Eduardo Oliveira
Silva – Jornal i, opinião
Passos desiste da
economia, insiste na receita recessiva, mas corrige falhas de Portas
Desde Luís XIV que
não se via ninguém assumir a máxima do Rei Sol, “L’État c’est moi” (“O Estado
sou eu”). Salazar ensaiou, mas Vítor Gaspar assumiu.
O tiro saiu-lhe
pela culatra. Horas depois de pôr cá fora o comunicado em que decretava esse
totalitarismo foi obrigado a dizer que a medida era momentânea e a justificar
meia folha de fundamentos da decisão com cinco outras a explicar as excepções.
Mais uma trapalhada, agora por causa de mil milhões, mais ou menos o valor
“Operação ANA Falhada” ou 1% do défice.
Vítor Gaspar
muniu-se do pretexto e foi para Dublin insistir na política financeira, pedindo
mais dinheiro para pagar, ignorando que o ciclo recessivo catastrófico que
criou não vem desse incidente, mas de erros sistemáticos que nos retiraram a
esperança e nos atiraram para a desesperança. E assim se criou um pântano maior
que aquele de onde Guterres se pôs a léguas.
Os sete anos de
moratória que a Europa nos vai dar para pagar a dívida nada mudam, porque não
existe nenhuma circunstância que permita a criação de riqueza, insistindo-se
apenas numa e distante dos cidadãos, como acentuou ontem o Presidente Cavaco.
Nem mesmo quem nos
compra dívida se recomenda. Já se viu que são especuladores especializados.
Exactamente aqueles que fugiram logo que a nossa economia apresentou as
primeiras debilidades.
Isto enquanto
Passos mexia no governo de forma inesperada quanto ao nome de Poiares Maduro.
Há a convicção de se tratar de figura altamente preparada, o que também era o
caso de Santos Pereira, que se afoga diariamente mas cheio de razão.
A indicação de
Poiares confirma que o governo vai manter, procurando-o como paliativo de
crescimento, o dinheiro do QREN, que fica na mão do novo ministro, a quem vai
também competir actuar junto da União Europeia para fazer lóbi a favor de
Portugal. Poiares vai buscar poderes a Gaspar e a Santos Pereira, mas não só.
Ao nomeá-lo, Passos procura colmatar uma grave falha de Paulo Portas, que se
preocupou com mercados longínquos e pouco ou nada com a política europeia, onde
a sua acção foi nula e portanto negativa para o país. Mais útil teria sido um
ministro do Comércio Externo e contar com a experiência do líder do CDS para obter
resultados na União. Também nesse campo se presumiu excessivamente das
capacidades de Gaspar.
O sempre-em-pé
Faria de Oliveira
está em todas as soluções. Seja governo do PSD, seja do PS, seja coligação
PSD/CDS, ei-lo sempre em posição de destaque, normalmente à frente de uma
empresa suculenta. Esta semana foi interessante ouvi-lo falar da hipótese de o
PS ter de ser chamado ao governo. Deve ter sido essa a única forma de poder que
ainda não nomeou este político e gestor para uma alta função. Se calhar não
falta muito.
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