Carlos Tadeu
MOÇÃO DE CENSURA?
“Não foi carne nem
peixe”. Este é um termo que em bom português sobre algo significa que “não sabe
a nada”, que é algo que “não ata nem desata”, que é improdutivo e
inconsequente, que é “um grande faz-de-conta”, que é uma “trampa” sem
interesse. Quer dizer que foi um grande “31 de boca” ou “uma grande tanga”. Afinal
significa frustração.
E foi. Foi uma
enorme frustração a moção de censura apresentada há horas pelo Partido
Socialista. A falta de qualidade foi patente. O comprometimento do PS com a
atual situação ficou bem explícita. A palhaçada da moção de censura aguçou apetites
que depois não satisfizeram a fome dos portugueses famintos. O PS falou, usou e
abusou dos critérios adstritos aos seus comparsas, aos seus lobies – que até se
confundem e misturam com os do CDS e do PSD. A falta de qualidade dos deputados
na AR é quase generalizada. Demonstraram que nem para serventes de limpeza de
escarradores servem. Como se justifica ordenados e mordomias tão elevadas
estamos para saber. Afinal o banditismo está também na Assembleia da República
assumido e exercido por supostos representantes dos interesses dos portugueses
e de Portugal.
Esta moção de
censura foi um dos momentos mais deploráveis do PS. O Bloco de Esquerda e o PCP
aprovaram o que não deviam porque a pobreza e os conluios estavam ali bem
explicitados na moderação da dita moção. Os partidos políticos e os deputados
(entre outros) estão leviana e descaradamente a brincar com a desgraça que têm
causado a Portugal. O debate da moção de censura foi efetivamente uma
palhaçada.
Governo e oposições
completamente de rastos, sem qualidade nenhuma, o pior do pior ficou
demonstrado pelo governo e pelos deputados da dita maioria. Uma desgraça própria
de um bando de falsários que falam em evidências e clarividências por falar mas
que afinal chafurdam na mesma gamela. Outro modo não há como dizer.
Se a oposição não
presta a falta de dom de palavra e de lucidez ainda é mais grave num
primeiro-ministro e num governo que está longe do país e da realidade das suas
populações. Nesse aspeto os partidos políticos na oposição estão muito mais
atualizados. O PS por força das circunstâncias, o PCP e o BE porque faz parte da
sua profissão de fé e da importância que tem levar a realidade aos colegas
engravatados e estuporados dos outros partidos – os que mais não são que uma máfia
em lúcido e progressivo conluio.
Segue-se um
compacto de notícias retiradas do Jornal i. Moção de censura que foi uma
verdadeira palhaçada. Acabaram por ficar todos muito mal na fotografia.
Deste compacto que
se segue sai à cabeça a referência sobre o Tribunal Constitucional. Que saia. O
conluio e as promiscuidades dos poderes vão confirmar-se uma vez mais na próxima
sexta-feira. A palhaçada alastra-se e continua. Até quando?
Decisão do Tribunal
Constitucional é anunciada esta sexta-feira
Jornal i
O Tribunal
Constitucional vai anunciar nesta sexta-feira a decisão sobre as reformas do
Orçamento do Estado 2013, avança o semanário “Expresso”. São 16 as normas do
Orçamento que Cavaco Silva e os partidos da oposição pediram para serem
analisadas.
As normas
referem-se, sobretudo, à suspensão do subsídio de férias aos funcionários
públicos, aos cortes nas horas extraordinárias, à redução dos escalões do IRS,
à suspensão de 90% do subsídio de férias a pensionistas, entre outros.
Maioria PSD/CDS-PP
chumba Moção de Censura apresentada pelo PS
Jornal i – Lusa
A moção de censura
ao Governo apresentada pelo PS foi hoje ‘chumbada' com os votos contra da
maioria PSD/CDS-PP que sustenta o executivo liderado por Pedro Passos Coelho.
Apesar do ‘chumbo'
assegurado pelo voto contra das bancadas da maioria, que somou um total de 131
votos, toda a oposição uniu-se no voto favorável à moção de censura socialista.
De um total de 230
deputados, estiveram presentes 228 parlamentares. Votaram contra os 108
deputados do PSD e 23 parlamentares do CDS-PP.
Os votos favoráveis
das bancadas da oposição, num total de 97, distribuíram-se da seguinte forma:
73 votos para o PS, 14 para o PCP, oito para o BE e dois para o partido
ecologista os Verdes.
À votação da moção
de censura apresentada pelo PS faltaram, portanto, dois deputados, um
socialista e outro da bancada do CDS-PP.
Para a moção de
censura ser aprovada - o que implicava a demissão do Governo - era necessário
ter obtido os votos da maioria dos deputados em efetividade de funções.
Esta foi a 24ª
moção de censura ao Governo da história da democracia portuguesa e a quarta vez
que o executivo de Passos Coelho foi submetido à censura da oposição, em menos
de dois anos de governação.
Passos. Moção do PS
é um acto “espantoso” e “até perverso”
Liliana Valente –
Jornal i
O primeiro-ministro
acusou hoje o Partido Socialista de criar “instabilidade” ao apresentar uma
moção de censura ao governo e de estar mais preocupado com o “calendário
partidário”. Passos Coelho abriu esta tarde o debate sobre a moção de censura
do PS depois de António José Seguro ter discursado, num discurso cheio de
adjectivos para qualificar a acção do PS, Passos apontou o dedo aos socialistas
dizendo que com isto mais não estão a fazer do que a gerar “instabilidade” e
prejudicando a confiança no país. “Por que razão decide o PS criar, então, um
clima de instabilidade política e de divergência face ao exterior que é
prejudicial ao bom resultado que precisamos de obter para Portugal nestas duas
semanas?” E acrescentou que cabe ao PS “construir a alternativa democrática no
país, este comportamento radical e dúvidas juntos dos nossos parceiros externos
e dos investidores em geral”.
No mesmo tom, o
primeiro-ministro questionou: “Com que autoridade censura o PS estes resultados
que, no passado, foi ele próprio incapaz de atingir? É realmente espantoso ver
o partido que mais aumentou o défice do Estado em Portugal censurar a maioria
que o está a diminuir. Ou ver o partido que menos reformas estruturais
realizou, quando teve bastante e melhor oportunidade para as concretizar,
censurar a maioria que mais reformas tem produzido em Portugal. Ou mesmo ver o
partido que mais poupança destruiu e mais desequilíbrio externo provocou
censurar a maioria que mais conseguiu elevar a poupança e reduzir o défice da
balança corrente.” E concretizou: “É espantoso, para não dizer perverso, que o
partido que conduziu o país ao precipício financeiro e que negociou o resgate
externo apareça agora a censurar a maioria e o governo apenas porque estamos a
cumprir os termos desse resgate e damos a cara pelo ajustamento inevitável a
que nos conduziram”.
Além de apontar o
dedo ao passado, Passos criticou o PS pelo timing em que apresenta o moção,
lembrando que neste momento o país está a negociar as maturidades do empréstimo
– um dos pedidos do PS, lembrou – mas também a preparar-se para uma emissão de
dívida a dez anos.
"Mais dois
anos deste governo seria um pesadelo brutal"
Rita Tavares –
Jornal i
Debate da moção de
censura do PS começou com uma intervenção de Seguro que acredita haver
"uma Primavera política a despontar"
António José Seguro
abriu o debate da moção de censura a pedir a cabeça do governo de Pedro Passos
Coelho. "Permitir que este governo permaneça em funções por mais dois anos
seria um pesadelo brutal. Livrar os portugueses deste governo tornou-se num
imperativo nacional".
O líder socialista
garantiu no parlamento que a moção do seu partido "oferece uma solução
para a crise política" e falou numa "via alternativa, assente no
crescimento económico e com rigor orçamental".
E, em resposta às
criticas da maioria sobre a falta de propostas alternativas do PS, Seguro
insistiu com as cinco propostas do partido - parar com a austeridade,
estabilizar a economia, programa de emergência para apoiar desempregados,
"estratégia realista para diminuição da dívida pública" e a agenda
para o crescimento e o emprego".
Mas Seguro também
admitiu que este caminho já não é suficiente, insistindo com a
"renegociação profunda do programa de ajustamento" português. Aliás,
para o PS, sem a renegociação "é irrealista pensar em cumprir metas e
prazos".
Com a moção, que
hoje tem o chumbo garantido da maioria, o PS acredita que "nada ficará
como antes". Mesmo que a "maioria parlamentar queira manter o governo
em coma", afirmou Seguro. No fecho do discurso, o líder do PS foi mais
longe e falou mesmo numa "Primavera política a despontar" e num
"Abril novo a nascer".
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