MB – GC - Lusa
Bissau, 02 jul
(Lusa) - O presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo acusou hoje
as duas principais forças políticas do país de estarem a bloquear a
constituição de um novo Governo inclusivo por estarem a reclamar as
"melhores pastas".
"Infelizmente
na luta política muitos colocam os partidos acima do interesse nacional. Porque
se não, já teríamos ultrapassado este impasse. Querer uma pasta que eu chamaria
de pasta gorda (importante), pressupõe que as pessoas têm outras intenções. Ir
servir não é buscar a melhores pastas", disse Nhamado.
O presidente
guineense viajou hoje para a Nigéria para "controlo médico de rotina"
às diabetes.
"A minha
viagem é no quadro de controlo de rotina que agora tenho que fazer durante os
próximos três meses. Já fiz o primeiro controlo médico na Alemanha, os
parâmetros estão normais mas aconselharam-me que continuasse com o controlo
para ter a certeza da estabilização. Mas com o stress as diabetes e o
colesterol sobem rapidamente. Estou muito cauteloso com isso", observou o
presidente guineense.
Quanto a formação
de um novo Governo de inclusão, Serifo Nhamadjo diz ser incompreensível que as
duas principais forças políticas do país, PAIGC (Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde) e PRS (Partido da Renovação Social)
queiram ficar com o grosso das pastas.
"Como sabem
houve um acordo entre PAIGC e PRS, é um acordo entre dois partidos que nós
aplaudimos, mas é um acordo que não vincula nem o Presidente nem o Governo. É
uma base para reflexão e busca de consensos alargados. Quando dois partidos
querem assumir 20 pastas, numa inclusão é extremamente exagerado no nosso entendimento",
destacou o chefe de Estado guineense.
Sem apontar nomes,
Serifo Nhamadjo afirmou estar na posse de informações que indicam que para já
apenas um partido está a insistir em ter mais pastas no futuro governo, dando a
entender tratar-se do PAIGC. No acordo assinado entre os dois principais
partidos, o PAIGC iria ficar com nove ministérios e o PRS seis.
"Há uma
proposta que foi remetida para o PAIGC para sete pastas e o PRS, se a memória
não me falha, para seis. É dentro dessas propostas que estão agora a negociar.
O primeiro-ministro disse-me que marcou a ultima reunião para amanha
(segunda-feira) e estou a aguardar. Como árbitro estou a espera que os partidos
mandem os nomes, que o primeiro-ministro me remeta a proposta, como mandam os
preceitos legais para eu promulgar", sublinhou Nhamadjo.
O presidente
guineense espera ver o impasse ultrapassado para quando chegar ao país, dentro
de três dias, anunciar o novo Governo.
"Quando se diz
diálogo muitos acham que é chantagem, não é isso. O diálogo é dizer francamente
aquilo que é possível, buscar o meio-termo. Eu estou disposto a contribuir para
o bom senso das pessoas para que o país possa ter um governo capaz de gerir os
nossos destinos nos próximos cinco meses", que restam da transição até as
eleições gerais, vincou Nhamdjo.
Sem comentários:
Enviar um comentário