PMA – MLL - Lusa
Maputo, 21 mai
(Lusa) - O Governo moçambicano realçou a existência de consenso sobre "a
preservação da paz" nas negociações retomadas na segunda-feira com a
Renamo, enquanto o principal partido da oposição preferiu insistir na
transparência dos órgãos eleitorais do país.
As negociações
entre o executivo moçambicano e a Renamo (Resistência Nacional de Moçambique)
destinam-se a pôr termo à crise provocada pela ameaça do principal partido da
oposição de boicotar as eleições municipais de novembro próximo e gerais
(presidenciais e legislativas) de 2014.
O principal partido
da oposição ameaça impedir a realização dos escrutínios, enquanto não for
satisfeita a sua exigência de participar em igualdade numérica com a Frelimo,
partido no poder, na Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Em declarações aos
jornalistas sobre as negociações, o chefe da delegação do Governo, José
Pacheco, afirmou que as duas partes estão em consenso sobre a necessidade de
preservar e aprofundar a paz no país.
"Desta ronda,
importa destacar algumas linhas de força que começam a ser consenso. A primeira
linha é a necessidade de dialogarmos para a preservação e consolidação da
unidade nacional, a segunda linha é a preservação e aprofundamento da paz e
democracia em Moçambique e que o princípio de diálogo deve ser objeto a nortear
a nossa atividade", enfatizou José Pacheco.
O chefe da
delegação governamental disse que a Renamo apresentou na atual ronda negocial
dois documentos, um sobre os termos de referência em relação ao formato das
negociações e outro sobre a posição do partido em relação à legislação
eleitoral.
"Um segundo
documento que a Renamo apresentou é, de facto, aquilo que poderíamos considerar
que será o primeiro ponto efetivamente de diálogo que versa sobre as matérias
do pacote eleitoral", disse José Pacheco, que ocupa a pasta de ministro da
Agricultura.
Por seu turno, o
chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiane, afirmou que o partido defendeu
junto do Governo a exigência de que a CNE seja formada com base na paridade
entre os três partidos com assento parlamentar.
"Entendemos
que demos um passo importante para que, havendo vontade das partes, e também
com o apoio da sociedade moçambicana, possamos encontrar um compromisso no que
diz respeito aos princípios basilares que vão orientar eleições livres e
transparentes", salientou Saimone Macuiane.
O debate da ronda
negocial que se iniciou na segunda-feira marca a entrada para as questões de
fundo do processo, depois de as duas partes terem ultrapassado o impasse que se
vinha registando em relação a questões prévias colocadas pela Renamo.
Uma das questões prévias
estava relacionada com a libertação de membros da Renamo detidos durante uma
invasão da polícia a uma delegação do principal partido da oposição no centro
do país, que foi ultrapassada depois de os militantes do partido terem sido
libertados no fim de semana por falta de indícios criminais.
Além da revisão da
legislação eleitoral, a Renamo exige a reintegração dos seus oficiais no
exército, a despartidarização do Estado e a promoção de oportunidades de acesso
aos rendimentos gerados pelos recursos naturais.
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