Daniel Oliveira –
Expresso, opinião
"Sempre foi
assim. É como numa classe, quando temos os melhores resultados, os que
têm um pouco mais de dificuldades são um pouco invejosos". A frase é
de Wolfgang Schauble, o todo-poderoso ministro das finanças alemão.
Como bem defendeu
Miguel Sousa Tavares, não é bem inveja que os povos da Europa sentem em relação
à Alemanha. É mais ressentimento. Nascido não apenas de uma Europa
destruída e do Holocausto, mas do crónico problema que a Alemanha tem com a sua
própria identidade que a levou a ter dificuldades em conviver com os seus
vizinhos europeus.
Não, os alemães não
têm de passar séculos a pagar por crimes que cada um deles não cometeu e que
aconteceram quando a maioria nem era nascida. Mas, quando se relacionam com os
outros, têm de ter conta que há uma história. Quando Schauble compara a Europa
a uma sala de aulas e trata os demais parceiros europeus como alunos cábulas e
a Alemanha como o aluno brilhante não pode deixar de perceber, até pela sua
idade avançada, os sinais de alarme que as suas declarações criam na
Europa, sobretudo nos povos que estão a sofrer tanto com esta crise. Até porque
estas declarações são coerentes com um comportamento arrogante,
autoritário e sem respeito pela reserva que estadistas devem ter quando se
referem a assuntos internos de outros países.
Depois da II
Guerra, a Europa e os EUA, para consolidar a paz e não repetir os erros da
guerra anterior, foram generosos com a Alemanha. Não a obrigaram a pagar
pelos seus crimes de guerra. Ajudaram à sua reconstrução e democratização.
Atiraram para o baú do esquecimento as responsabilidades de muitos muitos
alemães por um dos maiores crimes que a humanidade até hoje conheceu. Os
parceiros europeus dividiram, na prática, os encargos dareunificação. Criaram
uma moeda única cedendo, e mal, como agora se vê, a todas as
exigências da Alemanha, que sempre resistiu ao euro. Fecharam os olhos à violação
dos limites ao défice, que os alemães, tão intolerantes com as falhas dos
outros, foram, com os franceses, os primeiros a não cumprir.
Na realidade, a
sala de aula foi feita para a Alemanha se sentir lá bem. E, para isso, os
interesses de outros foram esquecidos. Todas as suas falhas foram ignoradas.
Mas nem é isso que interessa agora. O que interessa é que o ministro
Schauble, e não os povos da Europa, está a fazer tudo para reavivar fantasmas
antigos. Alguns, os portugueses, pela sua posição oportunista durante a guerra,
nem compreendem bem. Mas eles resultam de feridas tão profundas, que 70 anos
não chegam para os fazer esquecer. Foram, a bem da paz e do projeto europeu em
que ela se sustentou, ignorados durante décadas. Mas basta que a União
Europeia se desmorone, como se está a desmoronar, e que o senhor Schauble ou
outro responsável político alemão repita mais umas frases infelizes para que
eles regressem. Como se tudo tivesse acontecido ontem.
Willy Brandt,
Helmut Schmidt e Helmut Kohl sabiam que a única forma da Alemanha conseguir
regressar, como era seu direito, à comunidade internacional e europeia, era
conseguindo que o resto da Europa acreditasse que ela seria capaz de conviver
com os restantes Estados europeus tratando-os como iguais. A ignorância
política, a insensatez, o populismo ou a estupidez de Merkel e Schauble estão a
criar, entre os europeus, um desconforto crescente. Há cada vez mais gente
que se pergunta se é possível ter, em simultâneo, uma Europa próspera e
cooperante e uma Alemanha forte. Se esta desconfiança não for travada a tempo,
os alemães serão, mais uma vez, como no passado, as principais vítimas da sua
arrogância. Porque eles são, de todos os europeus, os que mais precisam desta
União que, com alguma preciosas ajudas, estão a destruir.
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1 comentário:
É PRECISO 'CORTAR' COM AS REGRAS DA SUPERCLASSE (alta finança - capital global)
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A superclasse pretende 'cozinhar' as condições que são do seu interesse:
- privatização de bens estratégicos: combustíveis... electricidade... água...
- caos financeiro...
- implosão de identidades autóctones...
- forças militares e militarizadas mercenárias...
resumindo: estão a ser criadas as condições para uma Nova Ordem a seguir ao caos - uma Ordem Mercenária: um Neofeudalismo.
{uma nota: anda por aí muito político - marioneta ao serviço da superclasse - cujo trabalhinho é 'cozinhar' as condições que são do interesse da superclasse}
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Para 'cortar' com as regras da superclasse (alta finança - capital global) há que:
-1- REDUZIR O PODER DOS POLÍTICOS e uma maior supervisão exercida pelo Contribuinte [um sistema menos permeável a lobbys]:
i) o Contribuinte deve poder defender-se: "O Direito ao Veto de quem paga";
ii) votar em políticos não é passar um 'cheque em branco'... pedir dinheiro emprestado é um assunto demasiado sério para ser deixado aos políticos... leia-se: o Estado só poderá pedir dinheiro emprestado nos mercados... mediante uma autorização expressa do contribuinte - obtida através da realização de um REFERENDO.
{ver blog Fim-da-Cidadania-Infantil}
-2- garantir o DIREITO À SOBREVIVÊNCIA DAS IDENTIDADES AUTÓCTONES... ou seja: há que mobilizar aqueles nativos que possuem disponibilidade emocional para abraçar um projecto de Luta pela Sobrevivência [nota 1: os 'parvinhos-à-Sérvia' (vide Kosovo) que fiquem na sua...; nota 2: os 'globalization-lovers' que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa]... e... "SEPARATISMO-50-50!".
{ver blog Separatismo-50-50}
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P.S.
-> O discurso anti-alemão que reina nos media internacionais (nota: são controlados pela superclasse) é uma consequência óbvia: depois de andar a 'cavar-buracos' (nas finanças públicas e na banca) e andar a saquear contribuintes em vários países... a superclasse (alta finança - capital global) quer saquear o contribuinte alemão.
-> A firmeza do contribuinte alemão (não cedendo à pressão exercida internacionalmente...) é fundamental para salvar a Europa.
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