segunda-feira, 3 de junho de 2013

Portugal - Barómetro i/Pitagórica. MAIORIA DE ESQUERDA NO PARLAMENTO



Pedro Rainho – Jornal i

Se as eleições fossem hoje, o PS teria de se sentar à mesa e fazer contas para escolher (à direita ou à esquerda) o parceiro de coligação

Com o governo precisamente a meio do mandato, o barómetro i/Pitagórica de Maio revela que os eleitores atribuem aos partidos da esquerda parlamentar uma vantagem de quase 20% sobre PSD e CDS nas intenções de voto - sobretudo graças à subida de quatro pontos protagonizada pelos socialistas. Distribuídos os votos dos mais de 30% de eleitores que se confessam indecisos, PS, CDU e Bloco de Esquerda conseguem reunir 54,7% dos boletins, contra os 34,9% atribuídos aos (bastante penalizados) partidos que compõem a actual coligação governamental.

Depois de uma queda abrupta de 8% nas intenções de voto, em Abril, o PS volta a subir na sondagem. O partido está ainda longe da melhor posição conseguida até ao momento - em Março, quando recolheu 36,7% das intenções de voto -, mas em maré de recuperação e a uns seguros 7,3% dos sociais-democratas. Os socialistas podem agradecer a posição aos homens com mais de 55 anos, do centro do país e de classe social baixa.

Em sentido inverso está o PSD. Depois de uma recuperação de pouco mais de um ponto na última sondagem (subindo para os 26,9%), os sociais-democratas surgem na pior posição desde Outubro do ano passado, altura da primeira sondagem, quando recolhiam 25,4% das intenções de voto. Muito graças à escolha dos alentejanos e residentes nas ilhas, à população entre 25 e os 44 anos e às classes sociais mais altas.

O parceiro de coligação segue as pisadas do principal partido no governo e atinge a segunda pior posição na história do barómetro i/Pitagórica, ficando- -se pelos 9,5%. O CDS regista o maior tombo da sondagem, ainda que tenha conseguido manter a cabeça um pouco acima da linha de água que se assinalou em Outubro de 2012, quando os centristas não recolheram mais que 8,3% das preferências dos inquiridos.

A direita perde claramente votos, mas nem toda a esquerda capitaliza a quebra na popularidade dos partidos da coligação. O Bloco de Esquerda até mantém o bom momento que vem registando desde Março, e sobe dos 8,7% de Abril para os 9,4%, este mês, alcançando com essa subida o seu melhor resultado e ultrapassando em sete décimas a última e, até ao momento, melhor marca dos bloquistas.

Já a CDU - que desde o passado mês de Janeiro se apresenta invariavelmente como a terceira força partidária - perde duas décimas face ao resultado do último inquérito e cai para os 12,6% da preferências de votos apresentadas pelos 506 inquiridos.

COLIGAÇÕES 

Foi há pouco mais de um mês que o secretário-geral do PS pediu maioria absoluta, no XIX congresso do partido. Pelo menos por agora os eleitores não lhe fazem a vontade: se as eleições se realizassem hoje, obrigariam António José Seguro a pegar na calculadora para definir o caminho até à posição de conforto no parlamento. Vamos a contas?

Excluamos o PSD da equação e limitemos a estratégia governamental aos partidos pequenos. Se assim for, o parceiro mais forte (em termos contabilísticos) seria a CDU, com a qual o PS chegaria aos 45,3% dos votos e garantiria a maioria dos lugares do hemiciclo. Seria um par provável de juntar? Pouco provável, quando se recordam as considerações do deputado Bernardino Soares (PCP), ainda na semana passada, ao retratar com pouca bonomia a "dança" calculista do PS à esquerda e à direita.

PS e BE? Se a margem de erro da sondagem (de cerca de 4,4%) fosse benéfica para os dois partidos, até podia ser que chegassem à margem necessária para a maioria absoluta. Juntos, conseguem, em rigor, 42,1% dos votos, um ponto abaixo do limite mínimo para a independência legislativa no parlamento.

Virando a agulha para a direita, juntar socialistas e centristas seria insistir, novamente, na dúvida sobre a capacidade de alcançar metade dos deputados e mais um na Assembleia da República - os dois partidos somam, neste momento, 42,4% dos votos. Estaria Seguro inclinado a reeditar a fórmula usada por Mário Soares em 1978, quando o socialista virou as costas à esquerda e chamou ao governo o CDS de Freitas do Amaral?

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