Um relatório do
Tesouro dos EUA acusa a Alemanha de, com a sua política de expansão comercial,
prejudicar a zona euro e a economia mundial. O documento sublinha que o “fardo
do reajustamento” está a recair de forma “desproporcionada” nos países da
periferia europeia, “agravando o elevado desemprego, particularmente entre os
jovens desses países”.
O Tesouro dos EUA
publicou, a 30 de outubro de 2013, o seu relatório semestral sobre a política
económica internacional. (o documento pode ser acedido aqui, em pdf e em inglês).
Nesse relatório, os
EUA criticam duramente a política económica da Alemanha e da União Europeia. O
documento critica a Alemanha por manter um “crescimento anémico da procura
interna” e por ter uma política económica “dependente das exportações”. As
críticas não são novas, mas nunca tinham sido formuladas de forma tão forte.
“O ritmo anémico do
crescimento da procura interna alemã e a dependência das exportações têm
impedido o reequilíbrio numa altura em que muitos outros países da zona euro
têm estado sob severa pressão para limitar a procura e comprimir as importações
para promover o ajustamento”, refere o documento.
E sublinha: “O
resultado tem sido um processo deflacionário para a zona euro, bem como para a
economia mundial. Um crescimento da procura interna mais forte nas economias europeias
com excedentes, particularmente na Alemanha, ajudaria a facilitar um
reequilíbrio duradouro na zona euro”.
Salientando que “a
Alemanha tem mantido um grande excedente da conta corrente durante toda a crise
financeira e, em 2012, foi inclusive maior do que o da China”, o relatório
aponta que “para facilitar o processo de ajustamento na zona euro, países com
grandes e persistentes excedentes devem tomar medidas para acelerar o
crescimento da procura interna e diminuir esses excedentes”.
Os EUA referem
também que persistem “riscos de retrocessos políticos” na abordagem das
“vulnerabilidades” das economias periféricas e “a estrutura institucional da
zona euro e da UE”. E apontam que, “a médio prazo”, “os atrasos na integração
financeira, económica e fiscal” poderão consolidar “as grandes disparidades
económicas que se desenvolveram em toda a área do euro, deixando a região
vulnerável a novos choques”.
A Alemanha já
respondeu à crítica norte-americana. O ministério da Economia alemão, em
comunicado, diz que as críticas “incompreensíveis”, justifica-se com o FMI que
“não vê distorções na nossa política económica com base nos excedentes
comerciais" e afirma que o “excedente da conta corrente é uma expressão da
forte competitividade da economia alemã e da procura internacional por produtos
de alta qualidade da Alemanha”.
Um deputado da CDU
alemã e próximo de Angela Merkel, Michael Meister, disse ao “Wall Street
Journal”: "O Governo dos EUA devia analisar de forma crítica a sua
situação económica", considerando que a elevada dívida norte-americana
"tem efeitos negativos na economia global".
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