quarta-feira, 5 de junho de 2013

Portugal: O PRIMEIRO ERRO DO GOVERNO

 

Ricardo Costa – Expresso, opinião - ontem
 
Amanhã passam dois anos sobre as eleições legislativas de 2011. Serão poucos a comemorar e serão, seguramente, muitos a dizer o que correu mal, porque correu mal, a recordar os principais erros, promessas falsas, erros de previsões, etc. Estarão certos nalgumas coisas, embora o presente espírito de claque dificulte as análises sérias e distanciadas.
 
Como é tempo de fazer balanços, vou apontar aquele que foi o primeiro erro do Governo e que deu origem a uma chuva de problemas: a orgânica do Executivo, com ministérios a menos e mal desenhados. O erro nasceu muitos meses antes das eleições, quando o PSD e o CDS resolveram ver quem conseguia desenhar o Governo mais "enxuto". O PSD descobriu (?) que o Governo ideal teria 10 ministérios, o CDS concluiu (?) que deviam ser 12.
 
Parece que estudaram o tema Europa fora, apoiados em paleio de consultores. Esqueceram-se é que viviam no país europeu com maior oscilação de políticas públicas, com uma administração pública sem estabilidade e a braços com um resgate financeiro. Esqueceram-se ainda que a nossa política ia passar por uma articulação permanente com Bruxelas e precisava de uma estratégia de comunicação e de uma coordenação política muito sólida.
 
A diminuição do Governo saiu cara. Desenhou ministérios monstruosos e baralhou toda a administração pública. Fez perder capacidade de resposta e enredou os ministros em pequenas guerras de poder que ainda hoje perduram. Fez desaparecer áreas importantes como a Ciência e a Cultura e desqualificar sectores como os Transportes ou, pasme-se, o Emprego. E fez o caos governamental projetar-se à nossa frente.
 
É por isso que confirmo agora aquilo que já dizia antes das eleições: quando ouvirem algum candidato a dizer que vai mexer muito na orgânica do Executivo, desconfiem, ele não faz a mínima ideia do que está a falar.
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana