João Ruela Ribeiro - Público
No limite do prazo
definido no início da missão, a Organização para a Proibição de Armas Químicas
revela ter conseguido destruir os equipamentos declarados pelo regime de Assad.
Dois locais não foram inspeccionados por razões de segurança.
A Síria destruiu as
unidades onde eram produzidas armas químicas, “tornando-as inoperáveis”,
anunciou nesta quinta-feira a Organização para a Proibição de Armas Químicas
(OPAQ). Desta forma, a missão dá por concluída a primeira fase da operação, no
último dia do prazo previsto, ainda que dois dos 23 locais identificados pelo
regime sírio não tenham sido inspeccionados por razões de segurança.
“A missão
conjunta [entre a OPAQ e as Nações Unidas] está satisfeita por ter
verificado – e visto ser destruídas – todos os equipamentos de produção e
mistura declarados críticos da Síria”, revelou a organização através de um
comunicado.
A OPAQ refere que,
“dado o progresso feito pela missão conjunta, ao atingir os
objectivos da primeira fase de actividades, não estão planeadas mais
inspecções”. Até 15 de Novembro a OPAQ deverá aprovar um plano para a
destruição das armas
químicas armazenadas pela Síria.
Os 27 inspectores
da organização, premiada neste ano com o Nobel da Paz, visitaram 21 dos 23
locais identificados por Damasco que produziam armamento químico e confirmaram
a destruição de 39 dos 41 equipamentos nesses locais. “Os restantes dois locais
não foram visitados devido a preocupações relativas à segurança”, justifica a
OPAQ, adiantando que as unidades se situam na província de Alepo, no Norte, e
na região de Damasco.
“Mas a Síria
definiu esses locais como abandonados e assegurou que os elementos do programa
de armas químicas que eles continham foram movidos para outros locais, que
foram inspeccionados”, garantem os peritos.
A lista entregue
por Damasco em Setembro incluiu 23 unidades de produção e armazenamento de
armas químicas, tendo sido declarada credível ainda que os serviços secretos
ocidentais apontem para a existência de meia centena de locais associados ao
programa. O Presidente sírio, Bashar al-Assad, declarou possuir mil toneladas
de armas químicas - sobretudo gás mostarda e sarin -, mas alguns desertores
afirmam que a quantidade real se aproxima das 2500 toneladas.
O Governo de Assad
aceitou a presença da missão da OPAQ no seu território na sequência de um
acordo mediado pelos EUA e pela Rússia. Depois do ataque que matou centenas
de pessoas nos arredores de Damasco, a 21 de Agosto, em que foi confirmada a utilização
de gás sarin, Washington ponderou intervir na guerra civil síria. O recuo
norte-americano foi feito após negociações com a Rússia que conseguiu que Assad
permitisse a inspecção e destruição do armamento químico.
A resolução 2118 do
Conselho de Segurança da ONU prevê que as armas sejam destruídas até Junho de
2014, naquela que é considerada uma das mais arriscadas missões de desarmamento
da história. Nunca a OPAQ teve de operar num cenário de guerra.
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