O Presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, adiou a ameaça de intervir militarmente na Síria,
decidindo dar uma oportunidade à diplomacia, mas considera prematuro dizer se o
plano da Rússia de controlo do arsenal químico sírio vai ser bem-sucedido.
No seu discurso à
nação, esta noite, Barack Obama anunciou ter pedido ao Congresso para adiar a
votação sobre um projeto de resolução autorizando os Estados Unidos a intervir
militarmente na Síria, enquanto analisa a proposta da Rússia, estendendo a mão a
uma solução diplomática.
Obama afirmou que
se irá manter pessoalmente em contacto com o Presidente russo, Vladimir Putin,
e que o seu secretário de Estado, John Kerry, vai rumar a Genebra para
conversações com o seu homólogo russo na quinta-feira.
"É muito cedo
para dizer se esta oferta vai ser bem-sucedida e qualquer acordo tem de
verificar se o regime de [Bashar al-] Assad mantém os seus compromissos",
advertiu Obama.
Contudo,
reconheceu, "esta iniciativa tem potencial para eliminar a ameaça das
armas químicas sem recurso ao uso da força, particularmente porque a Rússia é
um dos aliados mais fortes de Assad".
Na terça-feira, o
ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Walid al-Muallem, disse, em Moscovo,
que Damasco aceitou a proposta da Rússia para colocar o seu arsenal de armas
químicas sob controlo internacional.
Apesar de ter
decidido dar uma oportunidade à diplomacia, o líder norte-americano não deixou
de condenar os ataques e de reiterar a necessidade de agir, defendendo que não
se podem ignorar as mortes de inocentes alegadamente às mãos das forças do
regime.
Neste sentido,
Barack Obama alertou os norte-americanos, "cansados" de sangrentos
conflitos no exterior, que, por razões de segurança nacional e de decência
moral, não podem simplesmente desviar o olhar das crianças inocentes gaseadas
até à morte em ataques que atribui ao regime de Bashar al-Assad.
"As imagens
deste massacre são chocantes: 'Homens, mulheres, crianças deitadas em filas,
mortas por gás tóxico", disse o Presidente norte-americano no seu discurso
de aproximadamente 15 minutos, transmitido em direto pela televisão, invocando
outras imagens do terror e apontando que simplesmente não é uma opção para os
Estados Unidos não responder ao ataque químico de 21 de agosto, no qual
morreram, segundo Washington, 1.400 pessoas.
"Quando
ditadores cometem atrocidades, eles dependem do mundo para olhar noutra direção
até que estas imagens horríveis se esvaiam da memória", enfatizou,
apontando que "os factos não podem ser negados" e que a questão agora
é saber o que é que os Estados Unidos e a comunidade internacional estão
preparados para fazer em relação a isso.
Isto "porque o
que aconteceu àquelas pessoas, àquelas crianças, não é apenas uma violação da
lei internacional, mas também uma ameaça à nossa segurança", frisou.
Obama afirmou
compreender que depois das guerras no Afeganistão e no Irão os americanos estão
cansados de conflitos no exterior, garantindo estar mais interessado em acabar
com as guerras do que em começar novas.
Apesar do 'recuo',
Barack Obama anunciou que os seus contratorpedeiros, preparados para lançar
mísseis de cruzeiro, vão manter-se no Mediterrâneo oriental, ao largo da costa
síria, 'prontos' para um eventual ataque, exercendo 'pressão' sobre o regime
sírio enquanto o jogo da diplomacia evolui, deixando a garantia de que não será
usada a força militar até que os inspetores das Nações Unidas submetam o
relatório sobre o ataque do passado dia 21 de agosto.
Esta advertência
poderá também ser um sinal para a Rússia de que não irá aceitar manobras
dilatórias ou uma interminável diplomacia, que será, segundo os mais críticos,
o inevitável resultado da iniciativa russa.
Lusa
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