Pedro Rainho –
Jornal i
Se as eleições
fossem hoje, o PS teria de se sentar à mesa e fazer contas para escolher (à
direita ou à esquerda) o parceiro de coligação
Com o governo
precisamente a meio do mandato, o barómetro i/Pitagórica de Maio revela que os
eleitores atribuem aos partidos da esquerda parlamentar uma vantagem de quase
20% sobre PSD e CDS nas intenções de voto - sobretudo graças à subida de quatro
pontos protagonizada pelos socialistas. Distribuídos os votos dos mais de 30%
de eleitores que se confessam indecisos, PS, CDU e Bloco de Esquerda conseguem
reunir 54,7% dos boletins, contra os 34,9% atribuídos aos (bastante
penalizados) partidos que compõem a actual coligação governamental.
Depois de uma queda
abrupta de 8% nas intenções de voto, em Abril, o PS volta a subir na sondagem.
O partido está ainda longe da melhor posição conseguida até ao momento - em
Março, quando recolheu 36,7% das intenções de voto -, mas em maré de
recuperação e a uns seguros 7,3% dos sociais-democratas. Os socialistas podem
agradecer a posição aos homens com mais de 55 anos, do centro do país e de
classe social baixa.
Em sentido inverso
está o PSD. Depois de uma recuperação de pouco mais de um ponto na última
sondagem (subindo para os 26,9%), os sociais-democratas surgem na pior posição
desde Outubro do ano passado, altura da primeira sondagem, quando recolhiam
25,4% das intenções de voto. Muito graças à escolha dos alentejanos e residentes
nas ilhas, à população entre 25 e os 44 anos e às classes sociais mais altas.
O parceiro de
coligação segue as pisadas do principal partido no governo e atinge a segunda
pior posição na história do barómetro i/Pitagórica, ficando- -se pelos 9,5%. O
CDS regista o maior tombo da sondagem, ainda que tenha conseguido manter a
cabeça um pouco acima da linha de água que se assinalou em Outubro de 2012,
quando os centristas não recolheram mais que 8,3% das preferências dos
inquiridos.
A direita perde claramente
votos, mas nem toda a esquerda capitaliza a quebra na popularidade dos partidos
da coligação. O Bloco de Esquerda até mantém o bom momento que vem registando
desde Março, e sobe dos 8,7% de Abril para os 9,4%, este mês, alcançando com
essa subida o seu melhor resultado e ultrapassando em sete décimas a última e,
até ao momento, melhor marca dos bloquistas.
Já a CDU - que
desde o passado mês de Janeiro se apresenta invariavelmente como a terceira
força partidária - perde duas décimas face ao resultado do último inquérito e
cai para os 12,6% da preferências de votos apresentadas pelos 506 inquiridos.
COLIGAÇÕES
Foi
há pouco mais de um mês que o secretário-geral do PS pediu maioria absoluta, no
XIX congresso do partido. Pelo menos por agora os eleitores não lhe fazem a
vontade: se as eleições se realizassem hoje, obrigariam António José Seguro a
pegar na calculadora para definir o caminho até à posição de conforto no
parlamento. Vamos a contas?
Excluamos o PSD da
equação e limitemos a estratégia governamental aos partidos pequenos. Se assim
for, o parceiro mais forte (em termos contabilísticos) seria a CDU, com a qual
o PS chegaria aos 45,3% dos votos e garantiria a maioria dos lugares do
hemiciclo. Seria um par provável de juntar? Pouco provável, quando se recordam
as considerações do deputado Bernardino Soares (PCP), ainda na semana passada,
ao retratar com pouca bonomia a "dança" calculista do PS à esquerda e
à direita.
PS e BE? Se a
margem de erro da sondagem (de cerca de 4,4%) fosse benéfica para os dois
partidos, até podia ser que chegassem à margem necessária para a maioria
absoluta. Juntos, conseguem, em rigor, 42,1% dos votos, um ponto abaixo do
limite mínimo para a independência legislativa no parlamento.
Virando a agulha
para a direita, juntar socialistas e centristas seria insistir, novamente, na
dúvida sobre a capacidade de alcançar metade dos deputados e mais um na
Assembleia da República - os dois partidos somam, neste momento, 42,4% dos
votos. Estaria Seguro inclinado a reeditar a fórmula usada por Mário Soares em
1978, quando o socialista virou as costas à esquerda e chamou ao governo o CDS
de Freitas do Amaral?
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técnica no original
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