sexta-feira, 12 de abril de 2013

Venezuela: PAÍS ENCERRA CAMPANHA ELEITORAL RELÂMPAGO E SEM MEIOS-TERMOS




Angola Press

Caracas - A Venezuela acompanha nesta quinta-feira o encerramento de uma campanha eleitoral relâmpago marcada pela falta de "meios-termos", que culminará no próximo domingo com a eleição do primeiro presidente eleito da era pós-Hugo Chávez.

Com um período oficial de apenas dez dias para sair às ruas, os candidatos evitaram uma discussão aprofundada das suas propostas, focando-se, em vez disso, em mensagens contundentes que acentuaram a tradicional polarização política do país.

Se as pesquisas estiverem correctas, o candidato oficial, o presidente em exercício Nicolás Maduro, terá pelo menos dez pontos de vantagem sobre o nome da oposição, o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles Radonski.

Uma repetição do resultado das eleições de outubro, nas quais Chávez derrotou Capriles por 55% a 45%, seria um indicativo de que a polarização política venezuelana prosseguirá.

Segundo dados da consultoria Datanálisis, o "núcleo duro" do chavismo normalmente compreende entre 35% a 40% do eleitorado, uma margem de dez pontos sobre a proporção de opositores "duros".

Na avaliação do sócio-director da consultoria, Luis Vicente León, os curtos dez dias de campanha não foram suficientes para mudar significativamente as intenções de votos entre os eleitores independentes, os chamados "ni-ni" (nem-nem, em espanhol, porque não preferem nem um nem outro grupo).

A polarização também se traduz na imprensa e na mídia venezuelanas. Nos dois mais influentes jornais venezuelanos - o El Universal e o El Nacional - nem um só artigo de opinião favorável ao governo foi publicado nas edições desta quinta-feira.

Em contrapartida, a quatro dias da votação, as TVs oficiais são acusadas de outorgar ao candidato chavista mais - e melhor - exposição que a de Capriles.

A organização Monitoreo Ciudadano estimou que, dos quatro dias de cobertura entre 2 e 5 de abril, quase um inteiro (22h33) foi material em favor de Maduro.

A discrepância levou a oposição a incluir, nas suas dez principais plataformas de campanha, um item defendendo "meios de comunicação para todos".

A oposição acusa o oficialismo de utilizar todos os meios disponíveis para se perpetuar no poder, incluindo o uso aberto de recursos estatais, como o Conselho Nacional Eleitoral, o órgão que organiza o pleito.

Tanto é que a coligação de oposição, Mesa Unidad Democratica, se recusou a assinar um compromisso junto às autoridades eleitorais de que respeitará o resultado das eleições de domingo.

Sugerindo que as autoridades oficiais querem apenas encenar o jogo democrático, a campanha de Capriles publicou na quarta-feira nos jornais um anúncio no qual se compromete a respeitar a Constituição e a vontade do povo venezuelano.

Para os chavistas, Capriles é quem faz jogo, ao criticar o mesmo sistema eleitoral pelo qual foi eleito governador do Estado de Miranda.

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