Mário Augusto
Jakobskind* – Direto da Redação
Julian Assange, o
fundador do site WikiLeaks, que nesta quarta-feira (19) completa um ano de
permanência na Embaixada do Equador em Londres para evitar ser deportado à
Suécia e posteriormente entregue aos Estados Unidos, encontrou-se nestes dias
com o músico René Pérez Joglar, também conhecido como Residente, do conjunto
portoriquenho Calle 13. Assange foi informado pelo cantor sobre a partitura de
uma canção que denuncia a censura e a manipulação dos meios de comunicação.
Assange é
informante de fatos a que todos deveriam ter acesso. Contrariar esses
princípios através do mecanismo de escuta e vigilância na internet, como
confirmado agora pelo ex-agente da CIA Edward Swoden, é desrespeitar o direito
humano da informação, consequentemente atentatório à democracia.
A batalha de
Assange e de seu aliado René Pérez Joglar é de todos aqueles desejosos de um
mundo mais justo e sem censuras. Assange pode ser considerado um herói dos
tempos modernos da revolução tecnológica, da mesma forma que o soldado
estadunidense Bradley Manning, preso e torturado há três anos e agora sendo
submetido a julgamento, que já se sabe antecipadamente qual será o veredito.
Graças a Assange o
mundo ficou sabendo de maquinações do governo dos Estados Unidos em várias
partes. Do Brasil foram confirmadas várias informações sobre ingerência
norte-americana que circulavam a boca pequena.
Por estas e muitas
outras, a libertação de Assange é uma exigência dos que não aceitam um mundo
controlado por países que querem impor governos subservientes e inventam
histórias para conseguir seus objetivos.
Ao estilo Colin
Powell - Exemplos mais recentes são os acontecimentos na Síria, onde o
governo dos Estados Unidos, ao estilo Colin Powell na era George W. Bush
revelou que forças do presidente Bachar al Assad utilizam armas químicas contra
seus opositores. Mas a Rússia desta vez avisou que as revelações não são
convincentes.
A Casa Branca,
juntamente com a Turquia e regimes monárquicos como da Arábia Saudita e Qatar,
apoia os chamados rebeldes, entre os quais grupos vinculados a Al Qaeda, em
ação há mais de dois anos e que não aceitam sentar a mesa para tentar acabar
com o banho de sangue. E, por coincidência ou não, no momento em que o governo
sírio tem conseguido recuperar áreas ocupadas pelos opositores, a Casa Branca
denuncia o uso de armas químicas. A Turquia e os regimes monárquicos querem
mais ao defenderem a vigência de uma zona de exclusão aérea e assim
sucessivamente.
Garras do bloqueio -
Ao mesmo tempo em que o mundo assiste o que poderá ser uma ação militar
Ocidental, caso a Rússia recue nas advertências sobre a Síria, como aconteceu
com a Líbia, Washington segue com sua política de bloqueio a Cuba. A última
informação nesse sentido indica que o Departamento de Tesouro norte-americano
confiscou os fundos de uma organização solidária britânica (Campanha Solidária
a Cuba) que compraria cem exemplares do livro A guerra econômica contra
Cuba, que relata as consequências do bloqueio norte-americano para a população
cubana.
A investida
autoritária do Departamento de Tesouro, além de bloquear os fundos exigiu que a
referida ONG britânica explicasse em detalhes as relações com Cuba. Ou seja, as
garras do governo estadunidense investem ilegalmente contra um outro país, no
caso a Grã Bretanha, impedindo a venda de um livro que denuncia o bloqueio.
O pais que se
considera arauto da democracia no mundo e tenta evitar a divulgação mais ampla,
por exemplo, da informação sobre a proibição da compra por Cuba de remédios e
equipamentos médicos fabricados apenas nos Estados Unidos, também mantém a ilha
caribenha na lista de países terroristas, juntamente com a Síria, Somália e
Irã.
Centenas de cubanos
estadunidenses e 60 cidadãos norte-americanos, entre os quais , escritores,
artistas, líderes religiosos e empresários assinaram abaixo assinado, enviado
ao governo Barack Obama, contestando mais esta ação desestabilizadora contra
Cuba.
O justo pleito foi
também uma resposta a uma carta enviada a Obama por três parlamentares de
origem cubana exigindo que Cuba fosse mantida na lista. O sectarismo
parlamentar veio da parte das republicanas Ilena Ros-Lehtinen e Mari
Diaz-Balart e do democrata Albio Sires.
Os integrantes da
Fundação para a Normalização das Relações entre Estados Unidos e Cuba, com sede
em Miami, contestaram os parlamentares fazendo questão de assinalar que Ilena
Ros-Lehtinen, Mari Diaz-Balart e Albio Sires não representam a maioria da
comunidade cubano estadunidense.
Truculência -
Enquanto isso, em São Paulo, o governador tucano Geraldo Alckmin defendeu a
ação truculenta da Polícia Militar paulista contra os manifestantes que
protestavam contra o aumento abusivo das passagens de ônibus. O comandante em
chefe da PM nem levou em conta o fato de um fotógrafo correr o risco de ficar
cego por ter sido atingido por bala de borracha. Assim caminha um governo do
PSDB. E aqui no Rio, Sergio Cabral do PMDB não está ficando atrás.
*É correspondente
no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da
Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o
Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros,
de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE
Sem comentários:
Enviar um comentário