Diário de Notícias,
editorial
O terceiro
relatório do Conselho Nacional de Educação (CNE) dá-nos um retrato a claro e
escuro do "Estado da Educação" em Portugal. Os avanços na última
década são inegáveis. Em primeiríssimo lugar, na luta pela superação daquela
que é a mais pesada herança do Estado Novo: a ignorância, a falta de estudos
generalizada da população portuguesa. Na última década, os avanços na
escolarização geral e na extensão dos anos de escolaridade efetiva são
impressivos. Segundo os dados de 2011, estamos, apenas, a 3,5 pontos
percentuais (pp) de atingir a média europeia na pré-primária, a 10 pp na parte
da população com o secundário completo e, igualmente, a 10 pp dos adultos até
34 anos, que detêm um curso superior.
Estes resultados,
atingidos através de maior eficiência no sistema, conduziu a uma redução para
quase metade do abandono escolar precoce nos 12 anos de escolaridade: em vez de
44,2%, no início do novo século, 23,2%, em 2011. Mesmo assim, há ainda um
enorme fosso face aos nossos concorrentes na Europa: o abandono europeu
cifra-se, em média, nos 13,5% - estando todos empenhados em reduzi-lo para
menos de 10%, até 2020.
O que falta fazer,
de forma a aprofundar os progressos de uma década, longe de ter sido perdida, é
imenso. E não se compadece com o subfinanciamento e a subalocação de
professores e funcionários num sistema complexo, com mais de dois milhões de
alunos. O investimento em capital humano leva tempo a dar frutos no bem-estar
da população. Mas a regressão da escola pública, bem como da ciência e tecnologia,
promovidas com capitais públicos (para além dos dos privados), tem efeitos
devastadores na capacidade de sair positiva e produtivamente da crise atual.
São, assim, de mau augúrio os cortes adicionais anunciados para estes sistemas!
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