O mundo «não deve
abandonar as vítimas da história»
Bissau – O
coordenador do grupo parlamentar britânico para a Guiné-Bissau, Peter Thompson, deixou um aviso à comunidade internacional, no
sentido em que a Guiné-Bissau deverá reconciliar-se com o seu passado, antes de
ter um melhor futuro.
Falando numa
conferência internacional de paz, que teve lugar na Irlanda do Norte, Peter
Thompson disse que resolver o passado é o primeiro passo para uma Guiné-Bissau
mais estável.
«Desde a independência, a Guiné-Bissau foi andando de crise em crise, de golpe
em golpe, de assassinato em assassinato. Ao povo da Guiné-Bissau nunca foi dada
a dignidade de um processo de verdade e de reconciliação nacional. Várias
comunidades guineenses no país têm perguntas sem resposta acerca do passado e
desejam falar sobre isso», referiu o coordenador do grupo parlamentar
britânico.
Peter Thompson disse que «chegou o tempo de as vítimas serem legalmente
reconhecidas como tal. Justiça histórica, através de amnistias verdadeiras ou
ainda os tradicionais «fóruns locais» deverão ser tidos em consideração. Estas
respostas não se encontram num livro, encontram-se nos corações do povo
guineense. Vamos ouvi-los e dar-lhes força para prosseguir».
O responsável pelo grupo parlamentar britânico afirmou também que os membros
das Forças Armadas que foram mortos, feridos ou torturados durante a guerra da
independência, a guerra civil ou noutro conflito interno, deverão ser
formalmente reconhecidos como vítimas, em paralelo com as suas famílias.
«Um processo de reconciliação nacional não pode ter uma hierarquia de vítimas.
Soldados que sofreram devem ter o mesmo reconhecimento que as vítimas civis da
guerra colonial ou das vítimas da violência militar guineense nos últimos 50
anos. Não nos vamos esquecer que os soldados guineenses são também seres
humanos e que as Forças Armadas do país deram ao seu povo a dignidade da
independência e da auto-determinação», apelou.
Peter Thompson, ele próprio uma vítima do conflito na Irlanda do Norte, é o
membro internacional da Comissão de Reconciliação na Assembleia Nacional
Popular (ANP).
(c) PNN Portuguese
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