quinta-feira, 20 de junho de 2013

MÚSICA POR UM HERÓI DOS TEMPOS MODERNOS




Mário Augusto Jakobskind* – Direto da Redação

Julian Assange, o fundador do site WikiLeaks, que nesta quarta-feira (19) completa um ano de permanência na Embaixada do Equador em Londres para evitar ser deportado à Suécia e posteriormente entregue aos Estados Unidos, encontrou-se nestes dias com o músico René Pérez Joglar, também conhecido como Residente, do conjunto portoriquenho Calle 13. Assange foi informado pelo cantor sobre a partitura de uma canção que denuncia a censura e a manipulação dos meios de comunicação.

Assange é informante de fatos a que todos deveriam ter acesso. Contrariar esses princípios através do mecanismo de escuta e vigilância na internet, como confirmado agora pelo ex-agente da CIA Edward Swoden, é desrespeitar o direito humano da informação, consequentemente atentatório à democracia.

A batalha de Assange e de seu aliado René Pérez Joglar é de todos aqueles desejosos de um mundo mais justo e sem censuras. Assange pode ser considerado um herói dos tempos modernos da revolução tecnológica, da mesma forma que o soldado estadunidense Bradley Manning, preso e torturado há três anos e agora sendo submetido a julgamento, que já se sabe antecipadamente qual será o veredito.

Graças a Assange o mundo ficou sabendo de maquinações do governo dos Estados Unidos em várias partes. Do Brasil foram confirmadas várias informações sobre ingerência norte-americana que circulavam a boca pequena.

Por estas e muitas outras, a libertação de Assange é uma exigência dos que não aceitam um mundo controlado por países que querem impor governos subservientes e inventam histórias para conseguir seus objetivos.

Ao estilo Colin Powell - Exemplos mais recentes são os acontecimentos na Síria, onde o governo dos Estados Unidos, ao estilo Colin Powell na era George W. Bush revelou que forças do presidente Bachar al Assad utilizam armas químicas contra seus opositores. Mas a Rússia desta vez avisou que as revelações não são convincentes.

A Casa Branca, juntamente com a Turquia e regimes monárquicos como da Arábia Saudita e Qatar, apoia os chamados rebeldes, entre os quais grupos vinculados a Al Qaeda, em ação há mais de dois anos e que não aceitam sentar a mesa para tentar acabar com o banho de sangue. E, por coincidência ou não, no momento em que o governo sírio tem conseguido recuperar áreas ocupadas pelos opositores, a Casa Branca denuncia o uso de armas químicas. A Turquia e os regimes monárquicos querem mais ao defenderem a vigência de uma zona de exclusão aérea e assim sucessivamente.

Garras do bloqueio - Ao mesmo tempo em que o mundo assiste o que poderá ser uma ação militar Ocidental, caso a Rússia recue nas advertências sobre a Síria, como aconteceu com a Líbia, Washington segue com sua política de bloqueio a Cuba. A última informação nesse sentido indica que o Departamento de Tesouro norte-americano confiscou os fundos de uma organização solidária britânica (Campanha Solidária a Cuba) que compraria cem exemplares do livro A guerra econômica contra Cuba, que relata as consequências do bloqueio norte-americano para a população cubana.

A investida autoritária do Departamento de Tesouro, além de bloquear os fundos exigiu que a referida ONG britânica explicasse em detalhes as relações com Cuba. Ou seja, as garras do governo estadunidense investem ilegalmente contra um outro país, no caso a Grã Bretanha, impedindo a venda de um livro que denuncia o bloqueio.

O pais que se considera arauto da democracia no mundo e tenta evitar a divulgação mais ampla, por exemplo, da informação sobre a proibição da compra por Cuba de remédios e equipamentos médicos fabricados apenas nos Estados Unidos, também mantém a ilha caribenha na lista de países terroristas, juntamente com a Síria, Somália e Irã.

Centenas de cubanos estadunidenses e 60 cidadãos norte-americanos, entre os quais , escritores, artistas, líderes religiosos e empresários assinaram abaixo assinado, enviado ao governo Barack Obama, contestando mais esta ação desestabilizadora contra Cuba.

O justo pleito foi também uma resposta a uma carta enviada a Obama por três parlamentares de origem cubana exigindo que Cuba fosse mantida na lista. O sectarismo parlamentar veio da parte das republicanas Ilena Ros-Lehtinen e Mari Diaz-Balart e do democrata Albio Sires.

Os integrantes da Fundação para a Normalização das Relações entre Estados Unidos e Cuba, com sede em Miami, contestaram os parlamentares fazendo questão de assinalar que Ilena Ros-Lehtinen, Mari Diaz-Balart e Albio Sires não representam a maioria da comunidade cubano estadunidense.

Truculência - Enquanto isso, em São Paulo, o governador tucano Geraldo Alckmin defendeu a ação truculenta da Polícia Militar paulista contra os manifestantes que protestavam contra o aumento abusivo das passagens de ônibus. O comandante em chefe da PM nem levou em conta o fato de um fotógrafo correr o risco de ficar cego por ter sido atingido por bala de borracha. Assim caminha um governo do PSDB. E aqui no Rio, Sergio Cabral do PMDB não está ficando atrás.

*É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

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