Sector privado -
Governo e FMI deturpam reduções salariais para sustentar mais cortes
Para sustentar a
necessidade de se levarem a cabo mais cortes no sector privado do País, o Fundo
Monetário Internacional (FMI) publicou gráficos que retratam a evolução
salarial cujos dados não correspondem à realidade, denuncia a edição desta
quarta-feira do Jornal de Negócios. A instituição liderada por Christine
Lagarde justifica que os dados foram fornecidos pelo Governo, e, por sua vez, o
Executivo já veio reconhecer que as informações estão incompletas.
A amostra usada
pelo FMI para sustentar a importância de que se procedam a mais cortes no
sector privado do País está deturpada, avança a edição de hoje do Jornal de
Negócios.
A instituição
presidida por Christine Lagarde publicou um conjunto de gráficos cujo objectivo
era ilustrar a evolução salarial dos trabalhadores do privado, dando conta de
que 7% dos mesmos sofreram cortes nos vencimentos, e defendendo assim a
necessidade de uma maior flexibilidade laboral, ou seja, de mais ajustamentos a
este nível.
Ora, acontece que,
da base de dados utilizada para o efeito, foram omitidas milhares de
observações, as quais, caso tivessem sido consideradas, apontariam para uma
fatia de 20% de funcionários já atingidos por reduções nos respectivos
ordenados, e não de 7%.
O FMI argumenta que
recebeu os dados do Governo de Pedro Passos Coelho. E o Governo de Pedro Passos
Coelho já admitiu que os dados fornecidos não são completos.
As informações
forjadas constam do relatório do sétimo exame ao programa de ajustamento
português, datado de Junho, sendo que nesse mesmo documento pode ler-se: “Até
agora os aumentos salariais para os contratos existentes no sector privado
desaceleraram, mas permanecem positivos apesar do ambiente económico deprimido.
Sem mais flexibilidade salarial, tal pode implicar mais destruição de empregos
e menos rendimento”.
Entretanto, fonte
oficial do Ministério do Trabalho e da Segurança Social, adiantou, em
declarações ao Jornal de Negócios, que “no âmbito das reuniões entre técnicos
portugueses e técnicos do FMI são facultados microdados que não têm informação
completa”.
Por explicar fica,
no entanto, por que foram eliminadas milhares de observações do ficheiro Excel
que o Executivo enviou àquela instituição, que nele se baseou para desenhar os
referidos gráficos.
Notícias ao Minuto
*Titulo PG
Sem comentários:
Enviar um comentário