Ricardo Costa –
Expresso, opinião - ontem
Amanhã passam dois
anos sobre as eleições legislativas de 2011. Serão poucos a comemorar e serão,
seguramente, muitos a dizer o que correu mal, porque correu mal, a recordar os
principais erros, promessas falsas, erros de previsões, etc. Estarão certos nalgumas
coisas, embora o presente espírito de claque dificulte as análises sérias e
distanciadas.
Como é tempo de
fazer balanços, vou apontar aquele que foi o primeiro erro do Governo e que deu
origem a uma chuva de problemas: a orgânica do Executivo, com ministérios a
menos e mal desenhados. O erro nasceu muitos meses antes das eleições, quando o
PSD e o CDS resolveram ver quem conseguia desenhar o Governo mais
"enxuto". O PSD descobriu (?) que o Governo ideal teria 10
ministérios, o CDS concluiu (?) que deviam ser 12.
Parece que
estudaram o tema Europa fora, apoiados em paleio de consultores. Esqueceram-se
é que viviam no país europeu com maior oscilação de políticas públicas, com uma
administração pública sem estabilidade e a braços com um resgate financeiro.
Esqueceram-se ainda que a nossa política ia passar por uma articulação
permanente com Bruxelas e precisava de uma estratégia de comunicação e de uma
coordenação política muito sólida.
A diminuição do
Governo saiu cara. Desenhou ministérios monstruosos e baralhou toda a
administração pública. Fez perder capacidade de resposta e enredou os ministros
em pequenas guerras de poder que ainda hoje perduram. Fez desaparecer áreas
importantes como a Ciência e a Cultura e desqualificar sectores como os
Transportes ou, pasme-se, o Emprego. E fez o caos governamental projetar-se à
nossa frente.
É por isso que
confirmo agora aquilo que já dizia antes das eleições: quando ouvirem algum
candidato a dizer que vai mexer muito na orgânica do Executivo, desconfiem, ele
não faz a mínima ideia do que está a falar.
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