A organização
moçambicana Centro Terra Viva (CTV) acusou hoje a polícia moçambicana de
intimidação e de impedir que mobilize a população de Palma, norte do país, para
defender os seus direitos, alegadamente ameaçados pelas multinacionais Anadarko
e ENI.
Em comunicado de
imprensa enviado à Lusa em Maputo, o CTV, que trabalha na defesa do ambiente,
diz que a presidente da organização, Alda Salomão, foi levada pela polícia para
uma esquadra em Palma, distrito de Cabo Delgado, acusada de desobediência e incitação
à violência.
O interrogatório
terá durado cerca de 25 minutos e Alda Salomão foi acusada de influenciar a
população a não cooperar com o Governo no objetivo de permitir a construção de
infraestruturas de apoio às pesquisas de gás desenvolvidas pelas multinacionais
americana Anadarko e italiana ENI na Bacia do Rovuma, refere a nota de
imprensa.
"O argumento
apresentado pela polícia, no interrogatório, que durou cerca de 25 minutos, foi
o de que o secretário permanente distrital, Abdul Chafim Cartela Piconês,
instruiu-a a interrogá-la e exigir que a acusada apresente uma credencial que
autoriza a sua instituição a operar naquele distrito", refere a nota de
imprensa do CTV.
Rejeitando estar a
atuar fora da lei, o CTV diz que o seu trabalho tem consistido em assessoria
jurídica às comunidades direta ou indiretamente afetadas pelo projeto de
exploração de hidrocarbonetos em Palma.
A norte-americana
Anadarko e a italiana ENI são os líderes de dois consórcios concorrentes que
prospetam gás natural naquela região. A portuguesa Galp Energia detém 10% no
consórcio da ENI, que inclui ainda empresas da China, da Coreia do Sul e de
Moçambique.
As populações
residentes nas zonas de operação das multinacionais envolvidas na pesquisa e
exploração de recursos naturais em Moçambique têm-se queixado de expropriações
de terras e destruição de ecossistemas vitais para a sua sobrevivência pelas
empresas, alegadamente com a conivência ou silêncio das autoridades
moçambicanas.
Notícias ao Minuto
- Lusa
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