segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Portugal: A DERROTA IRREVOGÁVEL DA COLIGAÇÃO GOVERNAMENTAL

 

Rita Tavares – Jornal i
 
O PSD perde a ANMP para o PS que reclama maior vitória de sempre. Passos assume leitura nacional. Portas foge ao contágio. PCP cresce e Bloco desaparece
 
O PSD afunda-se, o PS dispara, o PCP cresce, o Bloco desaparece e o CDS escapa. Os independentes afirmam-se. O resumo da noite eleitoral é este, com o PSD a ter um desaire colossal a que Passos Coelho chamou de "derrota eleitoral nacional". Seguro pediu consequências, mas por agora a questão pode não ir além de uma reflexão interna do PSD.
 
No final da noite, o líder social-democrata e primeiro-ministro assumiu "um resultado eleitoral claramente negativo para o PSD" e comparou-o aos resultados "nos finais dos anos 80 e meados dos anos 90, durante períodos de governação mais exigentes". O pedido de ajuda externa, e consequentes medidas de austeridade, acabam por servir de justificação ao líder do PSD que admitiu haver "sempre um preço a pagar pela forma como estamos na política" antecipando mesmo mais sacrifícios (ver página 4).
 
Na sede socialista, minutos depois, Seguro via nos resultados uma "penalização das políticas do governo", mas ficou por aí. No PSD, o ex-líder Marques Mendes falou mais alto e, nos comentários à noite eleitoral, na SIC, pediu a antecipação do congresso social-democrata do próximo ano para o final deste.
 
A reflexão interna é uma garantia num partido que viveu uma hecatombe eleitoral, "um dos seus piores resultados", admitiu o próprio líder. Além de perder o Porto, Sintra, Vila Nova de Gaia, no capítulo das mais populosas, ainda perdeu Vila Real e Portalegre, no que a capitais de distrito diz respeito. E mais um dado relevante: viu fugir sete concelhos num bastião de peso, a Madeira, incluindo o Funchal. Três foram para o PS, duas para grupos de independentes e uma para o CDS (ver página 10).
 
CDS foge
 
O parceiro de coligação, por seu lado, tentou passar entre os pingos da chuva deste desaire social-democrata. Paulo Portas reclamou vitória, curiosamente em três câmaras que roubou ao PSD, entre elas o Porto, com o independente que apoiou, Rui Moreira (ver página 5).
 
No discurso de encerramento, aliás, o líder do CDS puxou pela vitória de Rui Moreira, "o CDS está nessa vitória", e ainda reclamou peso na Associação Nacional de Municípios, justificando-se com as maiorias conseguidas no "penta" do CDS (como lhe chamou): "Significa que terão de contar connosco na ANMP."
 
No PCP, o reforço foi grande, com os comunistas a ganharem as duas capitais de distrito do Alentejo. Beja e Évora juntaram-se a Setúbal no mapa vermelho. E os comunistas ainda conquistaram Loures, Alcácer do Sal e Grândola (ver página4). Também à esquerda, no Bloco, o sentido foi o contrário: o partido desapareceu do mapa autárquico, perdendo Salvaterra de Magos, a única câmara que detinha.
 
Exs e dinos
 
Os independentes são o outro dado de relevo nestas autárquicas, com um crescimento em relação a 2009. Até à hora do fecho desta edição contavam-se dez (mais três do que nas últimas autárquicas) e em concelhos de peso: Porto, Matosinhos e Portalegre. Neste campo acabaram por penalizar tanto o PSD como o PS. É de recordar que estas eleições acabaram por ver avançar vários nomes fora do âmbito partidário, sobretudo por dissidências com as direcções na escolha dos candidatos.
 
Entre os candidatos atingidos pela limitação de mandatos (os dinossauros) que avançaram noutras câmaras, o PCP acabou por eleger todos os que voltou a levar a eleições. O PSD viu cair alguns dos mais pesados, caso de Luís Filipe Menezes, Fernando Seara e Fernando Costa.
 
Foto: José Fernandes
 
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