorongosa, local
onde se encontra acacantonado desde outubro último na sequência de divergencias
com o Governo.
A Gorongosa serviu
de base central ao antigo movimento rebelde RENAMO durante a guerra civil de 16
anos que terminou em 1992. Dhlakama garantiu que não vai voltar à guerra, mas advertiu
o Governo que se sentir atacado, atacará.
Dhlakama fez o seu
primeiro pronunciamento público depois dos confrontos armados da semana passada
entre a RENAMO e a polícia e os ataques a alvos civis que se saldaram em pelo
menos oito mortos. "Foi-me solicitado para cessar com os ataques no rio Save
e disse que não podia dar essas ordens quando militares do governo circulavam
pela região em viatura com canhões com o intuito de nos matar", declarou o
líder da RENAMO ao considerar que o ataque a alvos civis tinha sido um
incidente e que esforços estavam em curso para evitar que situações do género
se repetissem.
"É preciso que
sejam dadas ordens aos militares e o Presidente [Armando Guebuza] prometeu-me
que iria reunir-se com o ministro da Defesa e com o Chefe do Estado-Maior para
lhes dar ordens nesse sentido. Do meu lado também dei essas ordens aos meus
homens", acrescentou.
Segundo o líder da
RENAMO, os problemas pendentes com o Governo estão relacionados com o não
cumprimento pelo executivo de Maputo do Acordo Geral de Paz que assinou em 1992
em Roma com a Renamo pondo fim a 16 anos de guerra civil no país em 1992.
"O acordo de Roma promovia a democracia real em Moçambique. Isso não
existe, tal como nunca existiu a realização de eleições livres e
transparentes", destacou Afonso Dhlakama no seu encontro com a imprensa.
RENAMO critica
Maputo por não ter cumprido Acordo de Paz
Afonso Dhlakama
disse que os incumprimentos do Acordo Geral de Paz por parte do governo não se
ficaram por aqui. "Combinamos formar um exército apartidário: 15 mil
homens da RENAMO e 15 mil homens da FRELIMO [Frente de Libertação de
Moçambique]. E isso também não foi respeitado", concluiu.
Dhlakama assume que
mandou atacar o acampamento da Polícia de Intervenção Rápida (FIR) na última
quinta-feira (04.04) em Muxungué, província de Sofala, em retaliação a um
ataque daquela força especial à sede da RENAMO onde, segundo disse, os seus
homens se encontravam concentrados pacificamente e desarmados. "Os
desmobilizados num minuto disseram queremos dar a respota. Disse-lhes que tinham
feito a guerra e sabiam onde poderiam encontrar armas. E portanto
responderam", revelou Dhlakama.
Lamentou, contudo,
as mortes que resultaram deste ataque, afirmando que "o Presidente da
República podera ter evitado esta situação."
RENAMO exige
libertação de membros do partido em Muxungué
Dhlakama
condicionou o prosseguimento da aproximação entre o Governo e a RENAMO à
libertação dos 15 membros do seu partido detidos na sua sede em Muxungué, na
última quarta-feira (03.04), pela polícia. Exigiu também que as forças de
defesa e segurança que alegadamente estão a cercar a base da RENAMO na
Gorongosa recuem imediatamente e que a FRELIMO pare de atacar os membros da
oposição.
Pronunciando-se
sobre as eleições autárquicas agendadas para este ano, que a RENAMO ameaca ameaça
invialibilizar, Dhlakama disse que é urgente a revisão da Lei Eleitoral de modo
a garantir a paridade na representação dos partidos políticos na Comissão
Nacional de Eleições (CNE).
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