quinta-feira, 11 de abril de 2013

Portugal: ANÚNCIO DE MAU AGÚRIO




Diário de Notícias, editorial

O terceiro relatório do Conselho Nacional de Educação (CNE) dá-nos um retrato a claro e escuro do "Estado da Educação" em Portugal. Os avanços na última década são inegáveis. Em primeiríssimo lugar, na luta pela superação daquela que é a mais pesada herança do Estado Novo: a ignorância, a falta de estudos generalizada da população portuguesa. Na última década, os avanços na escolarização geral e na extensão dos anos de escolaridade efetiva são impressivos. Segundo os dados de 2011, estamos, apenas, a 3,5 pontos percentuais (pp) de atingir a média europeia na pré-primária, a 10 pp na parte da população com o secundário completo e, igualmente, a 10 pp dos adultos até 34 anos, que detêm um curso superior.

Estes resultados, atingidos através de maior eficiência no sistema, conduziu a uma redução para quase metade do abandono escolar precoce nos 12 anos de escolaridade: em vez de 44,2%, no início do novo século, 23,2%, em 2011. Mesmo assim, há ainda um enorme fosso face aos nossos concorrentes na Europa: o abandono europeu cifra-se, em média, nos 13,5% - estando todos empenhados em reduzi-lo para menos de 10%, até 2020.

O que falta fazer, de forma a aprofundar os progressos de uma década, longe de ter sido perdida, é imenso. E não se compadece com o subfinanciamento e a subalocação de professores e funcionários num sistema complexo, com mais de dois milhões de alunos. O investimento em capital humano leva tempo a dar frutos no bem-estar da população. Mas a regressão da escola pública, bem como da ciência e tecnologia, promovidas com capitais públicos (para além dos dos privados), tem efeitos devastadores na capacidade de sair positiva e produtivamente da crise atual. São, assim, de mau augúrio os cortes adicionais anunciados para estes sistemas!

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