Pacheco Pereira - Abrupto
O problema dos swaps
ajuda a revelar uma questão muito mais importante e decisiva para o nosso
futuro democrático: a da captura do estado pelo sistema de interesses
económico-financeiros. Este sistema ultrapassa as separações partidárias e
desloca-se de governo em governo, de partido em partido, desde que estes tenham
acesso ao poder. As PPPs e os contratos swap são uma manifestação dessa
captura.
E, claro, que
também é um problema de pessoas. Há um pequeno grupo de pessoas que circula dos
bancos e das consultoras financeiras, dos escritórios de advogados e dos think
tanks das universidades mais conservadoras, de instituições europeias
congéneres, para os governos, ocupando, em particular, os lugares chave das
secretarias de estado, das assessorias, das comissões ad hoc e grupos de
estudo, dos lugares de consultores nos ministérios. Algumas vezes assumem
funções não remuneradas e “patrióticas”, mas a remuneração que recebem
reflete-se em prestígio, currículo e na ascensão dentro desta elite, no próximo
lugar, esse sim bem remunerado. Garantem sempre os melhores contratos estatais
para as suas consultoras, escritórios, bancos, empresas, muitas vezes sem
qualquer concurso público, por ajuste directo ou convite privilegiado, são
quadros indispensáveis pelos seus “conhecimentos” e pela circulação nos meios
políticos.
Circulam também por
dezenas de Conselhos de Administração, Conselhos Fiscais, Comissões de
Remuneração, Comissões de Supervisão, nalguns casos concentrando literalmente
dezenas e dezenas de lugares numa só pessoa. Deve-se isso á sua particular
competência? Nalguns casos, sim. Mas, como se vê quando as suas carreiras ficam
menos protegidas e são mais escrutinadas, em muitos casos não se trata de
competência. Há apenas um traço comum do seu papel, esse sim sólido e
consistente, - são “confiáveis”.
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