terça-feira, 22 de outubro de 2013

Portugal: TOMADA DE POSSE NO FUNCHAL CELEBRADA COM “GRÂNDOLA”

 


Houve aplausos, cantou-se a 'Grândola', a tomada de posse do novo presidente da Câmara do Funchal foi emotiva

Marta Caires, correspondente na Madeira – Expresso

"Este é o primeiro dia de um tempo novo" e a frase, a primeira do discurso de Paulo Cafôfo, arrancou aplausos entre as muitas pessoas que assistiam à tomada de posse do novo presidente no salão nobre da Câmara Municipal do Funchal.
 
A mesma assistência reservou uns assobios e apupos para Bruno Pereira, o candidato derrotado e agora vereador do PSD. No fim, feitos os discursos, ouviu-se cantar a 'Grândola", que não foi em protesto, mas de celebração.
 
Interrompido várias vezes pelos aplausos, Paulo Cafôfo declarou-se como o presidente de todos os funchalenses, cumprimentou os autarcas cessantes e, para não haver dúvidas, disse que a Câmara do Funchal será independente do Governo Regional.
 
A causa é a da cidade e o novo autarca está disponível para encontrar consensos. Sem uma maioria de vereadores, o presidente ofereceu pelouros aos vereadores do PCP e do CDS, ambos recusaram. Cafôfo não fechou as portas e reafirmou hoje, no discurso de tomada de posse, abertura às propostas da oposição.
 
O discurso também prometeu uma cidade cosmopolita, uma agenda cultural intensa, rigor nas contas, um executivo municipal virado para as pessoas, solidário e humano, mas a verdade é que, hoje, no salão nobre da Câmara do Funchal contou mais o ambiente, a emoção do que as promessas e propostas de Paulo Cafôfo. O momento histórico de ver a principal câmara da Madeira mudar de mãos e de cor política pela primeira vez em 39 anos de democracia dominou a tomada de posse.
 
António José Seguro, líder nacional do PS, e João Semedo, coordenador do Bloco de Esquerda, estiveram presentes na cerimónia. O momento assim o exigia, disseram depois. E, ao contrário do que aconteceu nas tomadas de posse de São Vicente e Porto Santo (outras das câmaras da Madeira que mudaram de cor), o Governo Regional fez-se representar pelo vice-presidente, assim como a Assembleia Legislativa que enviou Miguel Sousa. Presente esteve também Miguel Albuquerque, o presidente cessante.
 
Todos, ilustres e povo anónimo, encheram o salão nobre. No fim, já depois do discurso, ouviu-se cantar 'Grândola', que desta vez não foi em protesto, foi em celebração. O primeiro dia de um novo tempo é, segundo Paulo Cafôfo, o fim do medo. "Esse medo, essa prisão, que existe na nossa sociedade e que limita a liberdade".

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