Verdade (mz), Nampula
Nos últimos dois
anos, a Reserva Nacional do Niassa foi alvo de abate de cerca de dois mil e
quinhentos elefantes, uma accão protagonizada por caçadores furtivos, na sua
maioria provenientes de países dos Grandes Lagos, nomeadamente Tanzânia,
Somália, Burundi, Nigéria, dentre outros.
Entretanto, dados
oficiais indicam uma redução assinalável de casos relacionados com o conflito
homem/fauna bravia nos últimos meses naquela que é a maior reserva a nível do
país, com uma área estimada em 42 quilómetros quadrados.
No ano passado, os
caçadores ilegais abateram 110 elefantes, um número relativamente baixo quando
comparado com os dos anos passados, segundo as autoridades da reserva. De
Janeiro a esta parte, foram abatidos vinte elefantes, contra 80 do mesmo
período de 2012, em que os animais mais abatidos foram rinocerontes, búfalos e
antílopes.
Apesar dessas
redução, Cornélio Miguel, administrador da Reserva Nacional do Niassa, disse que
se redobram esforços com vista a reduzir cada vez mais as acções dos
"furtivos" que indiscriminadamente dizimam elefantes e outros animais
bravios. Há estratégias de fiscalização que consistem no reforço da cobertura
do espaço aéreo e terrestre: “estamos a conjugar todo o tipo de técnicas para
estancar este fenómeno. Olhando para os actuais números de abates, de alguma
forma nos sentimos encorajados e continuaremos a apertar o cerco contra os
prevaricadores”.
Ainda no âmbito do
reforço das acções de fiscalização, a fonte disse que foram recrutados 23
fiscais que estão assegurar o aumento de raio de cobertura, contando-se
igualmente com a colaboração dos operadores das concessões dentro da reserva,
com as comunidades e com a Polícia de Guarda-Fronteira.
O @Verdade soube
que dos caçadores ilegais que protagonizam desmandos na Reserva do Niassa,
constam alguns cidadãos chineses, que entram em território moçambicano e
destroem o património faunístico, abatendo elefantes para extrair pontas de
marfim. Apurámos que há fiscais que, em troca de valores monetários e/ou outros
benefícios, facilitam a entrada desses cidadãos na reserva, sendo que nos
últimos dois anos pelo menos dez fiscais foram expulsos por alegado
envolvimento nesses actos.
“A medida é para
desencorajar aos outros fiscais a não pautarem por comportamentos adversos aos
nossos princípios”, realçou Cornélio Miguel, para quem em conexão com os casos
de abate ilegal de animais, foram apreendidas seis armas de fogo e as respectivas
munições, nos últimos meses do ano em curso.
O nosso
interlocutor ajuntou que a despeito da caça furtiva, a biodiversidade na
Reserva do Niassa está ameaçada, caso não sejam tomadas medidas urgentes para
estancar o fenómeno de abate indiscriminado de animais. O local é também
potencial em recursos florestais, daí que a atenção dos ilegais não é apenas
virada para a fauna.
No ano passado por
exemplo, foram capturadas nove motosserras na posse de indivíduos, na sua
maioria estrangeiros, que tentavam desenfreadamente explorar a madeira para
fins comerciais ao longo do distrito de Mecula.
Dados diponiveis
indicam que indicam que Moçambique perde anualmente cerca de 37 milhões de
dólares devido à caça furtiva. Aliado a esta situação, as coutadas perdem mais
de duas mil toneladas de carne por ano. Para a Reserva Nacional do Niassa, as
perdas directas para o Estado moçambicano, como resultado do abate ilegal de
elefantes, são de 2.627 elefantes durante os anos de 2009 e 2011, com um
prejuízo estimado em 23.06 milhões de dólares.
Na Reserva Nacional
do Niassa existe uma população de elefantes estimada em mais de 12.500, de
acordo com o censo de 2011, sendo que ainda este ano será realizado um trabalho
de actualização de dados referentes a contagem dos animais, dentre outros
aspectos inerentes ao funcionamento do lugar a que nos referimos.
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Verdade (mz)
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