Macau, China, 21
out (Lusa) - Um dia depois de atuarem na Fortaleza do Monte no âmbito do
Festival Internacional de Música de Macau, os músicos José Salgueiro e João Gil
querem voltar a atuar na cidade e procuram projetos de junção musical das
culturas portuguesa e chinesa.
Em entrevista à
agência Lusa, João Gil garante não ter esquecido a primeira vez que pisou um
palco em Macau, no ano de 1986, quando esteve no território integrado no grupo
Trovante para as comemorações locais do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões
e das Comunidades Portuguesas.
Vinte anos mais
tarde voltou à cidade para, com a Ala dos Namorados e depois de "nove dias
de ensaios à séria", tocar com a Orquestra Chinesa de Macau.
"Foi muito
interessante e fizemos um trabalho maravilhoso", disse o músico que agora
liderou o Quinteto Lisboa no espetáculo na Fortaleza do Monte.
João Gil considera
o Quinteto Lisboa um projeto "único e gratificante" porque "é
quase como uma soma das várias experiências tanto da parte do Zé Peixoto e do
Fernando Júdice nos Madredeus" como da sua parte tanto nos Trovante como
na Ala dos Namorados e que permite "sintetizar" todas essas
experiências num só conjunto.
Desejoso por voltar
a atuar em Macau com a Orquestra Chinesa, João Gil gostaria de regressar com o
seu novo projeto: "Missa Brevis".
"Agora vejam
vocês o que pode acontecer: um encontro de culturas, um encontro de
civilizações com o latim em fundo, como se voltássemos a pôr um marco, desta
vez não de granito, não de pedra a dizer que chegámos e isto é nosso, mas sim
isto (Macau) é um ponto de encontro de tolerância e de comunicação entre os povos",
concluiu.
Também José
Salgueiro, cujo projeto "Aduf" encerrou a noite de domingo na
Fortaleza do Monte e chegou a partilhar o palco com o Quinteto Lisboa, quer
manter na cidade os adufes gigantes construídos propositadamente para o
Festival de Música de Macau.
"Eu gostaria
muito que este projeto ficasse em Macau. Pelo menos vai ficar por cá
estacionado à espera de o poder fazer ou na periferia ou voltar a fazer em
Macau", explicou à Lusa o percussionista que pretende "encontrar uma
plataforma de trabalho com percussionistas chineses e assim fundir a cultura
portuguesa com a cultura chinesa no campo de percussão".
Salientando que a
música é uma "linguagem universal", José Salgueiro não esconde a
paixão pela Ásia e a inspiração japonesa e chinesa para o projeto Aduf.
"Este
espetáculo é muito inspirado na Ásia, (...) foi feito inspirado não só na forma
de tocar do Japão como nos tambores e nos timbres que se usam muito na China e
nos instrumentos chineses e eu acho que é perfeitamente possível encontrar aqui
uma forma de juntar as duas culturas", concluiu.
JCS // MLL - Lusa
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