Sol - Lusa
O portal “Memórias
de África e do Oriente” tem como objetivo disponibilizar à comunidade
científica, estudantes e outros interessados o registo bibliográfico de
milhares de obras e documentos digitalizados que ligam os países lusófonos,
disse hoje um coordenador do projeto.
“O objetivo era,
precisamente, colocar à disposição da comunidade científica, dos estudantes ou
até mesmo de simples curiosos, não só a existência destes acervos
bibliográficos, mas também o local em que estas obras se encontravam”, disse à
Lusa Carlos Sangreman, um dos coordenadores executivos do projeto.
O portal é um
instrumento fundamental e pioneiro na tentativa de potenciar a memória
histórica dos laços que unem Portugal e a lusofonia, sendo uma ponte com o
passado comum na construção de uma identidade coletiva dos povos de todos esses
países, de acordo com Sangreman.
O site “Memórias de
África e do Oriente”, que existe deste 1997, é um projeto da Fundação
Portugal-África, atualmente desenvolvido e mantido pela Universidade de Aveiro
e pelo Centro de Estudos sobre a África e do Desenvolvimento (CEsA) do
ISEG/UTL.
Segundo Carlos
Sangreman, o projeto surgiu porque se chegou “à conclusão de que muitos acervos
em Portugal que não estavam inventariados e, portanto, havia caixotes de coisas
espalhadas por diversas instituições e que não eram nem tratadas
informaticamente e nem sequer do ponto de vista bibliográfico”.
“Com a evolução da
tecnologia, a partir mais ou menos de 2002 ou 2003, começou-se a pensar na
digitalização de obras e na disposição, no próprio portal, de obras
digitalizadas que as pessoas pudessem consultar”, sublinhou Sangreman, docente
no departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade
de Aveiro.
Sangreman disse que
pessoas de 170 países já consultaram o portal, de acesso livre ao público,
sendo mais procurados por portugueses, brasileiros e angolanos e contabilizando
mais de 361 mil registos de acervos bibliográficos e cerca de 370 mil páginas digitalizadas
de obras.
De acordo com
Sangreman, são vários tipos de documentos que estão no portal, desde estudos
técnicos, mapas, livros, álbuns fotográficos, documentos variados de dezenas de
instituições, como os Arquivos Históricos de Moçambique e de São Tomé e
Príncipe e o Arquivo Nacional de Cabo Verde.
O projeto começou
por Portugal e “à medida que o projeto se foi desenvolvendo, foi possível fazer
recolha de registos em Cabo Verde, na Guiné-Bissau, em São Tomé e Príncipe,
Moçambique (…) e em Goa”, disse o coordenador, que também integra o Gabinete de
Cooperação Internacional para o Desenvolvimento da Universidade de Aveiro.
Para estes países
foram feitos projetos específicos para a recolha dos dados para o portal.
No portal, “há
obras também dos outros países lusófonos, de Angola, de Timor-Leste, do
Brasil”, disse ainda o investigador do Centro de Estudos sobre a África e do
Desenvolvimento (CEsA) do ISEG/UTL.
“Em Portugal, a
grande instituição que mais fornece obras para se fazer o registo bibliográfico
e para a digitalização é a biblioteca central da Universidade de Coimbra”,
sublinhou, acrescentando que tem uma vasto material para ser ainda trabalhado.
O investigador
afirmou que vem tentando motivar instituições brasileiras e angolanas a
desenvolver projetos semelhantes ao portal português, para posterior partilha
de informação, mas não tem tido sucesso.
No caso do Brasil,
disse que houve duas universidades interessadas, mas não conseguiram
financiamento para desenvolver o projeto, o que lamentou, pois o país tem
“acervos que não existem em mais parte alguma”.
O endereço do
portal “Memórias de África e do Oriente” é http://memoria-africa.ua.pt
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