Angola Press
Caracas - A
Venezuela acompanha nesta quinta-feira o encerramento de uma campanha eleitoral
relâmpago marcada pela falta de "meios-termos", que culminará no próximo
domingo com a eleição do primeiro presidente eleito da era pós-Hugo Chávez.
Com um período oficial de apenas dez dias para sair às ruas, os candidatos
evitaram uma discussão aprofundada das suas propostas, focando-se, em vez
disso, em mensagens contundentes que acentuaram a tradicional polarização
política do país.
Se as pesquisas estiverem correctas, o candidato oficial, o presidente em
exercício Nicolás Maduro, terá pelo menos dez pontos de vantagem sobre o nome
da oposição, o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles Radonski.
Uma repetição do resultado das eleições de outubro, nas quais Chávez derrotou
Capriles por 55% a 45%, seria um indicativo de que a polarização política
venezuelana prosseguirá.
Segundo dados da consultoria Datanálisis, o "núcleo duro" do chavismo
normalmente compreende entre 35% a 40% do eleitorado, uma margem de dez pontos
sobre a proporção de opositores "duros".
Na avaliação do sócio-director da consultoria, Luis Vicente León, os curtos dez
dias de campanha não foram suficientes para mudar significativamente as
intenções de votos entre os eleitores independentes, os chamados
"ni-ni" (nem-nem, em espanhol, porque não preferem nem um nem outro
grupo).
A polarização também se traduz na imprensa e na mídia venezuelanas. Nos dois
mais influentes jornais venezuelanos - o El Universal e o El Nacional - nem um
só artigo de opinião favorável ao governo foi publicado nas edições desta
quinta-feira.
Em contrapartida, a quatro dias da votação, as TVs oficiais são acusadas de
outorgar ao candidato chavista mais - e melhor - exposição que a de Capriles.
A organização Monitoreo Ciudadano estimou que, dos quatro dias de cobertura
entre 2 e 5 de abril, quase um inteiro (22h33) foi material em favor de Maduro.
A discrepância levou a oposição a incluir, nas suas dez principais plataformas
de campanha, um item defendendo "meios de comunicação para todos".
A oposição acusa o oficialismo de utilizar todos os meios disponíveis para se
perpetuar no poder, incluindo o uso aberto de recursos estatais, como o
Conselho Nacional Eleitoral, o órgão que organiza o pleito.
Tanto é que a coligação de oposição, Mesa Unidad Democratica, se recusou a
assinar um compromisso junto às autoridades eleitorais de que respeitará o
resultado das eleições de domingo.
Sugerindo que as autoridades oficiais querem apenas encenar o jogo democrático,
a campanha de Capriles publicou na quarta-feira nos jornais um anúncio no qual
se compromete a respeitar a Constituição e a vontade do povo venezuelano.
Para os chavistas, Capriles é quem faz jogo, ao criticar o mesmo sistema eleitoral
pelo qual foi eleito governador do Estado de Miranda.
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