sexta-feira, 1 de novembro de 2013

FÁBRICAS DE ARMAS QUÍMICAS NA SÍRIA FORAM DESTRUÍDAS

 

João Ruela Ribeiro - Público
 
No limite do prazo definido no início da missão, a Organização para a Proibição de Armas Químicas revela ter conseguido destruir os equipamentos declarados pelo regime de Assad. Dois locais não foram inspeccionados por razões de segurança.
 
A Síria destruiu as unidades onde eram produzidas armas químicas, “tornando-as inoperáveis”, anunciou nesta quinta-feira a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ). Desta forma, a missão dá por concluída a primeira fase da operação, no último dia do prazo previsto, ainda que dois dos 23 locais identificados pelo regime sírio não tenham sido inspeccionados por razões de segurança.
 
“A missão conjunta [entre a OPAQ e as Nações Unidas] está satisfeita por ter verificado – e visto ser destruídas – todos os equipamentos de produção e mistura declarados críticos da Síria”, revelou a organização através de um comunicado.
 
A OPAQ refere que, “dado o progresso feito pela missão conjunta, ao atingir os objectivos da primeira fase de actividades, não estão planeadas mais inspecções”. Até 15 de Novembro a OPAQ deverá aprovar um plano para a destruição das armas químicas armazenadas pela Síria.
 
Os 27 inspectores da organização, premiada neste ano com o Nobel da Paz, visitaram 21 dos 23 locais identificados por Damasco que produziam armamento químico e confirmaram a destruição de 39 dos 41 equipamentos nesses locais. “Os restantes dois locais não foram visitados devido a preocupações relativas à segurança”, justifica a OPAQ, adiantando que as unidades se situam na província de Alepo, no Norte, e na região de Damasco.
 
“Mas a Síria definiu esses locais como abandonados e assegurou que os elementos do programa de armas químicas que eles continham foram movidos para outros locais, que foram inspeccionados”, garantem os peritos.
 
A lista entregue por Damasco em Setembro incluiu 23 unidades de produção e armazenamento de armas químicas, tendo sido declarada credível ainda que os serviços secretos ocidentais apontem para a existência de meia centena de locais associados ao programa. O Presidente sírio, Bashar al-Assad, declarou possuir mil toneladas de armas químicas - sobretudo gás mostarda e sarin -, mas alguns desertores afirmam que a quantidade real se aproxima das 2500 toneladas.
 
O Governo de Assad aceitou a presença da missão da OPAQ no seu território na sequência de um acordo mediado pelos EUA e pela Rússia. Depois do ataque que matou centenas de pessoas nos arredores de Damasco, a 21 de Agosto, em que foi confirmada a utilização de gás sarin, Washington ponderou intervir na guerra civil síria. O recuo norte-americano foi feito após negociações com a Rússia que conseguiu que Assad permitisse a inspecção e destruição do armamento químico.
 
A resolução 2118 do Conselho de Segurança da ONU prevê que as armas sejam destruídas até Junho de 2014, naquela que é considerada uma das mais arriscadas missões de desarmamento da história. Nunca a OPAQ teve de operar num cenário de guerra.
 

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