Tiago Mota Saraiva –
Jornal i, opinião
Goste-se ou não da
ideia de Estado-nação, não haverá grandes dúvidas que um dos eixos centrais das
políticas impostas pela troika é o ataque à soberania dos países sob
intervenção. No radicalizado contexto europeu, é de todo o interesse que em
países como Portugal se opere uma vandalização das relações de trabalho e dos
salários, que haja poucas condições para o aumento da produção e que cresça o
clima de insegurança interna.
A indicação de
Vítor Gaspar para representante máximo da troika no país transformou-o no
elemento central de uma política que não pretende crescimento económico e que
não se preocupa por a dívida continuar a crescer. O seu objectivo não é apenas
que Portugal pague, mas que a sua dívida se torne tão incomportável que, à
sombra de um hair cut, perca ainda mais poder de decisão sobre o presente e o
futuro.
Gaspar tem como
função principal impedir que a economia continue a funcionar. Já não bastava a
obstrução que provocou nas candidaturas a financiamentos comunitários,
transformando Portugal num dos países europeus com menos financiamentos,
decretou durante esta semana o estado de excepção paralisando a administração
pública ao não permitir que os polícias abasteçam os carros de gasolina, que as
escolas comprem produtos de limpeza ou que os centros de saúde se abasteçam de
pensos.
Mas não esqueçamos
neste processo o papel de quem jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição e
de quem foi eleito para “garantir a independência nacional, a unidade do Estado
e o regular funcionamento das instituições democráticas”. Cavaco Silva tem
todos os argumentos para agir. Se não o fizer, deve ser forçado a resignar.
Escreve ao sábado
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