quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Portugal: Assunção Esteves vai a Angola, Bloco de Esquerda recusa integrar comitiva

 


A presidente da Assembleia da República desloca-se a Angola na próxima semana para uma reunião da CPLP e um encontro bilateral entre os parlamentos dos dois países, foi hoje anunciado na conferência de líderes.
 
A visita de Assunção Esteves a Angola decorrerá na próxima segunda, terça e quarta-feira, e tem como objetivo a participação numa reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), decorrendo em simultâneo um encontro bilateral entre representantes dos parlamentos dos dois países.
 
A presidente da Assembleia da República convidou, como habitualmente, os grupos parlamentares a estarem representados na comitiva, tendo o Bloco de Esquerda recusado acompanhar Assunção Esteves.
 
"A democracia não é plena em Angola. Há direitos fundamentais que não são respeitados, a liberdade de imprensa não é plenamente respeitada, a liberdade de manifestação não é plenamente representada", justificou à Lusa o líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares.
 
Para Pedro Filipe Soares, há uma "tentativa de transformação de uma reunião da CPLP num encontro bilateral".
 
O líder parlamentar bloquista sublinhou ainda que "a motivação" da visita da presidente da Assembleia da República é participar de um encontro da CPLP, um organismo no qual o BE nunca esteve representado, sendo a representação parlamentar portuguesa tradicionalmente dividida entre PSD e PS.
 
O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou no dia 15 de outubro, em Luanda, o fim da parceria estratégica com Portugal, durante o discurso sobre o estado da Nação, na Assembleia Nacional de Angola, apontando "incompreensões ao nível da cúpula e o clima político atual".
 
Alguns dias antes, em entrevista à Rádio Nacional de Angola, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete, tinha pedido desculpa a Luanda pelas investigações do Ministério Público português, declarações que provocaram polémica em Lisboa.
 
Desde então, têm havido uma série de afirmações de responsáveis dos dois países sobre esta questão. A parte portuguesa tem procurado relativizar o problema mas, na semana passada, o chefe da diplomacia angolana, Georges Chikoti, disse, em entrevista à Televisão Pública de Angola, que Luanda deixou de considerar prioritária a cooperação com Portugal, elegendo África do Sul, China e Brasil como alternativas.
 
Sobre a realização da primeira cimeira bilateral, inicialmente prevista para o final deste ano e adiada para fevereiro de 2014, o ministro angolano disse não ter "muita certeza" sobre a efetiva realização.
 
Em resposta, o ministro da Presidência, Luís Marques Guedes, declarou que o Governo português dá prioridade à resolução de "todas as perturbações que possam existir" na relação entre Portugal e Angola, que pretende manter e aprofundar.
 
ACL // SMA - Lusa
 

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