sábado, 13 de abril de 2013

Portugal: MANTER A ROTA ERRADA




Eduardo Oliveira Silva – Jornal i, opinião

Passos desiste da economia, insiste na receita recessiva, mas corrige falhas de Portas

Desde Luís XIV que não se via ninguém assumir a máxima do Rei Sol, “L’État c’est moi” (“O Estado sou eu”). Salazar ensaiou, mas Vítor Gaspar assumiu.

O tiro saiu-lhe pela culatra. Horas depois de pôr cá fora o comunicado em que decretava esse totalitarismo foi obrigado a dizer que a medida era momentânea e a justificar meia folha de fundamentos da decisão com cinco outras a explicar as excepções. Mais uma trapalhada, agora por causa de mil milhões, mais ou menos o valor “Operação ANA Falhada” ou 1% do défice.

Vítor Gaspar muniu-se do pretexto e foi para Dublin insistir na política financeira, pedindo mais dinheiro para pagar, ignorando que o ciclo recessivo catastrófico que criou não vem desse incidente, mas de erros sistemáticos que nos retiraram a esperança e nos atiraram para a desesperança. E assim se criou um pântano maior que aquele de onde Guterres se pôs a léguas.

Os sete anos de moratória que a Europa nos vai dar para pagar a dívida nada mudam, porque não existe nenhuma circunstância que permita a criação de riqueza, insistindo-se apenas numa e distante dos cidadãos, como acentuou ontem o Presidente Cavaco.

Nem mesmo quem nos compra dívida se recomenda. Já se viu que são especuladores especializados. Exactamente aqueles que fugiram logo que a nossa economia apresentou as primeiras debilidades.

Isto enquanto Passos mexia no governo de forma inesperada quanto ao nome de Poiares Maduro. Há a convicção de se tratar de figura altamente preparada, o que também era o caso de Santos Pereira, que se afoga diariamente mas cheio de razão.

A indicação de Poiares confirma que o governo vai manter, procurando-o como paliativo de crescimento, o dinheiro do QREN, que fica na mão do novo ministro, a quem vai também competir actuar junto da União Europeia para fazer lóbi a favor de Portugal. Poiares vai buscar poderes a Gaspar e a Santos Pereira, mas não só. Ao nomeá-lo, Passos procura colmatar uma grave falha de Paulo Portas, que se preocupou com mercados longínquos e pouco ou nada com a política europeia, onde a sua acção foi nula e portanto negativa para o país. Mais útil teria sido um ministro do Comércio Externo e contar com a experiência do líder do CDS para obter resultados na União. Também nesse campo se presumiu excessivamente das capacidades de Gaspar.

O sempre-em-pé

Faria de Oliveira está em todas as soluções. Seja governo do PSD, seja do PS, seja coligação PSD/CDS, ei-lo sempre em posição de destaque, normalmente à frente de uma empresa suculenta. Esta semana foi interessante ouvi-lo falar da hipótese de o PS ter de ser chamado ao governo. Deve ter sido essa a única forma de poder que ainda não nomeou este político e gestor para uma alta função. Se calhar não falta muito.

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